O Departamento de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit) adotou uma estratégia polêmica na tentativa de reduzir as trágicas estatísticas no Anel Rodoviário de Belo Horizonte, onde, neste ano, houve 2.070 acidentes e 22 mortes, sendo 10 de pedestres e seis de motociclista. Uma cerca com arame farpado foi instalada em trechos entre o viaduto sobre a Avenida Dom Pedro II e o Shopping Del Rey, na Região Noroeste da capital, para impedir que motoristas mudem de pista passando sobre o canteiro de grama. A manobra é bastante perigosa, pois os condutores que praticam a imprudência reduzem a velocidade, repentinamente, numa via de trânsito rápido. A medida divide opiniões. O Dnit informa que a estratégia é paliativa e que estuda uma forma de substituir a cerca.
“O movimento de motos aqui é intenso. Imagine se um motoqueiro sofrer um acidente e for jogado para o canteiro? O arame farpado pode até degolá-lo”, critica Pedro Paulo Vidal, de 30, que mora em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e trabalha numa empresa às margens da via. Ele, porém, se arrisca, todos os dias, numa perigosa travessia das pistas, pois o restaurante que almoça fica do outro lado do Anel. “A passarela mais próxima está bem longe”, justifica.
Radar
Enquanto isso, para reduzir os acidentes, o poder público aposta no radar móvel que entrou em operação na quarta-feira. O aparelho, cedido pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER) à Polícia Militar Rodoviária (PMRv), flagrou, apenas no primeiro dia, mais de uma infração por minuto. Ao todo, foram 811 autuações em 10 horas de fiscalização. Na quinta-feira, apenas no período da manhã, pelo menos mais 189. “Foram mais de mil multas entre segunda e o início da terça-feira”, diz o capitão Agnaldo de Lima Barros, subcomandante da PMRv.
O Estado de Minas percorreu quinta-feira os 26,2 quilômetros da via, construída na década de 1960 para ligar a BR-040 à BR-381, e constatou várias irregularidades, como motoqueiros aproveitando buracos na mureta de concreto que separa os dois sentidos da pista para fazer uma conversão arriscada. A quantidade de pessoas que atravessam a rodovia debaixo de passarelas também espanta. Motoristas que dirigem com excesso de velocidade e caminhões pesados trafegando na faixa da esquerda, o que é proibido, foram outros maus exemplos.
O governo federal e a prefeitura destinaram, em 2006, cerca de R$ 80 milhões para revitalizar o Anel, que recebeu camada de asfalto, passarelas, pintura na sinalização horizontal, placas e outras intervenções importantes. Porém, há brechas na segurança, como as 10 lombadas eletrônicas desativadas há 12 meses. O Dnit havia providenciado a licitação do serviço, mas empresas que perderam o processo ajuizaram ações na Justiça e conseguiram a suspensão do processo.