Jornal Estado de Minas

Mudança de hábito na hora das compras é aprovada pelos consumidores

Valquiria Lopes

A proposta de ampliação da lei também foi bem aceita entre os clientes de lojas e supermercados

A presidente do Movimento das Donas de Casa e Consumidores de Minas Gerais (MDCMG), Lúcia Pacífico, destaca a importância da adesão à campanha e adverte: “A recomendação é para que as pessoas não comprem sacolas biodegradáveis, mas mudem seus hábitos e levem sacolas retornáveis, caixas de papelão ou carrinhos para as compras.”

Moradora da Região Central de Nova Lima, a pedagoga Ludmila Zanini, de 40 anos, absorveu com facilidade a proibição da sacola plástica da capital, onde trabalha em uma universidade“Sempre tive preferência por usar caixas de papel e sacolas retornáveisO meio ambiente agradece pela implantação da mudança”, conta Ludmila enquanto fazia compras na companhia do filho, Pedro Zanini, no Super Nosso do Vale do Sereno

Mas, na hora de comprovar a consciência ambiental, ainda há gente com dificuldade para adotar o novo hábitoA pensionista Avelina Mendes Goodsilver, de 60, só se lembrou da sacola retornável quando levava as compras para o caixa da loja do Verdemar, em Nova Lima“Trouxe as sacolas, mas as deixei no carro”, explicou Avelina, que precisou comprar seis sacolas biodegradáveis para levar os produtos

O casal Irlene Pinto, de 70, dona de casa, e o advogado Antônio Geraldo Pinto, de 73, também não se furtou do esquecimento“Temos seis sacolas retornáveis em casa e até trouxemos algumas, mas esquecemos de tirá-las do carro”, contou o advogadoPara eles, a proibição da sacolinha no supermercado de Nova Lima não incomoda“Achamos que a regra tem de ser nacional, inclusive com proibição para outros tipos de plástico que causam danos ao meio ambiente”, afirmou Irlene.

 


Desde 18 de abril, está abolido em BH o uso de sacos e sacolas plásticas produzidas à base de petróleo

A Lei Municipal nº 9.529/2008 determina a substituição dos materiais por sacola ecológica em todos os estabelecimentos privados e em entidades e órgãos públicos da capital

O QUE PODE

– Sacola biodegradável compostável: feita de amidos (milho, mandioca ou batata) ou do bagaço de cana- de-açúcarNão poluente e sem resquícios de toxidade, a sacola tem decomposição natural em 180 diasDeve ter selo informando que o produto atende as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

– Sacolas retornáveis: feitas de tecidos, lonas, TNT, sisal ou plásticos com espessura mínima de 0,3mmSão resistentes e duráveis
– Sacos plásticos transparentes: usados para embalar frutas e verduras nos sacolões e carne nos açougues, não são citados na lei, porque não têm finalidade de transporte

– Saco de lixo biodegradável: produzido com amidos ou bagaço de cana, tem prazo de decomposição de até 180 dias e substitui os sacos de lixo convencionais à base de petróleo

O QUE PODE ATÉ AGOSTO

– Sacola biodegradável compostável sem selo: Não tem a identificação de atendimento às normas da ABNT, porque foram confeccionadas antes da publicação do Decreto 14.367

– Reciclada: Sacola de plástico descartável feita com sobras de produção e de plástico reciclado oriundo de catação
Geralmente é colorida (verde, amarela, vermelha ou preta), tem impurezas e resíduos tóxicos prejudiciais para o meio ambienteO tempo de decomposição é de 200 a 300 anos

O QUE NÃO PODE

– Sacola de plástico convencional: produzida à base de petróleo, é descartável e tem tempo de decomposição de até 400 anos

– Oxibiodegradável: Sacola plástica feita de polímero de petróleo que contém o aditivo D2W, que acelera a decomposiçãoO aditivo faz a sacola se separar em partes menores, mas o processo não ocorre de forma natural, ou seja, ela é quimicamente degradada

PENALIDADES

– Notificação;

– Multa de R$ 1 mil e, em caso de reincidência, R$ 2 mil;

– Interdição parcial ou total da atividade;

– Cassação do Alvará de Localização e de Funcionamento;

– Denúncias podem ser feitas pelo telefone 156

NÚMEROS EM BH

– 450 mil sacolas plásticas eram consumidas diariamente em BH;

– 167 milhões era o consumo de sacolas plásticas por ano;

– 80% é o percentual de redução do uso de sacolas plásticas desde a proibição; os 20% que estão sendo usados são biodegradáveis;

– 90% é a expectativa da PBH de redução do uso de sacolas plásticas biodegradáveis em seis meses;

– R$ 0,19 é o custo da sacola compostável

Fontes: Secretarias municipais de Meio Ambiente e de Serviços Urbanos e Associação Mineira de Supermercados (Amis)