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Estado de Minas

"Clima da roça" atrai trabalhadores


postado em 28/12/2008 08:19 / atualizado em 08/01/2010 03:53

"Gosto de trabalhar aqui, pois traz de volta o clima da roça" - José Orlindo Chaves Rocha, o Zezinho, de 42 anos, do Bairro das Garças (foto: Beto NOvaes)

No limite das regiões da Pampulha e Venda Nova, outra surpresa. Quando o asfalto termina, a meio metro da porteira, começa um mundo pontuado pelas trilhas, canto de galo, alvoroço de maritacas, mugido de vaca e verde por todos os lados. Com a calma típica do interior, José Orlindo Chaves Rocha, o Zezinho, de 42 anos, corta o capim, põe no cocho e alimenta o gado no Bairro das Garças. Depois, vem mais serviço: carneiros para cuidar, ovos para colher e queijo para tirar da fôrma. No fim da tarde, com um sorriso tímido e as botas cobertas de lama, o vaqueiro urbano nem se lembra mais de que vive dentro de uma metrópole, a pouco tempo de carro da Lagoa da Pampulha, cartão-postal da cidade e referência de arquitetura modernista.

O dia nem clareou direito e o vaqueiro está de pé, pronto para a labuta. A rotina naquela lado da capital, com ares campestres, traz ótimas lembranças de Medina, sua terra natal, no Vale do Jequitinhonha, a 672 quilômetros. Casado e sem filhos, Zezinho conta que chegou a BH ainda pequeno, aos 11 anos, e ficou muito feliz ao encontrar ocupação num lugar sem trânsito de veículos e confusão de gente. “Gosto de trabalhar aqui, pois traz de volta o clima da roça”, conta ele, homem de poucas palavras, que cuida de animais numa propriedade particular no Bairro das Garças.

Na área de aparente tranqüilidade, Zezinho fica vigilante 24 horas. Afinal, um pedaço de paraíso requer atenção redobrada. A porteira está semp re fechada com cadeado e os gansos, chamados por muita gente de “cachorros de asas”, tal a bravura, dão o sinal de alerta ao detectar a presença de estranhos. Mas, às vezes, o vaqueiro é obrigado a pôr as aves para correr, tal a algazarra que fazem no terreiro. Os cabritos também têm cara de poucos amigos. Então, o melhor é seguir as orientações e não fazer contato. Nesse caso, como diz o povo do lugar, o “bicho pega”.

Um passeio pelas regiões da Pampulha, Venda Nova, Norte e Nordeste mostra que a capital guarda recantos bucólicos, praticamente escondidos. No entanto, para a prefeitura, não existe área rural, entendendo que todo o perímetro urbano está ocupado. Procurando com atenção, é possível achar fazendas de grande porte, bem cuidadas, algumas até com igreja colonial estilizada, paiol de madeira de lei, bar em estilo rústico, curral bem tratado. Em outras, a paisagem corre perigo, pois grandes empreendimentos estão de olho nas glebas e se preparam, com astúcia, para transformá-las em condomínios ou em outros empreendimentos.

Por enquanto, José Maria de Oliveira, de 41, está feliz no universo rural particular, principalmente por cuidar das suas vaquinhas mestiças. Ele, que chegou a BH aos 15 anos, toma conta de um sítio na Região de Venda Nova e se sente em casa, integrado à lida diária, à natureza, ao canto dos pássaros e à falta de congestionamentos. Nascido em Carbonita, no Vale do Jequitinhonha, a 421 quilômetros da capital, José Maria viu a vida mudar da água para o vinho. Foi motorista, operador de máquina, até achar um serviço que encaixasse com seu ideal de felicidade.


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