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Estado de Minas EM 83 ANOS

Investigação e busca de conteúdo elucidativo são ingredientes que não faltam ao EM


postado em 27/03/2011 07:00 / atualizado em 27/03/2011 07:11

A vida escrita com talento, investigada com critério e impressa com emoção. Ao longo dos seus 83 anos, o Estado de Minas vasculhou os quatro cantos da capital e de Minas, rodou o Brasil de ponta a ponta, foi pioneiro ao chegar à Antártida, mostrou a vida de jovens brasileiros no exterior, em especial de meninos em busca de sucesso no futebol, e retraçou os passos do mineiro Jean Charles de Menezes, executado, em 2005, no metrô de Londres, por agentes do serviço secreto britânico, que o confundiram com um terrorista. Denúncias de fraudes e do péssimo estado de rodovias e cadeias, ajuda na elucidação de casos policiais intrincados, história de alegrias e dramas humanos, além de viagens de pura aventura, povoam as páginas do jornal e ecoam em âmbito nacional.

Em grandes reportagens, a equipe de repórteres denunciou, em 2001, a farra de deputados estaduais com o dinheiro de contribuintes; expôs, de 2004 a 2006, a existência das máfias dos sanguessugas e vampiros especializadas em desviar recursos públicos da saúde; revirou do avesso as entranhas de uma organização criminosa especializada na adulteração de combustíveis – e que culminou, em 2001, com a execução de um promotor de Justiça em BH; e deu início, em 2003, à luta pelo resgate de bens culturais desaparecidos, ao longo de décadas, de igrejas, capelas, museus, prédios públicos e outros monumentos dos séculos 18 e 19. No seu compromisso com a memória nacional, trouxe à tona documentos sigilosos do Exército a respeito da luta armada no período da ditadura.

Coragem para ir além das aparências e vontade de destilar a secreta essência dos fatos fazem a história do maior jornal de Minas. Em 1985, os repórteres desceram aos infernos das cadeias de Minas e revelaram um pacto macabro e sucessão de mortes – crimes que pareciam rixa de cela eram, na verdade, assassinatos cometidos, por sorteio, contra a superlotação. O episódio ficou conhecido como Ciranda da morte, título de uma matéria do EM, a qual levou o Ministério Público a entrar no caso. Dois anos depois, causou impacto a denúncia feita pelo estofador Alan Martins da Costa, torturado por policiais e ainda com força suficiente para fugir e revelar parte da banda podre da Polícia Civil. Na década anterior (1977), em plena ditadura militar, causou revolta a trajetória do trabalhador Jorge Defensor Vieira, paraplégico devido a tortura numa delegacia da Cidade Industrial (1977).

TESOUROS ROUBADOS A espoliação das riquezas de Minas, que se arrasta desde os tempos da colonização, vem sendo alvo de várias matérias. Em outubro de 2004, foi a vez de desvendar o negócio ilegal dos diamantes, que alimentava mercados internacionais milionários, enquanto gerava pobreza no Brasil e financiava a guerra civil em países africanos. Já em 2005, durante cinco meses de apuração e posterior publicação em quatro cadernos tabloide, com 32 páginas cada um, a equipe de jornalistas refez, no estado, Europa e África, os caminhos percorridos pelo ouro levado de Minas no século 18. O trabalho reforçou a campanha desencadeada pelo jornal em favor do patrimônio barroco dilapidado por comerciantes inescrupulosos e organizações criminosas. Imagens e outras peças sacras de valor intestimável foram resgatadas, embora ainda existiam centenas em poder de colecionadores no país e no exterior.

As grandes questões nacionais e internacionais estão sempre em pauta. Foi assim com a ampla reportagem, em 2004, sobre a transposição das águas do Rio São Francisco; os “Deserdados da cana”, reportagem que ressaltou o contraste entre o esplendor econômico da indústria do açúcar e do álcool, em São Paulo, e a extenuante jornada da legião de homens e mulheres do Vale do Jequitinhonha para garantir o funcionamento das usinas; a entrevista com guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), na selva, em 1996; as “guerras” travadas contra a doença de Chagas, responsável por milhares de mortes nos rincões do Brasil, e registrada em 1973; e a transformação de Bárbara de Oliveira: encontrada, em 1999, num lixão de Sabará, na Grande BH, conseguiu um lugar na escola graças a uma rede de solidariedade.

A vida da cidade e de seus moradores, problemas e projetos, jamais foge ao olhar crítico e ao foco sem distorções dos repórteres. Foi assim com a “Geração aflita”, em 2007, ao mostrar os rumos da juventude das classes média e média alta de BH – e agora, em março, ao tornar pública a baderna, regada a bebedeira e drogas, na Praça do Papa, na Região Centro-Sul da capital, sob o comando de jovens em carros com som ensurdecedor. A elegância foi retratada na série “Mulher, receita mineira”, produzida pelo Caderno Feminino, em 1969, e merecedora de prêmio, e revelado o preconceito, três décadas depois, contra a comunidade feminina Noiva do Cordeiro, em Belo Vale, a 100 quilômetros de BH. As dezenas de agricultoras e artesãs foram chamadas de prostitutas e, estigmatizadas, se fecharam para o mundo. Com a reportagem publicada em maio de 2007, elas começaram a vencer as barreiras e o isolamento.

Na estrada

A vida dos repórteres é feita de notícias, muita aventura, adrenalina e olhos atentos. Foi assim nas duas expedições (1997 e 2008) que deram ao jornal o pioneirismo nas viagens ao continente antártico; o roteiro inspirado em Grande Sertão:veredas, obra-prima do escritor e médico João Guimarães Rosa (1908-1967); a saga “Aos trancos e barrancos”, em 2008, testemunhando a precariedade de ônibus e estradas Brasil adentro; e a situação dos rios de Minas (1993-1994).


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