O Estado de Minas chegou à Praça do Papa por volta das 0h30 de sábado (dia 19), quando o movimento
de carros, motos e pessoas começava a aumentar, mas a música alta que saía dos porta-malas abertos dos veículos já divertia os frequentadores do espaço democrático – havia desde Chevette ano 1985 com placa de vende-se a caminhonetes importadas. O patrimônio público que compõe a praça não estava sendo vigiado pela Guarda Municipal. A fiscalização era feita por apenas uma guarnição do 22º Batalhão da Polícia Militar, com três policiais a bordo,um deles carregando um fuzil. Os militares fizeram rondas, mas não permaneceram o tempo todo na praça. As abordagens foram superficiais e insuficientes para resolver o problema. Quando a PM foi embora, a bagunça foi retomada.
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Às 2h30, o barulho chegou ao ápice. Além da música alta e da gritaria, carros de passeio com buzinas de caminhões e motos com descargas alteradas para provocar um efeito de estalos circulavam pela praça sem ser incomodados e causando muitos transtornos aos moradores. Alguns jovens chegaram a fazer chacotas com a ausência da Polícia Militar. “É a galera da Zona Norte tirando o sono da Zona Sul”, zombou um rapaz. “Podem relaxar agora, que a PM só volta às 3h”, avisou outro, demonstrando conhecer a rotina dos militares.
Foi exatamente neste horário que a viatura retornou à Praça do Papa, dessa vez com o apoio do helicóptero da corporação, que jogou o holofote sobre o mar de gente. Por terra, os três militares estavam em número inferior ao de carros com som estridente, desligado num simples toque no controle remoto. Apenas um motorista foi abordado e teve a carteira conferida. A presença da aeronave assustou as pessoas e muitas deixaram o local às pressas. Parecia que a festa, daquela vez, tinha acabado.
Bêbadas
Mas, com menos de cinco minutos de sobrevoo,o helicóptero da PM foi embora. Não demorou muito para a viatura também deixar o local. Em instantes, dois carros voltaram a embalar aqueles que ignoraram a “dura” da polícia e permaneceram na praça. Duas irmãs, de 18 e 16 anos, se exibiam em danças sensuais em cima de um Corsa, sem largar uma garrafa de bebida de cor azul. Outra menor, de 14 anos, afirmava fazer parte de um grupo de funk e parava os carros no meio da rua. Ela fez da carroceria de um Saveiro palco para sua apresentação. O movimento só terminou com o retorno da PM, às 3h50.O motorista do Saveiro foi fiscalizado, mas as menores embriagadas passaram batido pela abordagem policial.
Na madrugada de domingo (dia 20),a mesma aglomeração de carros e pessoas se formou na Praça do Papa. Novamente, a Guarda Municipal estava ausente. Mas, devido ao problema ocorrido no dia anterior no vizinho Aglomerado da Serra, quando duas pessoas foram assassinadas numa incursão da PM, a movimentação de viaturas era bem maior. Várias guarnições do 22º BPM, Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas (Rotam), Patrulhade Trânsito (Patran), além de militares em motocicletas, passavam a todo instante pelo local,a maioria das vezes vindas da Rua Professor Lourenço Menicucci Sobrinho, que dá acesso ao mirante do Mangabeiras. De 0h às 3h, período em que o EM permaneceu na praça, alguns donos de veículos chegaram a ligar o som alto, mas o volume foi abaixado sempre que os militares se aproximavam.