Jornal Estado de Minas

Operação de guerra para aplicar Lei Seca

Com a chuva, os perigos aumentam nas rodovias, como esta queda de barreira na BR-381, sentido Belo Horizonte-Vitória - Foto: Sidney Lopes/EM/D.A press
Réveillon é tempo de festas e de badalação. Mas dirigir embriagado vai resultar em multa pesada no bolso e até prisão para quem desrespeitar a Lei Seca. Quem não quer passar a virada do ano na delegacia, contribuir com mortes nas estradas e nas ruas ou começar 2009 com dívida de quase R$ 1 mil é melhor redobrar a atenção. Com o objetivo de punir os imprudentes, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) montou uma operação especial nas rodovias brasileiras: em vez de distribuir policiais de maneira uniforme ao longo das estradas, a corporação vai se concentrar nos pontos onde o consumo de álcool é maior.
O inspetor da PRF em Brasília, Alexandre Castilho, informou que a fiscalização em alguns pontos será feita com efetivo dobrado. Os policiais dos 400 postos têm à disposição 500 bafômetros para usar durante o feriado, além de 2 mil viaturas, 10 helicópteros e 500 radares móveis. A Operação Fim de Ano, que inclui também o Natal, teve início dia 20 e continua até 4 de janeiro. Segundo Castilho, os 61 mil quilômetros de rodovias em todo o país serão fiscalizados com rigor.

Em dia de mais acidentes nas estradas em Minas - só a BR-381 teve quatro (foto) - e de mais duas mortes, elevando para 36 o número de óbitos desde sábado passado, a PRF anunciou plano especial para flagrar motoristas alcoolizados no réveillon. A estratégia substitui a distribuição uniforme dos policiais por ações concentradas em pontos de consumo de álcool - Foto: Sidney Lopes/EM/D.A. Press

Mas em Minas Gerais a situação se complica ainda mais. Além de ter a maior malha rodoviária do país (25%), a maioria das estradas é de pista simples e a chuva promete ser intensa. Outra característica que compromete a segurança é o excesso de curvas nas rodovias. “É um conjunto de fatores que pesa contra. Enquanto no Natal é comum as pessoas passarem junto à família, na casa de parentes ou na própria residência, no réveillon as festas e viagens para o litoral são mais comuns. Nesta época, a mentalidade do motorista ao volante é outra. São jovens nas estradas e até mesmo aqueles mais experientes passam a abusar”, observa o inspetor da PRF Aristides Júnior.

Veja os limites de álcool no sangue e as punições

Ele acrescenta que nos 15 mil quilômetros de rodovia em Minas, a cada 100 quilômetros entre um posto de fiscalização e outro haverá barreiras policiais equipadas com 46 bafômetros. Para intensificar as ações, houve remanejamento de férias e de folgas, inclusive para os policiais da área administrativa. “Observamos que o mais comum são grupos de amigos ou parentes viajando nesta época. Por irresponsabilidade de alguns, famílias inteiras ou parte delas ficam na estrada”, diz o policial.

Desde o início da operação, 36 pessoas perderam a vida nas estradas federais que cortam Minas. “Desse total, 20 acidentes com morte envolveram veículos de outros estados. É importante frisar que Minas é um lugar de transição. Dependendo de onde estão, as pessoas cruzam nossas estradas para chegar a outros estados, como Bahia, Espírito Santo, e ao Distrito Federal. Muitos não estão acostumados a tantas curvas e declives. Abusam da sorte e exageram na imprudência”, salienta o inspetor.

A BR-381, mais conhecida como rodovia da morte no trecho entre BH e João Monlevade, é responsável por 33% dos acidentes ocorridos ao longo do ano. Em seguida, aparece a 040, saída para o Rio de Janeiro; e logo depois a BR-116 (Rio-Bahia). Em quarto lugar, a BR-262, que vai para o Triângulo Mineiro. De 20 de junho a 20 deste mês, a PRF autuou 763 motoristas em Minas por dirigirem embriagado e prendeu 531 por exceder no consumo de bebida alcoólica e dirigir.

“Para reduzir a violência nas estradas, nunca houve tanto reforço da PRF. Escolhemos não separar o Natal do ano-novo justamente para não haver brechas. Além do excesso de bebida alcoólica, vamos ficar de olho nas ultrapassagens. Elas são responsáveis por grande número de acidentes”, avisa Aristides Júnior. Ele também fala de um mau hábito dos brasileiros. “A segurança das crianças é muito importante. Os adultos pensam que o colo é o lugar mais seguro para levar os filhos pequenos. Mas dentro do carro isso é extremamente arriscado. Em uma colisão, as crianças são as primeiras a serem arremessadas e, também, as primeiras a morrer. Usar a cadeira apropriada é fundamental”, reforça o inspetor.

Leia também
Radares e bafômetros fiscalizam rodovias estaduais