Associada à falta de informação, a distribuição de camisinha é baixa: ocorre em apenas 30% dos serviços, sendo que a maioria foi ofertada nos Centros de Apoio Psicossociais (CAPs) e em apenas um hospital psiquiátrico. "A pesquisa mostra claramente o problema do acesso ao preservativo. Este ano, o governo federal comprou 1 bilhão de camisinhas para distribuição e vai adquirir mais 1,2 bilhão para incluir nos serviços de atendimento aos portadores de distúrbios mentais", diz a diretora nacional do programa de DST/Aids, Mariângela Simão.
E a preocupação não é apenas com a Aids. O estudo verificou a estimativa de ocorrência de outras doenças sexualmente transmissíveis: sífilis, hepatites B e C. As taxas mais elevadas de sífilis e HIV foram verificadas entre mulheres mais jovens. Já as hepatites B e C tiveram incidência maior entre homens mais velhos.
Atuação específica
Para o psiquiatra Paulo Sérgio Dias, diretor clínico do Hospital Eduardo de Menezes, em Belo Horizonte, principal instituição pública de Minas para tratamento de doenças infecciosas, sobretudo Aids, é necessário haver política específica para esse tipo de paciente. Só de pessoas portadoras de sofrimento mental e positivas para vírus HIV, são cerca de 70 atendimentos fixos em seu consultório. “Alguns desenvolveram os distúrbios depois de saber que portavam o vírus. Hoje, o atendimento é igual ao da população em geral, com a diferença de que o paciente com o distúbrio precisa do acompanhamento psiquiátrico. Não adianta nada o esquizofrênico, por exemplo, ouvir na TV que deve usar camisinha. Alguns transtornos deixam a pessoa com o desejo sexual nas alturas ou com redução crítica”, explica.