Jornal Estado de Minas

Evento em BH mostra que bicicleta é o veículo do futuro

Gustavo Werneck

Amantes das duas rodas se concentraram na Praça da Liberdade, antes de saírem pelas ruas e avenidas do Bairro Funcionários - Foto: Juliana Flister/Esp. EM/D.A Press

Vontade de curtir a cidade sobre duas rodas, movido apenas pelo motor do corpo, de mostrar à comunidade alternativas para o transporte e pedir providências às autoridades para construção de vias exclusivasCom fôlego e prazer, dezenas de ciclistas participaram, na tarde de ontem, do Massa Crítica, mistura de passeio, reflexão e manifesto, que ocorre pela segunda vez em Belo Horizonte, para dar mais visibilidade às bicicletas e destacar a importância delas num mundo tomado pela poluição e excesso de carrosA concentração foi na Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, em convocação feita nas redes sociais, seguindo-se vigorosas pedaladas pelas ruas e avenidas do Bairro Funcionários.

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Certos de que é possível a boa convivência com os carros e ônibus, os ciclistas se mostram preocupados, no entanto, com outro fator de risco: a insegurançaO engenheiro Moacyr Anício, de 36 anos, morador do Bairro Serrano, na Região da Pampulha, está preocupado com a violência“Não dá para andar sozinhoA gente precisa estar sempre acompanhado para não perder a bicicleta e os pertences”, lamentou Moacyr, certo de que o movimento Massa Crítica é importante para os ciclistas se organizaremDurante o passeio, alguns ciclistas usaram máscaras brancas para lembrar a poluição do ar nas metrópoles.

Natália Freitas, de 21, estudante de arquitetura e urbanismo e moradora do Bairro Funcionários, chegou à praça com a amiga Laura Facury Moreira, estudante de psicologia e moradora do Bairro Santo Antônio, também na Região Centro-SulNatália faz coro com Moacyr sobre a falta de segurança, lembra da topografia da capital e o uso constante dos carros: “É a primeira vez que venho ao Massa CríticaNão tenho carro e procuro fazer o que é possível a pé ou de bikeO problema é que BH tem muito morro.” Para Laura, iniciativas como a de ontem servem para dar mais visibilidade aos ciclistas“Quanto mais pessoas estiverem pedalando nas ruas, mais a comunidade vai notá-las e as autoridades vão tomar medidas para beneficiá-las”, acredita a estudante de psicologia, também estreante no evento.

O casal de namorados Manuel Horta, de 25, estudante de cinema e morador do Bairro Horto, na Região Leste, e Luisa Garcia, de 22, estudante de arquitetura e moradora do Centro, estavam dispostos simplesmente a passear
“Morei muito tempo em Santos (SP) e me acostumei a andar de bicicletaAqui em BH ainda é dificil, porque tem muito morro”, disse o rapazLuisa, natural de Timóteo, na Região Leste, passou a adolescência pedalando e, durante o passeio, fez questão de levar a bicicleta azul na qual teve as primeiras liçõesCom manobras radicais na sua BMX, o estudante de publicidade André Bueno, de 22, morador do Bairro Serra, na Região Centro-Sul, deu show e disse que, dentro do conceito de sustentabilidade, a bike é o veículo do futuro.

Ciclovias

Antes de deixar a praça em direção à Avenida Brasil, os participantes se reuniram numa grande roda perto do coreto e falaram sobre a necessidade urgente de a Prefeitura de Belo Horizonte construir cicloviasDe acordo com assessores da BHTrans, o projeto Pedala BH deverá implantar este ano um total de 365 quilômetros de ciclovias, estando em obra a primeira delas, que fica na Avenida Risoleta Neves (Via 240), na Região Norte.