Jornal Estado de Minas

Anel Rodoviário registra mais de uma multa por minuto

Pedro Rocha Franco
Equipamento será instalado em locais estratégicos para tentar reduzir o número de acidentes. Infração pode custar até R$ 574,62 - Foto: Euler Júnior/EM/D.A Press
A Polícia Militar Rodoviária (PMRv) voltou a usar o radar móvel nos 26 quilômetros do Anel Rodoviário e, nas 10 primeiras horas de monitoramento, foram anotadas 811 multas – média de 81,1 por hora ou mais de uma por minuto. Mesmo com a presença de cinco viaturas e carros da imprensa os motoristas não se inibiram. Somente na primeira hora de fiscalização com o novo aparelho, 82 pessoas foram flagradas por dirigirem acima do limite permitido – 80 km/h –, no km 5, situado no trevo do Bairro Betânia – trecho logo depois de uma curva.
Para obrigar os motoristas a reduzir a velocidade, o radar deve mudar de posição pelo menos cinco vezes ao dia. No primeiro dia, além do Betânia, o aparelho passou pela Avenida Catalão (km17) e a entrada do Bairro Buritis (km 3). Em funcionamento durante 24 horas, devem ser priorizados pontos estratégicos, como a descida de cinco quilômetros do Bairro Olhos d’água até o trevo do Betânia e os viadutos do Bairro São Francisco e da Avenida Amazonas. A medida integra uma série de ações, iniciadas com a criação de uma força-tarefa entre os principais órgãos de trânsito e entidades particulares.

O equipamento, cedido pelo Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG), consegue acompanhar simultaneamente as três faixas da rodovia em um mesmo sentido e, automaticamente, fotografa os veículos que estiverem acima do limite. Em apenas um quarto de segundo, é feita a identificação da placa, podendo ser armazenadas até 8 mil autuações até ser feito o descarregamento do material em um computador. “A partir da produção de prova material, dificilmente o motorista obtém recurso para invalidar a autuação. Mas a intenção não é punir ninguém e, sim, que todos tenham consciência da importância de se dirigir de forma preventiva. Se não houver nenhuma multa será um bom sinal”, afirma o sub-comandante da Companhia de PMRv, capitão Agnaldo de Lima Barros.

As autuações para quem dirige acima do estabelecido variam de R$ 85,13, em casos de velocidade até 20% superior ao máximo, até R$ 574,62, para quem ultrapassa em mais de 50% o limite. Além disso, é determinada perda de pontos na carteira de habilitação, variando de 4 a 7 pontos.

Sem controle de velocidade desde o término do contrato com as operadoras dos equipamentos do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit), no ano passado, o número de acidentes subiu 17,78% em comparação com o ano anterior ao desligamento. Segundo o subcomandante da Companhia de PMRv, desde a união de forças, em julho, o resultado tem sido satisfatório. O número de mortes caiu de 13, no segundo semestre do ano, para quatro nos três meses seguintes. “Esta nova ação não garante a redução definitiva, mas colabora para conter o aumento de vítimas”, afirma. Apesar da diminuição, nos últimos cinco anos, foram 9.477 acidentes, que resultaram em 143 vítimas fatais e 3.979 feridos.

Força-tarefa

A principal preocupação das autoridades tem sido com motociclistas e pedestres. Das 22 mortes registradas este ano, 10 envolveram pedestres e outras seis tiveram a presença de motos. Segundo o capitão, o problema está relacionado com a convergência entre dois tipos de tráfego incompatíveis: urbano e rodoviário. “O diagnóstico é claro. Para reduzir os casos, temos feito campanhas educativas nas escolas localizadas ao redor do complexo viário e faixas de pano foram posicionadas para instrução dos usuários”. Além disso, o Dnit mapeou os pontos com mais problemas e instalou mais de 300 placas com indicação da velocidade permitida em cada local, sinalização para obstáculos, além da colocação de defesas metálicas nas pontes, viadutos e curvas perigosas.

Outro personagem considerado problemático são os veículos pesados. Apesar da proibição, caminhões e ônibus rodam constantemente pela faixa da esquerda e são causadores dos acidentes com maior repercussão. Durante cerca de uma hora, um fiscal do DER-MG anotou 11 deste tipo de irregularidade, fora as placas que não puderam ser anotadas, por causa da alta velocidade. A construção do Rodoanel, ligando a BR-381, na saída para São Paulo, com a mesma rodovia, na saída para Vitória, cruzando a BR-040, é considerada uma das principais soluções para aliviar o tráfego no Anel Rodoviário e garantir o escoamento da produção na região metropolitana.