De acordo com investigações da Polícia Civil, um dos suspeitos de matar Gustavo é acusado de outros sete homicídios desde 2005. Fernando Túlio Miranda Lages, de 24 anos, conhecido como Pimpolho, é foragido da Justiça há um ano. A suspeita é de que um adolescente de 17 anos tenha dado os últimos três tiros. “Já temos o retrato do Pimpolho. Estamos fazendo um rastreamento para tentar localizá-lo. É um homem muito perigoso”, afirma o delegado da Homicídios Centro, Fausto Eustáquio Ferraz.
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Na madrugada de ontem, os irmãos A. e L., de 19 e 20 anos, estavam acordados, por volta das 4h, quando escutaram os tiros. “Tinha um travesti na esquina e, logo depois, um carro acelerou”, conta L., há seis meses morador de prédio próximo ao local do crime. Da janela do apartamento, a família testemunha madrugada adentro a algazarra comandada pelos travestis. “Eles ficam vendendo drogas, principalmente cocaína, jogam pedras nos carros e falam muito palavrão. Fim de semana é um pouco mais sossegado”, relata M., irmã dos rapazes, na expectativa de que a área receba um posto policial.
Um engenheiro de 38 anos que mora em um prédio de luxo da Piauí com Afonso Pena diz não ter nenhuma segurança. “Eu me sinto ilhado à noite, sem ter como sair de casa nem para ir à pizzaria do outro lado da Afonso Pena. Assim que anoitece, chega o traficante de moto e entrega vários pacotinhos aos travestis. Os clientes param o carro na Afonso Pena, descem o vidro, pegam o papelote, pagam e vão embora. É assim, a noite toda”, denuncia o engenheiro, denunciando que policiais militares são coniventes com a situação. “Os travestis ficam encostadas no carro dos PMs batendo papo com eles. Há uma intimidade que eu não consigo entender.”
Ao saber do assassinato de mais um travesti, as lágrimas correram pelo rosto da dona de casa Ana Izabel Diniz, de 80. O choro tem doses de compaixão pela vítima, mas também de temor. “Tenho medo, isso nos traz muita insegurança. Já acordei várias vezes com palavrão, gritaria e muita buzina. Acho uma grande falta de respeito com os moradores”, afirma Ana Izabel, moradora há 10 anos de um prédio próximo ao local do crime. Há reclamações também sobre sexo explícito e consumo de drogas. “Elas espalham cocaína na escadaria de uma casa e ficam cheirando”, conta outro morador, que testemunhou o crime e viu um grupo de travestis espancarem um homem, há dois dias. Já a queixa da comunicadora visual Andréa Leste, de 46 anos, é quanto ao lixo deixado na porta dos prédios. “A gente acha muita camisinha jogada na rua. Acho que a vida deles é a pior que se pode ter.”
A execução da madrugada de ontem não foi fato isolado. Em setembro do ano passado, outro travesti foi assassinado na Afonso Pena com Rua Maranhão. Em janeiro, um cafetão que obrigava travestis e prostitutas a vender drogas também foi morto com vários tiros, em frente ao número 2.898 da avenida.
Vejas as cenas da morte do travesti na Afonso Pena: