Jornal Estado de Minas

Filho e irmão de policial morrem em troca de tiros com a PM no Aglomerado da Serra

As mortes dessa madrugada deixaram a população revoltada e moradores atearam fogo num ônibus

Alfredo Durães Luana Cruz
Segundo a PM, suspeitos se disfarçavam de policiais usando fardas do Gate - Foto: Reprodução TV AlterosaO filho e o irmão de um policial morreram durante troca de tiros com militares na madrugada deste sábado, no Bairro Marçola, Aglomerado da Serra, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. De acordo com militares do Batalhão da Rotam, por volta de 2h30, durante operação de rotina, se depararam com aproximadamente 20 homens armados. Doze deles usavam fardas do Grupo de Apoio Tático Especial (Gate) e da Polícia Militar.
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Ao verem os militares, os suspeitos começaram a atirar. Um policial foi atingido, mas não ficou ferido, já que o disparo acertou o colete à prova de balas. Dentre os suspeitos, dois foram atingidos: Renilson Veriano da Silva, de 39 anos e o menor J.C.S. de 17 anos. Eles morreram ao chegar ao Hospital de Pronto Socorro João XXIII. Apesar de estarem com o grupo de “falsos fardados”, os dois não estavam com roupas oficiais. Apenas carregavam fardas da PM. Segundo a polícia, Renilson era irmão e, o menor, filho do policial militar do 22º Batalhão Cabo Denilson Veriano da Silva. Os demais integrantes do grupo fugiram durante a troca de tiros.

Segundo o cabo Washington Gonçalves, do Batalhão da Rotam, há algumas semanas, a polícia recebeu denúncias de que militares estariam causando problemas no Aglomerado da Serra. Suspeita-se, agora, de que sejam os homens fardados. Durante a operação, a polícia apreendeu duas armas de fogo e munições de uso restrito e de uso permitido.

Identificados

A operação da madrugada, que terminou com a morte de duas pessoas, não prendeu os suspeitos de usar irregularmente as fardas. Segundo o tenente Clayton Santana, comandante da ação, esses homens estariam disfarçados de policias para tentar matar rivais e controlar o tráfico na região. A intenção era jogar a culpa das mortes na PM. Alguns dos envolvidos já foram identificados e a polícia promete fechar o cerco contra eles em operação de busca durante todo o sábado. Helicópteros e dezenas de militares ocupam o aglomerado no decorrer do dia.

Revolta

Por volta de 8h40, moradores do aglomerado atearam fogo num ônibus em protesto às mortes na madrugada. Segundo o Corpo de Bombeiros, o incêndio foi rapidamente controlado, mas as chamas atingiram a rede elétrica na Praça Cardoso, perto do Hospital Evangélico. A Cemig precisou ser acionada. A PM voltou ao aglomerado para conter a confusão na comunidade.

Moradores reclamam de abuso de autoridade dos militares durante a incursão no aglomerado, que segundo a população, culminou na morte de dois “trabalhadores”. Os manifestantes alegam que os assassinados na troca de tiros não tinham passagens pela polícia. Segundo o tenente Clayton Santana, Renilson teria um registro relacionado ao Código de Trânsito Brasileiro, mas não especificou a ocorrência. Como a outra vítima é um menor, o tenente não conseguiu ter acesso à ficha do rapaz, não sendo possível determinar se ele tem passagens pela polícia.

Os moradores contestam, também, a versão da polícia sobre "falsos fardados". A população afirma que nunca ouviu falar desse suspeitos de usar roupas de policiais para agir criminosamente no aglomerado.

Moradores colocaram fogo num ônibus em protesto às mortes no algomerado - Foto: Reprodução TV Alterosa