“O bispo se mostrou indignado com a situação, principalmente ao lembrar do assalto ao museu sacro de Oliveira, em 25 de setembro de 1994, quando mais de 30 peças foram levadas e até hoje não foram recuperadas”, disse Marcos Paulo, destacando que, por falta de segurança, o museu continua fechado. Na oportunidade, dom Miguel também registrou o roubo de três imagens – Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora do Rosário e São Sebastião –, em 1996, em Itaguara, a 100 quilômetros de Belo Horizonte. Das três, apenas a de São Sebastião foi recuperada pela Polícia Federal.
Na tarde de sexta-feira, Marcos Paulo esteve reunido com representantes do governo estadual – das secretarias de Defesa Social e de Cultura e da vice-governadoria – para pedir a criação de delegacias de polícia especializadas no combate a esse tipo de crime, a exemplo da existente para crimes de informática e fraudes eletrônicas. “A quantidade de peças furtadas cresceu muito. Os números deste ano representam um quinto das 345 peças dadas como desaparecidas no estado”, disse Marcos Paulo.
Mapa do furto
No dia 20, o Estado de Minas mostrou o mapa dos furtos em Minas e a ação dos bandidos, que, além das igrejas católicas, invadem até cemitérios antigos e residências em busca de imagens e outros objetos sacros. Agindo no Centro-Oeste, para fugir da fiscalização no eixo barroco mais conhecido – Ouro Preto, Mariana, Sabará, São João del-Rei e Diamantina –, eles adotam novas táticas. “Há maior diversificação quanto aos locais arrombados e às peças roubadas”, disse a gerente de Identificação do Iepha, Angela Canfora, que coordena o grupo de trabalho do Programa de Apoio à Identificação e Restituição de Bens Culturais Desaparecidos do instituto.
Neste ano, no Centro-Oeste, houve furtos em Ibituruna, de onde foram levadas 21 peças, sendo 13 da Igreja Matriz do São Gonçalo do Amarante (entre elas dois resplendores de madeira, um turíbulo prateado, três castiçais prateados, 1 cálice pequeno dourado, uma imagem de São José, de gesso e um ostensório banhado a ouro) e oito da Igreja do Rosário (um cálice banhado a ouro, um lavabo prateado, um jarro prateado e cinco castiçais). Em Pompéu, 28 peças foram furtadas e recuperadas pela polícia, enquanto em Cláudio continuam sumidas as imagens da padroeira da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, na comunidade do Rosário, e a de São Sebastião, do distrito de Monsenhor João Alexandre.
Ainda este ano, houve furtos em Matias Cardoso, no Norte de Minas (três imagens da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição: Sant’Ana Mestra, de 64cm de altura, São Miguel, de 85,5cm e Nossa Senhora do Bonsucesso, de 53cm, todas de origem portuguesa), em Pratápolis, no Sul (imagem do padroeiro da Igreja Matriz do Divino Espírito Santo, com 1m de altura e pesando 30kg), em Tiradentes, nos Campos das Vertentes (duas peças do século 18 levadas de uma residência e que já foram recuperadas), de Juiz de Fora, na Zona da Mata (sete válvulas de caldeira, em bronze e cobre, de duas locomotivas em exposição no Museu Ferroviário/Fundação Cultural Alfredo Ferreira Laje) e do distrito de Roças Novas, Caeté, na Grande BH (quatro coroas de Nossa Senhora e um cálice da Igreja Matriz de Nossa Senhora Mãe de Deus).
Obras desaparecidas
Veja o número de furtos de peças sacras, obras de arte e outros bens culturais, em Minas, nesta década
2001 5
2002 0
2003 63
2004 0
2005 1
2006 1
2007 2
2008 73
Pesquisa EM, com base em dados dos órgãos de proteção do patrimônio. Os números se referem ao desaparecimentos de bens relatados às autoridades