Jornal Estado de Minas

Para juiz, medida protege a filha

Maria Clara Prates
O juiz da 1ª Vara de Família, Newton Teixeira de Carvalho, autor da sentença, disse que reconhecer a existência de paternidade socioafetiva entre PC e P
é proteger os interesses da filha, que manteve, durante 35 anos, um relacionamento com o engenheiro e, de um momento para outro, deixa de ter aquela referência paterna“Não se pode simplesmente dizer não quero maisForam anos passeando publicamente, convivendo, que o vínculo está estabelecido”, sustenta o magistradoNa sentença, ele afirmou: “O requerente alega que agiu por erro essencial ao proceder o registro de nascimento da requerenteJá a requerida refuta tal argumento, alegando que o requerido registrou a criança por livre e espontânea vontadeContudo, o autor não logrou êxito em comprovar o alegado vício do consentimento e tampouco comprovou que não há vínculo afetivo entre as partes.”

PC se revolta ainda mais quando compara seu caso ao do garoto americano Sean Goldman, hoje com 11 anos, que, depois de viver por nove anos no Brasil, com o padrasto, o renomado advogado João Paulo Lins e Silva, foi devolvido ao pai biológico, David GoldmanA Justiça negou a ele a paternidade socioafetiva com o enteado, criado por ele desde 2004“Ele queria o filho e a Justiça brasileira considerou que o vínculo biológico deveria prevalecerPor que eu, que não quero esse vínculo afetivo e não tenho vínculo biológico, devo conviver com esse imposição?”, comparaSean Goldman nasceu em Nova Jersey, em 2000, fruto do casamento da brasileira Bruna Bianchi com Goldman
Em 2004, ele foi trazido para o Brasil sem a autorização paterna, quando se iniciou uma batalha judicial, finalizada em 2009 (um ano após a morte da mãe, por complicações num parto), com a devolução do garoto ao pai biológicoPC já recorreu da sentença ao Tribunal de Justiça e torce muito pela reforma da decisão de primeira instância.