Jornal Estado de Minas

Anastasia determina apuração de ocorrências no Algomerado da Serra

Paula Sarapu
O governador Antonio Anastasia determinou ontem a apuração imediata e minuciosa da morte do técnico de enfermeiro Renilson Veriano da Silva, de 39 anos, e do auxiliar de padeiro Jeferson da Silva, de 17, na Vila Marçola, no Aglomerado da Serra, na madrugada de sábado, depois de uma incursão de militares do Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas (Rotam). De Aracaju (SE), onde participa do Fórum de Governadores, Anastasia cobrou do secretário de Estado da Defesa Social, Lafayette Andrada, a apuração rápida do caso. À tarde, o secretário informou que os quatro policiais envolvidos na ação estão afastados das ruas e que o Ministério Público vai participar das investigações.
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Lafayette Andrada manteve a versão dos PMs de que faziam patrulhamento de rotina, a pé, quando foram “mal recebidos” por um grupo de bandidos armados. Segundo ele, os policiais revidaram a bala. O secretário disse ainda que não há nenhum indício de que os policiais cobravam propina de bandidos ou de que tentam instalar uma milícia na comunidade, como afirmam moradores, mas garantiu que as denúncias serão investigadas. Por determinação da secretaria, policiais do Grupamento Especializado de Policiamento em Áreas de Risco (Gepar) continuam ocupando o Aglomerado da Serra.

“É uma denúncia grave, lamentamos as mortes, mas, particularmente, não acredito na cobrança de propina. Era um policiamento de rotina, por isso eles estavam ali. Se houve algum tipo de abuso, tudo será investigado. Convidamos o Ministério Público para acompanhar o Inquérito Policial Militar (IPM), para que haja transparência e nenhum tipo de proteção aos policiais que estão envolvidos nas mortes. Se alguma ilicitude for comprovada, os culpados serão punidos”, disse o secretário, pedindo serenidade aos moradores. “Não adianta mais a comunidade ficar queimando ônibus”, acrescentou.

Armas

Um fuzil 556 e as quatro pistolas calibre 40 usados pelos policiais na ação no aglomerado foram recolhidos e estão à disposição para confronto balístico no próprio Batalhão Rotam. O secretário não informou o resultado dos laudos cadavéricos de Renilson e de Jeferson, que, de acordo com familiares, teria sido atingido pelas costas. Questionado sobre as fardas que teriam sido encontradas com as vítimas, conforme depoimento dos policiais acusados, o secretário foi evasivo e repetiu apenas que todas as informações serão alvo do IPM, cujo prazo é de 40 dias, prorrogáveis por mais 20 dias.

Assessor de comunicação da PM, o tenente-coronel Alberto Luiz Alves afirmou que as fardas, como consta no registro de ocorrência, foram encontradas com as vítimas e que elas aparentavam ser do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) e de atividade operacional, na cor bege. “Tudo leva a crer que eles estavam conduzindo, levando, junto ao corpo, no braço, como se fosse um pacote. Mas somente o instrumento apuratório vai dar contorno aos fatos”, disse.