(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Metade da frota de veículos de Minas é ultrapassada

Denatran revela que estado tem 3,4 milhões de veículos com mais de 10 anos e, sem garantia, proprietários abrem mão da manutenção, o que amplia o número de acidentes nas estradas


postado em 04/05/2011 06:00 / atualizado em 04/05/2011 06:22

Escort que capotou nessa terça-feira, no Bairro Califórnia, no Anel Rodoviário, deixando dois feridos, é modelo 1992(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Escort que capotou nessa terça-feira, no Bairro Califórnia, no Anel Rodoviário, deixando dois feridos, é modelo 1992 (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)


Metade da frota em circulação em Minas foi fabricada há mais de uma década. Levantamento feito pelo Estado de Minas no Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) mostra que 3,45 milhões dos veículos foram fabricados antes de 2001, colocando Minas na quinta posição do ranking de carros velhos em uso, atrás apenas de Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná, que, proporcionalmente, têm frota mais antiga que a mineira. O dado é um dos fatores que contribuem para a repetição de acidentes envolvendo carros antigos no estado, que detém a maior rodoviária do país, com trechos sinuosos e em ladeiras. Em Minas, circulam 7,15 milhões de veículos, somando carros, ônibus, caminhões e motos, mas 48,36% deles têm mais de 10 anos (veja arte).

Especialistas em mecânica automotiva esclarecem que não há uma relação direta entre veículos velhos e acidentes. O problema está na disposição dos proprietários de internar periodicamente os veículos em oficinas para que sejam submetidos a um check-up. “Os carros mais antigos já saíram do período de garantia, em que a manutenção é feita em concessionárias. Vencido este prazo, muitos passam a não obedecer aos padrões de manutenção”, afirma o professor de engenharia mecânica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Fabrício José Pujatti, especialista em projetos automotivos.

Ele afirma que, sem o incentivo da garantia, na maioria dos casos, o proprietário abre mão da qualidade do serviço e das peças. “Uma pastilha de freio original foi qualificada para a reposição, para garantir as mesmas condições da peça encontrada nos veículos novos. Muitas vezes, o motorista não obtém o mesmo resultado com peças paralelas”, exemplifica. Sem a devida atenção, sistemas de freios, amortecedores, direção e pneus contribuem decisivamente para um acidente.

“Um carro com 15 anos de uso que sempre recebe a manutenção preventiva está em ótimo estado para trafegar”, atesta o professor de engenharia mecânica da UFMG Juan Carlos Horta Gutierrez, especialista em segurança de veículos automotores. Segundo ele, cada fabricante estabelece determinados intervalos de quilômetros percorridos para a manutenção, o que acaba esquecido por muitos motoristas, até mesmo por questões econômicas.

Apesar de a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) divulgar o recorde histórico de veículos vendidos no primeiro quadrimestre deste ano, com 1,1 milhão de unidades comercializadas no país de janeiro a abril, o segmento com mais de 10 anos é o mais representativo da frota nacional, de acordo com classificação do Denatran.

As regiões mais ricas do país – Sul e Sudeste – são as que concentram a maior parcela de veículos com mais de 10 anos de fabricação, com metade da frota superando essa idade, enquanto o Norte e Nordeste, proporcionalmente, têm carros mais novos. Somados os dados dos sete estados da Região Norte, a média mostra que menos de três em cada 10 (29,19%) foram fabricados antes de 2001.

Caminhões nas ladeiras


Para Juan Gutierrez, as estradas mineiras, sinuosas e com muitas ladeiras, representam um risco a mais para os caminhões. “Nessas condições, o motorista controla a velocidade pisando no freio, que se aquece e, se não estiver em bom estado, perde muito do coeficiente de atrito entre as lonas e tambor”, explica. Ele desmente a recorrente justificativa de caminhoneiros que se envolvem em acidentes. “Dificilmente isso ocorre”, garante.

Fabrício Pujatti avalia que os pneus, freios e amortecedores são essenciais para a segurança. Além disso, o especialista em projetos automotivos avalia a segurança nos modelos mais novos. “O carro está mais seguro. Itens muitos caros há 10 anos, estão mais acessíveis hoje. Um carro de R$ 40 mil tem ABS e airbag”, diz.

Para o especialista em segurança automotiva, é consenso entre estudiosos que uma grande percentagem dos acidentes se relaciona à falta de manutenção e a solução passa por uma legislação ativa. “Está prevista desde 1997 pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB) a obrigatoriedade das inspeções técnicas, mas, infelizmente, até hoje isso não está implementando em quase nenhum lugar”, lamenta Gutierrez.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)