Jornal Estado de Minas

Presidente da BHTrans nega existência de indústria de multas em Belo Horizonte

Cristiane Silva
Durante a audiência pública para discutir as condições de contratação de radares fixos e móveis instalados em Belo Horizonte e Região Metropolitana, na manhã desta quinta-feira, o diretor presidente da BHTrans, Ramon Victor César, negou a existência de uma indústria de multas na capital mineira
“Se há indústria da multa em Belo Horizonte, ela é declinante, já que, no ano passado, o valor arrecadado com multas foi R$ 10 milhões menor que em 2009No máximo, 3% dos motoristas da capital tem mais de uma multa”, informou o diretor da empresaAinda de acordo com ele, a BHTrans recebe, em média, um pedido por dia para instalação de radares na capital, feitos pela população

A reunião foi solicitada pelo presidente da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o deputado estadual Délio Malheiros (PV) que, na semana passada, protocolou o pedido de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a contratação de serviços de radares e lombadas eletrônicasA CPI dos Radares vai tentar apurar indícios de irregularidades em todo o estadoO documento recebeu 38 assinaturas de deputados, 11 a mais que o necessário para legitimação.

Houve vários questionamentos a respeito da radares específicos instalados na Grande BH, como os dois aparelhos instalados pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER-MG) km 6 da MG-262 em SabaráSegundo o promotor da cidade, Cristiano Gomes, os aparelhos não obedecem às disposições do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que determinam “ampla visibilidade” dos equipamentosUm dos redutores de velocidade, segundo ele, estaria escondido por uma árvore e alguns moradores da cidade já teriam mais de R$ 5 mil em multas por causa do aparelho.

Representante de empresa diz que tentativas de fraude são comuns no setor

Também participaram da reunião desta quinta, empresas que operam na área em MinasO representante da Eliseu Kopp e Cia LTDA, Nelson Momo, disse que é comum o assédio de empresários concorrentes para criar cartéis e ampliar os valores dos contratos no setor durante licitações, mas ele não apontou nenhum caso em MinasUma das empresas que foram convidadas a participar da audiência foi a Splice
Contratada pela PBH ela é suspeita de envolvimento em um esquema de fraudes de contratosNo entanto, nenhum representante compareceuDe acordo com a assessoria de imprensa da ALMG, a empresa enviou uma carta justificando a ausência e colocando-se à disposição da Assembleia

Ao final da audiência, foi aprovado um requerimento solicitando a visita conjunta das Comissões de Defesa do Consumidor e de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da Assembleia, juntamente com representantes do Ministério Público, DER e BHTrans, aos locais em que os radares foram instalados, para verificar a adequação dos equipamentos às necessidades locais e à legislação