O desafio assumido não foi pequeno: Nova Era está bem perto de um dos trechos de rodovia mais perigosos do país – os 108 quilômetros que separam Belo Horizonte de João Monlevade, conhecidos como Rodovia da Morte. O grupo se responsabilizou por atender vítimas no trecho entre Rio Piracicaba e Antônio Dias. Atualmente, 32 socorristas se revezam em plantões de 24 horas, de domingo a domingo. Bráulio tentou conseguir uma ambulância com defeito que está no pátio da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em Belo Horizonte. A idéia era consertá-la, mas o carro não foi liberado. A Prefeitura de Nova Era cedeu-lhe, então, uma outra ambulância. Hoje, o combustível do veículo é pago por uma empresa.
Desafio
O envolvimento com o trabalho é tão intenso que Bráulio mora em uma sala cedida pelo Hospital São José, cujo pátio abriga a ambulância usada pelo Gave. “Não levo vocês até lá porque está uma bagunça. Não desgrudo do telefone celular, que pode tocar a qualquer hora do dia ou da noite”, conta. Ao fim das missas de domingo, o padre tem pedido doações de material de enfermagem, como ataduras, compressas e gazes. Por mês, são 28 atendimentos, em média. Se o caso é mais grave, o trabalho é feito a partir de orientações passadas por um médico, pelo telefone.
O desafio do grupo é arrecadar mais dinheiro, para comprar um oxímetro (equipamento que determina a saturação de oxigênio) e um desfibrilador (máquina que emite descarga elétrica transmitida ao tórax do paciente). Um dos objetivos dos bombeiros é apoiar a criação de grupos de voluntariado principalmente em municípios entre cinco e 10 mil habitantes, uma solução barata para a corporação e, muitas vezes, bastante eficiente. Tiradentes, por exemplo, está localizada bem perto de São João del-Rei, mas mantém um grupo de voluntários. Em caso de incêndio no Centro Histórico, os prejuízos serão bem menores se o primeiro atendimento for bem-feito.