Jornal Estado de Minas

Despachante promete revelar fraude no emplacamento de carros


Um despachante envolvido no desvio de lacres de segurança para placas de veículos no Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG) – esquema denunciado nessa sexta-feira com exclusividade pelo Estado de Minas – pretende revelar ao Ministério Público como funcionava a fraude. Ele trabalha para uma concessionária de motos e consegue os dispositivos no Detran-MG, mas foi descoberto quando pegou um lacre de carro para um amigo. O despachante, que vai responder a inquérito criminal, será ouvido na segunda-feira por um juiz e um promotor no Fórum Lafayette. “Ele vai revelar que o esquema é ilícito e que o Detran não pode fornecer lacre para ninguém, mas que não há nenhum controle”, disse um amigo do despachante que trabalha no Detran.



O colega informou não concordar com a atitude do despachante. “Ele passou por cima da administração pública e das autoridades, mas quer mostrar que isso aqui é uma cachorrada e que todo mundo pega lacre”, disse o amigo, explicando que o despachante pegava até 20 lacres para motos de uma vez.

Nessa sexta-feira, o Detran da Gameleira viveu uma manhã atípica, segundo o servidor público. “A fila para serviços de selagem de placas aumentou depois da denúncia. Muita gente, com medo, resolveu fazer os serviços pelos meios legais”, observou.

O lacre de segurança mantém a placa traseira do veículo presa à estrutura. A taxa de selagem custa R$ 37,08, mas, se o veículo tiver modificações fora das especificações de fábrica ou se for uma clonagem, a selagem pode, no caso ilegal, custar R$ 1 mil ou mais, fora do Detran. O chefe-adjunto do Detran, delegado Elcides Guimarães, confirmou que houve afastamento de policiais civis envolvidos no esquema e que foi aberta sindicância para investigar o esquema, mas que não pode revelar detalhes do caso, para não atrapalhar as apurações.

Também nessa sexta, a assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que a delegada Rafaela Gigliotti foi designada para falar sobre o caso. Ela é do Departamento Jurídico e coordena a administração de trânsito no Detran. Porém, segundo a assessoria, a delegada não havia sido localizada.





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