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Estado de Minas

Recuperação do Rio das Velhas enfrenta desafios


postado em 13/12/2008 09:04 / atualizado em 08/01/2010 03:57

Maior afluente do São Francisco vem sendo castigado, principalmente na região metropolitana(foto: Beto Magalhães/EM/D.A.Press)
Maior afluente do São Francisco vem sendo castigado, principalmente na região metropolitana (foto: Beto Magalhães/EM/D.A.Press)


Já diz a filosofia que ninguém entra duas vezes em um mesmo rio: outras águas estarão em curso e o nadador terá passado por mudanças. Se a afirmativa é válida para um espaço de tempo compreendido em segundos, mais ainda para anos de história. Descoberto há mais de 300 anos, o Rio das Velhas é exemplo de como um rio pode mudar com o tempo. Mas o que vem sendo constante no grande afluente do São Francisco é a poluição que o afeta. Por mais que especialistas afirmem que em 2010 será possível nadar, pescar e navegar no Velhas, a falta de tratamento de esgoto e de diálogo entre municípios mineiros e o estado ainda são entraves para a revitalização.

Falta um pouco mais de um ano para que o projeto Manuelzão/UFMG e o governo de Minas cumpram a meta: revitalizar a bacia até 2010, para que ele volte aos bons tempos, permitindo a navegação, a pesca e o nado. “É possível que isso ocorra, estamos cumprindo nosso papel”, garantiu Rogério Sepúlveda, presidente do comitê da bacia hidrográfica, durante debate público na Assembléia Legislativa de Minas Gerais. O objetivo do encontro foi avaliar as ações desde 2007, quando o programa tornou-se um dos estruturantes do governo mineiro, até os dias atuais.

No balanço de ações e na avaliação de prioridades para o próximo ano, o tratamento do esgoto dos córregos e rios da região metropolitana que compõem o principal afluente do Velho Chico foi o foco. De acordo com Rogério, cerca de 300 mil pessoas em Belo Horizonte ainda não têm esgoto tratado. “Faltam para BH recursos de mais de R$ 100 milhões para urbanização em vilas e favelas, para que a Copasa passe a ter interceptores nos locais”, afirmou.

Empreendedora pública do Sistema Estadual de Meio Ambiente (Sisema) , Myriam Mousinho afirmou que o estado repassou para capital recursos de R$ 25 milhões, por meio do Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas do Estado de Minas Gerais (Fhidro), só para remoção de famílias que moram em área de risco e perto de córregos. “O Vila Viva foi um dos programas da PBH contemplado. Porém, são anos para que seja feito todo o processo de desapropriação. Hoje 92% do esgoto gerado na capital é coletado, mas, desse total, 60% é tratado.”

Em janeiro de 2010, segundo ela, o ponto secundário da Estação de Tratamento de Esgotos do Ribeirão do Onça, o ETE Onça, que fica em Contagem, na região metropolitana, estará funcionando. “A partir disso, o tratamento em BH será de 100%.” Ronaldo Matias, gerente-adjunto do Meta 2010 e superintendente de Serviços e Tratamento de Efluentes da Copasa, afirmou que a ETE Onça é prioritária. “Como estamos com os esforços concentrados, pode ser que isso se concretize em menos de um ano.”

Um dos grandes problemas enfrentados pelo programa Meta 2010 é o descompasso entre o estado e as prefeituras da bacia, que não tratam seus esgotos. Entre essas cidades, Sabará, Nova Lima, Sete Lagoas e Lagoa Santa representam o maior problema.

MELHORIAS

Apesar das dificuldades, ações desenvolvidas pelo Meta 2010 já trouxeram melhoria da qualidade da água da bacia do Rio das Velhas. De acordo Myriam, houve aumento considerável na quantidade de esgoto coletado e tratado. "Em 1998, eram coletados e tratados cerca de 3 milhões de metros cúbicos por ano. Agora são 84 milhões", afirmou. Ela também destacou a recuperação da cobertura vegetal da bacia, sendo que, até outubro de 2008, já foi feito o plantio de vegetação nativa em uma área total de 300 hectares. “O outro resultado é a volta dos peixes ao rio. Em 2000, o dourado subia apenas 250 quilômetros. Atualmente sobe 337 quilômetros, chegando perto dos trechos que apresentavam a maior degradação.”

Ronaldo Matias destacou o programa da Copasa, o Caça-esgoto. “Só este ano, captamos mais de 700 lançamentos de esgoto na bacia do Arrudas e do Onça”, disse. Segundo ele, para a Meta 2010, a Copasa pretende ampliar o sistema, as ligações prediais, as redes coletoras, os interceptores, as estações elevatórias e as ETEs, que serão implantadas em Curvelo, São José da Lapa e Vespasiano, na Região Central, e Várzea da Palma, no Norte de Minas. Em licitação estão as estações de Buenópolis, Pedro Leopoldo e Raposos, na Região Central, e Santo Hipólito, no Norte. Os investimentos nas quatro sub-bacias (Arrudas, Onça, Mata e Velhas) é de R$ 290 milhões para 2009 e 2010.

A ocupação desordenada ao longo da bacia e a falta de envolvimento do setor produtivo privado foram problemas destacados por Marcus Vinícius Polignano, coordenador de Educação Ambiental do Meta 2010 Para ele, apesar de ter sido sempre convidado para participar dos 17 seminários que o projeto realizou este ano, o segmento empresarial não compareceu.-->


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