Jornal Estado de Minas

Blocos formados por moradores da capital dão o tom do Carnaval mineiro

Flávia Ayer Celina Aquino

Na Floresta, o Bar Leblon, o mais antigo de Belo Horizonte, concentrou a animação dos moradores - Foto: GLADYSTON RO DRIGUES/EM/D.A PRESSBelo Horizonte escreveu no sábado um importante capítulo de uma história recente que desafia quem insiste em dizer que a cidade não tem carnaval. Milhares de foliões fantasiados de alegria foram ontem às ruas de vários bairros da capital – São Bento, Santo Antônio, Sagrada Família e Floresta – com o objetivo comum de festejar. Com ou sem apoio da prefeitura, os blocos de bairro fazem parte de um movimento interessado em resgatar um carnaval despretensioso, das marchinhas e da família. O convite, feito nas rodas de conversa da vizinhança ou pela internet, é para jogar confete e serpentina, dançar com os dedinhos para o alto e encher o peito de uma felicidade que só o carnaval oferece. E hoje tem mais, com os blocos As Virgens do Formigueiro Quente, do Gamboa, da Cidade e da Tetê (veja programação).

Um dos caçulas da turma de bloquinhos de BH, o Sou Bento, mas não sou santo, no Bairro São Bento, na Região Centro-Sul, está no segundo ano e levou ontem cerca de 5 mil pessoas para a Avenida Cônsul Antônio Cadar. Gente de todas as idades, atrás de um carnaval que definem como “de verdade”. “É uma festa de alegria e integração, sadia e que reúne moradores do bairro”, explica a foliã Beth Ribeiro, de 58 anos, que para seu segundo ano no bloco escolheu fantasia de plumas e brilho.

Priscila, Nina e Luana se divertiram no Sou Bento Mas Não Sou Santo e estavam apenas começando - Foto: GLADYSTON RO DRIGUES/EM/D.A PRESSMas teve quem apenas tenha começado a festa no São Bento. Vestidas de havaianas, as amigas Priscila Botelho e Nina Coacci, de 20, e Luana Andrade, de 21, pela primeira vez curtiam o carnaval dos bloquinhos e estavam dispostas a marcar presença em vários grupos que saíram na capital neste sábado. “Os blocos estão começando agora e acho isso muito bom. Parecem os que já são tradição no Rio de Janeiro”, afirma Luana. Em seu segundo ano, o bloco Mamá na Vaca é um dos que ajudaram a escrever as primeiras linhas desse movimento, compromissado apenas com um carnaval despretensioso.

Ontem, milhares de foliões, fantasiados de forma bastante inusitada, desceram ao ritmo das marchinhas da Praça Cairo para prestar homenagens à vaca da Rua Leopoldina, um dos símbolos do Bairro Santo Antônio, na Região Centro-Sul. Criado pela família Borges, moradora do bairro, e sem vínculo com a prefeitura, a festa contagiou gente de todo canto e parou, literalmente, o trânsito. “Não estamos ligados à licença do espaço público, mas à ocupação dele. É uma relação com o bairro, de andar pelas ruas e valorizar a vaquinha, que é um dos ícones do Santo Antônio, mas ficou jogada para segundo plano”, explica o arquiteto Sylvio Podestá, que, ontem, se transformou num touro. “Meu lema é o homem sem chifre se torna um animal indefeso.”

Alguns quarteirões abaixo, na Rua Paulo Afonso, mais de 4 mil pessoas deram o grito de carnaval no veterano Santo Bando, bloco que há oito anos abre a festa momesca no Santo Antônio. “Aqui é só folia. A primeira vez que trouxe minha filha Renata foi quando estava grávida dela. Depois disso, não paramos mais de vir”, conta a bancária Flávia Starling, de 45, com a filha e o marido, garantindo ser uma festa da família. O casal Décio Simão, de 65, fantasiado de capitão gay, e Beatriz Almeida, de 57, com peruca e brilhos, também não perdem a festa. “É muito gostoso”, define. Tão bom que há quem proponha que os bloquinhos virem projeto de governo. “Queremos que a Tia Dilma crie o Programa de Aceleração do Carnaval (PAC)”, sugere o fisioterapeuta Valjean Júnior, de 28.

Hoje

10h às 18h
Bloco As Virgens do Formigueiro Quente. Rua Izalina Faustina da Silva, concentração em frente ao número 180, no Bairro Mantiqueira

16h às 20h
Bloco da Cidade (estreante), concentração na Rua Sapucaí, no Centro. Traje: Fantasia.

16h
Bloco do Gamboa, na Rua Sergipe, entre as ruas Tomé de Souza e Antônio de Albuquerque, na Savassi

17h
Bloco da Tetê, na Praça Duque de Caxias, no Bairro Santa Tereza