Não foi tarefa fácil escolher o vencedor. Mais difícil ainda foi definir qual criador é o mais apaixonado pelo esporte. Kelly Arize, por exemplo, abandonou a carreira de psicóloga para se dedicar exclusivamente ao shih tzu Adones. “Ganhei o cão do meu marido e me apaixonei por ele. Resolvi fechar o consultório e finalizei o tratamento de todos os pacientes”, relembra. Kelly fez curso de estética canina, além de banho e tosa, e há dois meses trabalha em uma clínica veterinária como grooming, que é o cabeleireiro dos cachorros. Tanta dedicação valeu a pena. Na última competição, Adones ficou em quarto lugar.
A jornalista catarinense Fabiana Fonseca viajou um dia inteiro de carro com quatro cães da raça dogue alemão para participar do concurso. Um deles, Cuesto Alani, já tem 15 títulos, o último conquistado há duas semanas no Uruguai. A cinófila, nome dado aos apaixonados pelos caninos, é dona do melhor canil de dogue alemão da América Latina, em Camboriú, Santa Catarina. “Viajei para Itália, Eslováquia, Alemanha, Polônia, e trouxe o melhor material genético para o Brasil”, explica a jornalista. Um filhote dos cães que Fabiana cria há 18 anos custa entre R$ 2 mil e R$ 5 mil.
O presidente do KCGBH ressalta que a maioria dos criadores que participa das competições é amadora, mas existem profissionais que ganham para preparar os cães para o desfile. Farlei Wender Soares é um handler. Ele explica que sua função é realçar as qualidades do animal e esconder os defeitos. Um de seus pupilos é a cadela Atômica, da raça britânica buldogue. “Ela tem que estar supersaudável para se apresentar bem. Como é um cão que tem dificuldade de respirar, por ter o focinho compacto, precisamos colocar toalha com gelo e dar água o tempo todo”, informa Soares.
O casal Mara e Edson Brito é criador da raça mais popular do mundo, a golden retriever. Eles levaram para a competição o cão Joe, que é de uma cliente do canil. Mara não largou a escova canina nem por um minuto, pois a pelagem precisa de cuidados especiais para se manter longa, macia e não embaraçar. “O prêmio é um prazer pessoal do dono e do criador. Quem não gostaria de ter uma filha miss?”, comenta a cinófila.