A BR-251 tem um tráfego pesado de caminhões e carretas que viajam do Centro/Sul para o Norte/Nordeste do país. Seu movimento é de 10 mil veículos por dia. O trecho mais perigoso está na Serra de Francisco Sá, também apelidada de “curva da morte”, por apresentar uma sequência de curvas fechadas num terreno íngreme ao longo de quatro quilômetros. O trecho é bem sinalizado, com avisos de perigo e recomendação para a redução da velocidade, mas a sinalização nem sempre é obedecida e os acidentes no local são constantes.
Foi nesta serra que Wanderley sofreu o acidente, quando dirigia uma ambulância de Fruta de Leite para Montes Claros, levando pessoas em busca de atendimento médico. Ao descer a serra, a ambulância foi atingida por um caminhão-baú, que viajava em sentido contrário. Ele ficou gravemente ferido, foi levado para a Santa Casa de Montes Claros, mas morreu na quinta-feira. Wanderley deixou mulher e quatro filhos. O mototaxista Ivânio Rodrigues da Silva, irmão do motorista morto, reclama do perigo em que se transformou a BR e pede providências aos responsáveis. “As condições da estrada estão péssimas. A pista está irregular e o asfalto, mal conservado, com sinalização deficiente. Em alguns trechos, a pista está muito escorregadia e o acostamento é ruim”, relata.
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Já a BR-135, principal ligação entre Belo Horizonte e o Norte de Minas, depois de décadas de asfalto malconservado e muitos buracos, passou por restauração completa, que está chegando ao fim com o alargamento de 42 pontes. Mas, as melhorias provocaram efeito contrário: em vez de redução nos acidentes, eles aumentaram. Isso porque o fluxo de veículos passando pela estrada cresceu. “Com a restauração da rodovia, houve migração de grande parte dos veículos da BR-116 (Rio/Bahia) para a 135. Isso também fez aumentar a quantidade de veículos na 251,usada para o acesso até a Bahia”, diz um policial rodoviário federal que trabalha na região. “Com a estrada reformada, os motoristas estão correndo mais e isso aumenta os riscos de acidentes”, observa.
Em 12 de fevereiro, o detetive da Polícia Civil Celso Gomes Nogueira, de 46 anos, trafegava pela BR-135, seguindo de Bocaiúva para Montes Claros, quando perdeu o controle da moto que pilotava. Ele saiu da pista e morreu na hora. O delegado aposentado Saulo Gomes Nogueira, irmão de Celso, disse que não consegue entender o que aconteceu. “O acidente pode ter sido provocado pelo fato de que, com a estrada ainda em obras, o piso do acostamento está mais baixo do que o nível do asfalto”, afirma. “A dor de uma família que perde alguém em um acidente de carro é terrível. A gente fica procurando explicações e não encontra o porquê, acrescenta. A aposentada Maria Nogueira Gomes, de 85 anos, mãe de Celso, disse que não consegue se conformar com a morte do filho. Antonio Péricles, do Dnit, garante que não há nenhum defeito na pista da BR-135. “O asfalto da pista está no mesmo nível do acostamento”, assegura. Segundo ele, a rodovia tem movimento de 5 mil a 8 mil veículos por dia.