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Estado de Minas

Aprenda a reduzir o risco de intoxicação


postado em 17/10/2008 08:32 / atualizado em 08/01/2010 04:11

Alérgica a alguns remédios, Ana Clara Valle de Paula, de 8 anos, conta com a ajuda da avó, Elza Sacramento, para evitar problemas(foto: Marcos Michelin/EM/ D.A Press)
Alérgica a alguns remédios, Ana Clara Valle de Paula, de 8 anos, conta com a ajuda da avó, Elza Sacramento, para evitar problemas (foto: Marcos Michelin/EM/ D.A Press)
O primeiro sintoma foi uma coceira. Depois, o que parecia uma simples erupção na pele, evoluiu para urticária em todo o corpo. E a criança, então com oito meses de idade, terminou num leito de hospital para evitar sufocamento e edema de glote. Foram três dias de internação e uma vida inteira de medo de uma nova reação à amoxicilina. Histórias como a de Ana Clara Valle de Paula, hoje com 8 anos, engrossam estatísticas do Ministério da Saúde, que identificou 107,9 mil casos de intoxicação humana num único ano, sendo que 488 culminaram em morte. Os dados, divulgados pela Fundação Oswaldo Cruz, foram coletados em 2006, em 30 centros de informação e assistência toxicológica do país.

Os medicamentos lideram a lista dos principais agentes que causam reações adversas, respondendo por 30,5% das ocorrências registradas pelo Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), ligado à Fundação Oswaldo Cruz. Em seguida, aparece a intoxicação por animais peçonhentos, como escorpiões e cobras, com 19,9% dos casos, e a ingestão de produtos sanitários de uso doméstico (11%). O total de registros em 2006 é quase 30% maior que no ano anterior, quando houve 84.456 ocorrências, com 456 mortes.

Segundo o levantamento, as principais vítimas do uso indevido de medicamentos são as crianças, que representam 24,1% dos casos registrados. Para quem viveu de perto o susto de uma intoxicação, a regra é ser prudente no uso de remédios. “O médico receitou um antiinflamatório para dor de garganta e, sete dias depois do início do tratamento, Ana Clara começou com os sintomas da reação. O seu rosto inchou muito e ela ficou deformada. Até hoje somos neuróticos com remédios e temos medo de dar até um comprimido para gripe. Para qualquer mal-estar, faço uma consulta com especialistas”, conta a avó da menina, Elza Sacramento do Valle, de 66 anos.

Calmantes, antidepressivos, antigripais e antibióticos são as classes de medicamentos que mais causam intoxicações. Para a coordenadora do Sinitox, Rosany Bochner, uma das conclusões dessa pesquisa é que há cultura de exagero no consumo e uso de remédios no país, o que se reflete no seu armazenamento excessivo e desnecessário em casa. “Acredito que todos podem fazer uma reflexão diante disso: 28,6% das intoxicações por medicamentos ocorridas com crianças são acidentais e, portanto, poderiam ser evitadas”, diz.

Belo Horizonte

Entre janeiro e setembro deste ano, o Hospital de Pronto-Socorro (HPS) João XXIII, referência no atendimento de urgência em BH e em Minas, registrou 709 casos de intoxicação por medicamentos. Além dessas ocorrências, houve 252 tentativas de suicídio com uso de remédios. Em todo o país, foram 23 mil intoxicações atribuídas a adultos que tentaram se matar, sendo que 61,8% deles utilizaram medicamentos. Os demais casos estão relacionados à ingestão de raticidas (11,4%) e agrotóxicos (10,9%).

O Centro de Toxicologia do HPS atende uma média de 10 mil a 12 mil casos de intoxicação por ano. A unidade ainda mantém um telefone de plantão (3224-4000) para orientar quanto às primeiras providências que devem ser tomadas nesses casos. “Cerca de 30% dos atendimentos são acidentes, por isso é preciso redobrar os cuidados com medicamento em casa. Os remédios devem ser mantidos em lugares altos, de difícil acesso para crianças e, de preferência, trancados. Também é importante acabar com a mania de guardar restos de medicamentos, pois isso induz à automedicação e pode facilitar a contaminação de xaropes e comprimidos já abertos. Quanto aos idosos, é preciso acompanhamento para que eles tomem sempre a dose certa”, alerta o coordenador do centro do HPS e presidente da Sociedade Brasileira de Toxicologia, Délio Campolina.


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