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Estado de Minas

Reforma da Casa do Conde revela detalhes históricos


postado em 04/11/2008 08:05 / atualizado em 08/01/2010 04:06

Palacete que integra conjunto da Praça da Estação ganha novas cores e mostra seus traços imponentes, depois de quase três anos de obras(foto: Jackson Romanelli/EM/D.A Press)
Palacete que integra conjunto da Praça da Estação ganha novas cores e mostra seus traços imponentes, depois de quase três anos de obras (foto: Jackson Romanelli/EM/D.A Press)

Uma testemunha importante do nascimento de Belo Horizonte mostra a beleza de seus traços originais e a imponência da arquitetura do século 19. Depois de quase três anos de restauração – a terceira etapa termina dia 31 –, a Casa do Conde de Santa Marinha, no Bairro Floresta, Região Leste, traz de volta a beleza da fachada original, das madeiras de lei do teto, dos pilares de ferro e de detalhes internos que ficaram durante décadas encobertos por placas de gesso inadequadas ou camadas de tinta. Sede regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o palacete se integra ao conjunto da Praça Rui Barbosa (Estação), garantindo, agora, mais harmonia para a paisagem da região e valorização da história da cidade.



No segundo pavimento, na sala da divisão técnica, o superintendente do Iphan em BH, Leonardo Barreto de Oliveira, chama a atenção para o forro, que foi totalmente recuperado e ganhou novo tipo de iluminação, que realça os tons escuros da madeira e dá mais leveza ao ambiente. Na sala da biblioteca, no térreo, os restauradores fizeram descobertas surpreendentes, a partir da retirada de placas de gesso para rebaixamento do teto. O salão pode ser visto em sua amplitude, deixando totalmente aparentes as colunas de ferro, de sustentação, que ficavam à mostra apenas pela metade. “É um casarão de base sólida, sem muitos elementos artísticos, mas de suma importância para a memória da capital. Mesmo situado ao lado das linhas de trem e do metrô, o prédio não apresenta uma trinca sequer”, diz o superintendente.

Restaurada com recursos próprios do Iphan, a casa, de 1,4 mil metros quadrados de área construída, já consumiu, nas três etapas iniciais, cerca de R$ 1,5 milhão. Na primeira, em 2006, a superintendência implementou os serviços na cobertura, no forro e nos pisos. No ano seguinte, chegou a vez da parte elétrica e a segurança eletrônica (detectores de presença de pessoas e de fumaça). Na fase que termina este mês e conclui a quase totalidade dos serviços, foram contempladas a pintura externa e os equipamentos hidráulicos, além da colocação de pára-raios. Para permitir o acesso de todos, principalmente portadores de deficiência, duas novidades: elevadores modernos e adaptações nos banheiros. “Esta é o primeira sede do Iphan no país a ter esses serviços de acessibilidade”, orgulha-se Leonardo.

Para o ano que vem, encerrando a quarta etapa, estão previstos outros melhoramentos, como a iluminação externa, construção dos jardins, restauro do salão nobre, com seu belo teto, e demolição de um anexo, que mais parece um corpo estranho. Da varanda, que ainda consegue exibir, no teto, parte da madeira esculpida (lambrequins) para ornamentação, Leonardo antecipa a restauração dos galpões. “O objetivo é que este espaço se transforme num grande complexo do Ministério da Cultura (MinC), juntando a sede do Iphan, da Fundação Nacional de Artes (Funarte), que já ocupa alguns galpões e promove eventos, e do MinC, que também vai construir sua sede”, afirma. Para moradores e visitantes, a área funcionará como corredor cultural, permitindo a quem estiver no Museu de Artes e Ofícios (MAO), que ocupa o antigo prédio da Estação, um acesso direto à Casa do Conde.

Mudanças

Erguida por volta de 1896 pelo industrial Antônio Teixeira Rodrigues – responsável pela implantação de uma rede ferroviária que ligava as pedreiras localizadas nos arredores ao Centro da cidade em construção –, a casa teve outras serventias ao longo do século passado, sendo também colégio e escritório da Rede Ferroviária Federal, extinta em janeiro de 2007 e em processo de inventário dos bens. O sobrado, no entanto, serviu como residência do conde durante pouco tempo, pois ele morreu em 1900.

Devido às suas linhas e sistema construtivo, a Casa do Conde é referência do desenvolvimento da arquitetura e da história de BH. Ao lado de outras edificações locais forma, conforme os estudos, um conjunto raro e exemplar, que mereceu tombamento do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha/MG) e da Prefeitura de BH. Pertencente à União, o casarão está em processo de transmissão de posse para o Iphan.

Ao longo dos anos, abrigando os mais diversos tipos de uso, o palacete em estilo eclético foi constantemente modificado para se adaptar às necessidades dos ocupantes: em caráter provisório, foi ocupado pelo Colégio de Santa Maria; em meados da década de 1910, o segundo pavimento passou a ser a moradia do intendente da Rede Ferroviária; e, devido a um acidente em 1953, quando um dos carros do trem Vera Cruz bateu na sua lateral, o prédio sofreu alterações e teve todo o lambrequim original retirado. Em 1957, com a extinção da Central do Brasil e a criação da Rede, a Casa do Conde passou a abrigar unidades da Superintendência Regional de Belo Horizonte, ocasião em que foi montado o Museu Ferroviário, que permaneceu no local até setembro de 1996.


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