Os skates de brinquedos são coisas do passado para esta turma. Enquanto sonham com as manobras aéreas eles ganham experiência subindo e descendo a rampa com equipamentos profissionais, arriscando o que é possível fazer quando ainda se tem 8, 9 anos. Fascinados pelos jogos de videogame, eles chegam às pistas de verdade para descobrir que ali é bem mais difícil. Não importa. Os pequenos skatistas estão prontos para aprender.
Aos 4 anos, Ícaro Mariano da Silva, hoje com 8, ganhou um skate de brinquedo, no qual corria pela casa sem sequer imaginar que existiam aulas da modalidade. Hoje, matriculado em um curso para crianças, arrisca as primeiras manobras. “Sinto um friozinho na barriga, mas depois de descer a rampa umas cinco vezes já entro no ritmo. Meu sonho é fazer um aéreo. Quem sabe daqui a uns 7 anos?”
O skate, muito discriminado no passado, virou esporte profissional e está cada vez mais popular. “Já é o segundo esporte mais praticado no mundo, atrás do futebol. E dos radicais, é o mais difícil”, conta Maurício Massote Júnior, proprietário da Blunt, especializada em skate. O aluno Vitor Malta, de 12, na aula há dois meses, está de acordo. “Na Polônia, a modalidade foi proibida no passado porque achavam que os skatistas eram vândalos. Isso mudou. Temos até mais lugares para andar na cidade, como a pista do Mangabeiras.”
Os gêmeos Daniel e Davi Curi, de 9, são fãs de Zeke & Luther, um seriado da Disney cheio de skatistas. Foi de tanto assistir aos episódios que tiveram a ideia de pedir aos pais um skate. Primeiro, ganharam um de brinquedo. Gostaram tanto que foram juntos para a aula e hoje treinam em equipamentos profissionais. “Quando pedimos pela primeira vez, minha mãe teve medo da gente se machucar, mas hoje ela até nos traz nas aulas”, conta Daniel.
Segundo Davi, toda a ideia foi mesmo do irmão, mas ele também gostou da oportunidade. “Gosto de dropar (descer a rampa), dar um rock fake, depois um giro de 180 graus e encaixar outro rock fake. O half cap rock fake é minha manobra favorita.” Fã de esportes radicais, “porque dão muita emoção”, Henrique Botelho, de 8, se inspira nos ídolos Tony Hawk, Bob Burnquist, Ryan Sheckler, Danny Way e Sandro Dias, o Mineirinho. Além das aulas, está sempre assistindo a vídeos de skate na internet. “Assim posso aprender com os grandes. Algumas coisas que sei fazer aprendi vendo as manobras deles.”
BASE
Cada skatista tem uma base, a forma como pisa no skate
· Goofy –Pé direito na frente e esquerdo atrás
· Regular – Pé esquerdo na frente e direito atrás
PARTES DO SKATE
· Shape – prancha onde se apoia o skatista. A mais usada pelas crianças é a de tamanho P, mas existem ainda M, G e GG
· Trucks – eixos que sustentam as rodas e a estrutura do skate
· Rodas – Cada skatista tem uma preferencia de tamanho ou de densidade, mas para as crianças o ideal é uma 50 ou 51 milímetros (tamanho) e 100 ou 101 A (densidade). Quanto menor a roda, mais leve, e melhor, fica o skate. Seu tipo pode variar com a modalidade
· Rolamentos – Peças encaixadas nas rodas, garantem o desenvolvimento do skate. Existem vários tipos, para iniciantes e profissionais. Quanto melhor o rolamento, mais rápido o skate vai desenvolver e menos esforço vai exigir do skatista
· Lixa – antiaderente, ajuda o skatista a ter mais grip (fixação) no skate. Sem a lixa não é possível andar ou fazer manobras, pois o skatista escorregaria
· Parafusos – Seguram o shape nos trucks
As partes de um skate profissional são vendidas separadamente, em lojas especializadas. Os shapes importados são feitos de mapple, o pinheiro canadense, considerado o melhor do mundo para fabricação de shapes. Sua madeira mantém a pressão, além de ser mais leve, durável e não soltar lascas. Os shapes nacionais são feitos de pau-marfim. O desenho na prancha muitas vezes define a escolha da garotada, enquanto os profissionais se preocupam com os caves, curvaturas na prancha que podem melhorar o desempenho. Também fazem sucesso entre as crianças os modelos assinados por atletas profissionais do skate. O preço de um skate profissional varia de R$ 300 a R$ 1 mil.
EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA
Capacete
Joelheira
Cotoveleira
Protetor de punho
Tênis – Ele é mais que um item de segurança para manobras radicais. O tênis é moda entre crianças e adolescentes, mesmo entre aqueles que nunca pisaram em um skate. De sola chata para dar melhor desempenho no contato com a prancha, podem ser cano baixo, médio ou alto, mas sempre bem acolchoado e com bordas mais altas que um tênis comum
O preço dos equipamentos de segurança varia de R$ 120 a R$ 500, sem o tênis. Esse varia de R$ 150 a R$ 500.
VISUAL
A moda do skate é a mesma de outros esportes de prancha, como surfe, wake, snow e patins. Os skatistas, pela forma como se vestem, podem ser:
· Gangueiro – usa roupas mais largas e gosta de ouvir hip hop
· Punk – prefere roupas mais certinhas no corpo, como calças justas, e curtem punk rock
· Normais – não seguem um estilo, fazem sua própria moda
MODALIDADES
Street – Simula elementos da rua, com corrimãos, caixotes, guias, tudo em que se pode escorregar. Vertical – Disputado em rampas de 1 a 4m de altura, que podem ser dos seguintes tipos:
· Minirampa – rampa de 1 a 2m de altura
· Half pipe – rampa de 3 a 4m de altura
· Banks – pista redonda de 1 a 2m de altura
· Bowl – pista redonda de 3 a 4m de altura
Fonte: Blunt Skate Park