Jornal Estado de Minas

Estação resgata história

Museu retrata história ferroviária em Sarzedo

 

No Dia do Ferroviário, celebrado neste sábado, Sarzedo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, põe a arte nos trilhos, valoriza o patrimônio e preserva a memória. Com festa e muita música, será inaugurada, às 9h, a Estação Sarzedo – Plataforma de Cultura, que transformou um conjunto arquitetônico, no Centro da cidade, em museu que conta a história dos trens na região e sua estreita relação com a atividade minerária, transporte de cargas e de passageiros, meio ambiente e outros aspectos.



Segundo o secretário municipal de Planejamento, Jarbas Vieira Silva, a construção da Estação Sarzedo, agora sob administração da prefeitura, demandou três anos de obras: “É o único bem cultural do município de 26 mil habitantes e temos certeza de que será um espaço fundamental para democratizar o acesso à cultura e aos bens patrimoniais, criar um ambiente de informação e formação de público e fomentar o turismo”, diz. O novo complexo cultural é fruto da parceria entre prefeitura local e Vale, empresa que investiu R$ 3 milhões na recuperação das instalações, via lei federal Rouanet.

O museu, que ficará sob gestão do maestro de bandas e orquestra Joanir de Oliveira, ocupa a área da estação ferroviária, datada de 1909, que cresceu e se desenvolveu ao longo da linha do trem. Os silos remanescentes deram lugar ao “eixo” ou espaço que trata da mineração e da história mineral da região, onde o visitante poderá conhecer como a atividade é conduzida no país as etapas do processo mineral e outros. “Será possível acompanhar o funcionamento de uma mina por meio de uma grande maquete, construída especialmente para o espaço e pronta para mostrar, de forma didática, o caminho do minério desde a lavra até a saída do porto”, afirma Joanir, formado em música pela Universidade Federal de Minas Gerais, com especialização em regência e pós-graduando em gestão cultural.

O “eixo” conta com acervo de peças e documentos e uma sala de projeção, onde será apresentada instalação permanente do videoartista mineiro Éder Santos, que usou a estrutura local para dar vida ao dia a dia de uma mina. A antiga parede, da construção original do silo, foi transformada em tela “na qual pode ser visto e ouvido o trabalho dos caminhões e das escavadeiras, criando efeitos visuais e sonoros inusitados”, destaca Joanir Oliveira. O conjunto arquitetônico da estação de Sarzedo é formado pelo prédio da estação ferroviária, duas plataformas de embarque – uma de carga e outra de passageiros -, uma caixa d’água e um silo construído para armazenar e auxiliar o embarque do minério de ferro.



Restauro

Iniciada em 2007, com um ano de paralisação, a recuperação do complexo ferroviário envolveu o tombamento municipal do espaço, restauração e adaptação das estruturas, além da formação e reforma do acervo, doado pela Vale, pela extinta Rede Ferroviária Federal e pela população local, que participou ativamente do processo. Os moradores encaminharam grande parte das fotos e dos documentos expostos no espaço, além de conceder entrevistas e repassar informações históricas essenciais para a estruturação do espaço. A execução do projeto ficou a cargo do Instituto Artevisão e projeto museológico de Inês Coutinho.

No prédio da estação e nas plataformas de passageiros e cargas, está montada exposição relatando os aspectos da linha férrea e, principalmente, a interligação da ferrovia com a mineração. Assim como o silo, o prédio da estação é composto de três salas: a da Memória Ferroviária aborda o contexto histórico da ferrovia e as características da estação, destacando ferramentas de manutenção das locomotivas. Em outro espaço, os visitantes poderão explorar o tema em arquivos digitais e conhecerão alguns dos móveis e equipamentos usados no início das operações, como parafusos, chaves, mesas e até o armário do bilheteiro. A última sala resgata a memória operária da ferrovia. A terceira porção do projeto é a antiga casa do gerente da ferrovia. Encontrada em ruínas, foi transformada para receber a administração do museu, o setor de informações e um espaço para eventos e exposições temporárias. A casa abriga ainda uma sala de projeções. Na área externa, estão a praça da cultura, praça do cerrado – com 70 espécies típicas da região –, mirante e estacionamento.