Condenado por roubo e homicídio, e cumprindo pena na Penitenciária Doutor Manoel Martins Lisboa, em Muriaé, na Zona da Mata, André Gomes Cassimiro, de 22 anos, terá uma rotina diferente neste sábado. Assim como mais de 93 mil estudantes do ensino fundamental e médio das escolas públicas de Minas Gerais, ele vai participar da segunda etapa da 4ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas Municipais, Estaduais e Federais (Obmep), que ocorre em todo o país.
André estudou até a 4ª série do ensino fundamental e, depois que foi condenado, retomou os estudos. Hoje, cursa a 5ª série e diz que, na escola montada na penitenciária, está aprendendo a discernir o que é certo e o que é errado."Pretendo usar o estudo para ajudar na minha recuperação", afirma o detento.
Em companhia de mais 11 detentos do presídio em Muriaé, ele se classificou para segunda etapa da Obmep e divide com os companheiros o sonho de estudar, sair da cadeia e se reintegrar à sociedade. Almir Costa Silva, de 36, cumprindo pena por homicídio, também é aluno da 5ª série. Pintor, tem três filhos e dois netos, e afirma que o estudo mudou o seu comportamento e dos outros presos, tornando o ambiente mais tranqüilo e amistoso.
Cursando a 8ª série e cumprindo pena por homicídio, Elias dos Santos Silva, de 32, vai participar da Olimpíada acreditando que as portas de um futuro longe dos crimes estão se abrindo para ele. Homenageado nesta sexta em Muriaé, junto com os outros presos classificados para a segunda etapa das provas, ele se sentiu orgulhoso do esforço que fez para retomar o aprendizado.
Além de André, Almir e Elias, também se classificaram para a segunda etapa do Obmep os presos Antônio Marques da Costa, Bruno Amorim Felipe, Edmilson Borges da Cruz, Jackson Marques Santiago, Fabiano Carlos Gouvêia, Leandro Estolano da Silva, Mário Lúcio Custóvio Vandeir, Benvindo da Mata e Wendel de Souza Sátiro.
Estudo diário
Todos eles foram homenageados nesta sexta-feira na sede da 23ª Superintendência Regional de Ensino. São alunos da Escola Estadual de Ensino Médio e Fundamental (EJA) que funciona dentro do presídio, numa parceria da Secretaria de Estado de Defesa Social e de Educação. Ao todo, 350 presos fazem o curso do EJA e 120 participaram da primeira etapa da Olimpíada de Matemática.
Os 12 classificados para a segunda fase do exame acreditam que têm chances de se saírem bem e de serem premiados. Para isso, passaram a estudar nada menos que seis horas por dia. Promovida pelos ministérios da Ciência e Tecnologia e da Educação, a Obmep premia os primeiros colocados com bolsas de iniciação científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), no valor mensal de R$ 100.
