Pouco a pouco, moradores se sentem amparados – seja pela própria polícia, pela imprensa ou por outros órgãos – e denunciam a participação ativa de militares num esquema de corrupção ativa no Aglomerado da Serra, o maior da capital mineira, que abriga mais de 50 mil pessoas. Depois de denúncias anônimas, foi confirmada extraoficialmente a investigação que apura a participação de dois militares na formação de um grupo de milicianos no conjunto de favelas de Belo Horizonte, que reúne as vilas Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora da Aparecida, Nossa Senhora da Conceição, Marçola, Santana do Cafezal e Novo São Lucas.
Leia Mais
Moradores denunciam presença de milícia no Aglomerado da Serra Moradores do Aglomerado da Serra fecham trânsito da Avenida Afonso PenaNova manifestação de moradores retoma tensão no Aglomerado da SerraAglomerado da Serra vive mais uma noite de medo e violênciaCorregedoria da Polícia Militar abre inquérito para apurar mortes no Bairro SerraPoliciais militares entram em conflito com moradores do Aglomerado da SerraPolícia prende suspeito de atear fogo em ônibus no Aglomerado da SerraFilho e irmão de policial morrem em troca de tiros com a PM no Aglomerado da SerraPM vai apurar denúncias de abuso de autoridade em ação no Aglomerado da SerraMais um ônibus é incendiado no Aglomerado da SerraPolícia ouve três testemunhas sobre assassinatos no Aglomerado da SerraDeputados de Minas vão ao Aglomerado da Serra para ouvir denúncias de moradoresÔnibus e escolas ainda funcionam precariamente no Aglomerado da SerraPoliciamento é reforçado no Algomerado da Serra, mas Rotam não entra no morroMoradores fazem novas denúncias sobre violência e ação de milícias da Rotam Anastasia determina apuração de ocorrências no Algomerado da SerraFamílias fazem apelo à paz em culto no Algomerado da SerraVersão da PM de que suspeitos usavam fardas no aglomerado é fantasiosaEspecialista afirma que Rotam é ultrapassadaSegundo o líder comunitário Paulo (nome fictício), que detalhou ao Estado de Minas o esquema de milícia, “uma vez por semana, Cabeça de Repolho e outros militares iam ao aglomerado cobrar propina de traficantes”, mas, “quando não recebiam em dinheiro vivo, aceitavam em troca eletrodomésticos e outros objetos de valor”. Mas o esquema dele não se limitava à cobrança de ‘favores’ na favela. “Ele mantém uma boca no Vera Cruz e parte da droga que apreendia na Serra revendia lá”, denuncia. Na seugnda-feira, informantes da polícia que preferem ter os nomes preservados confirmaram que a ficha dos dois está sendo analisada, mas antecipam que as denúncias têm fundamento.
“Os PMs cruzavam o aglomerado gritando: ‘Cadê nosso negócio? Cadê o dinheiro?’ Isso toda a população podia ver a olho nu”, reforça Paulo. O denunciante diz que “oito homicídios é pouco para Repolho”. Segundo testemunhas, o militar esteve pouco depois da suposta execução no local do crime e orientou como deveria ser a atuação dos PMs para tentar encobrir a atuação.
Também sem o menor constrangimento, segundo Paulo, o consumo de drogas entre militares seria frequente. “Eles cheiram cocaína no olho de todo mundo. Não é um só, é a maior parte deles”, afirma o líder comunitário, que, por medo de retaliação a familiares, prefere não procurar a Corregedoria da Polícia Militar e outros órgãos que possam ajudar nas investigações.