Os dois últimos trechos críticos do estado estão na BR-381, sentido São Paulo, no limite dos municípios de Contagem e Betim. Ambos somaram 90 acidentes no ano passado e têm características semelhantes. Por estarem sob administração privada, a conservação da estrada é adequada, o que induz à alta velocidade, mas o traçado sinuoso causa saídas de pista. No km 483, uma curva de 300 metros, em descida, torna o ponto merecedor de atenção, mas, o que se observa são caminhoneiros descendo sem limite de velocidade. Molhada, a pista fica escorregadia. No lado oposto, a subida é ponto pouco provável para colisões, não fosse uma peculiaridade da sinalização, que força o fluxo lateral a acessar as faixas centrais, bem no meio da curva, por causa da redução de uma pista. O final do zebrado é em cima da curva e pega todos de surpresa. O resultado: várias marcas de freadas são visíveis no trecho.
Dois quilômetros à frente, sentido BH-São Paulo, no km 485, diante da Refinaria Gabriel Passos , a falta de faixa de aceleração e desaceleração propicia saídas perigosas das edificações lindeiras. Para piorar, há uma falha na geometria da quarta pista. As três primeiras faixas são direcionadas para trabalhar contra a força centrífuga, mas a última, à direita, faz o contrário, o que causa saídas de pista.
A concentração de estabelecimentos comerciais em volta da rodovia força a intensa circulação de pessoas e os trabalhadores são obrigados a atravessar a via para pegar ônibus. A auxiliar de limpeza Ivani Onofre de Jesus, de 48 anos, trabalha na região e já foi atropelada: ficou afastada por nove meses e, ao voltar, o trauma a acompanha. “Antes da mureta divisória da pista, uma caminhonete me pegou em cheio e meus colegas contam que ‘voei’ por mais de 50 metros. Hoje, levo quase 30 minutos para atravessar com o máximo de cuidado”, conta a mulher, que teve o braço quebrado e sofreu uma torção na região lombar. Não há passarela nas proximidades do trecho.