Jornal Estado de Minas
ODISSEIA ARTÍSTICA

Três mulheres que compartilham o amor pela arte estreiam no mundo das joias


No dicionário, Odessa está definida como uma palavra grega que vem de odisseia, a grande jornada. Na moda, ganhou outro significado: é o nome de uma nova marca que coloca três amigas em um caminho de aventuras e descobertas pelo mercado de joias. A direção criativa fica com a artista Susana Bastos, conhecida pelos móveis, utilitários e objetos decorativos que desenvolve à frente da Alva Design.
 
 
Livia David nasceu em Montes Claros, é engenheira civil e apaixonada por todo tipo de arte. Morou em Nova York, 10 anos atrás, e lá viu despertar uma vontade genuína de criar. A Odessa materializa sua coragem de, enfim, se assumir como artista.
 
“Hoje, tenho muito mais maturidade para fazer escolhas e me arriscar em um mundo que sempre admirei, de longe, como espectadora.”
 
Luana Costa nasceu na Paraíba e cresceu no Rio de Janeiro. Aos 17 anos, foi morar na Suíça para estudar francês e lá se envolveu com moda. Depois, passou uma temporada em Nova York, onde trabalhou em uma revista de moda e apurou seu olhar para as artes.

 

- Foto: Arthur Oliveira/Divulgação 

Depois da chegada dos filhos gêmeos, Livia sentiu vontade de voltar para o mercado de trabalho, mas não como engenheira civil. Procurou a amiga que havia conhecido em Nova York e a convidou para embarcar em uma aventura pelo universo das joias.
Luana sempre achou o trabalho de ourives maravilhoso e topou na hora.

Susana é estilista, artista plástica e designer. Ficou amiga de Livia quando desenhou o vestido de noiva dela, em 2011. Seis anos depois, as duas trabalharam juntas na Alva Design. Uma multiartista era tudo o que a engenheira imaginava para levar seu plano adiante: conectar arte e joalheria.
 
“Desenhar joias é como se fosse o mesmo processo de fazer esculturas, mas numa outra escala”, comenta a artista. Susana une na Odessa a sua experiência na moda com acessórios e a sua história nas artes plásticas. Nos últimos trabalhos de escultura, inclusive, ela se dedicou ao bronze polido, que tem similaridade com o ouro das joias.
 
- Foto: Arthur Oliveira/Divulgação 
A criadora não segue o pensamento clássico da joalheria. Propõe um design mais ousado na busca por peças contemporâneas e modernas.
Assim como na arte, Susana trabalha com liberdade para experimentar, romper com os padrões, ser mais flexível e menos rígida.
 
Livia escolheu Susana como diretora-criativa justamente por ela ser artista e estar acostumada a ser livre para criar. Da mesma forma, a fundadora da marca quer que as mulheres tenham liberdade para usar as peças como bem entenderem. Seja com calça jeans e camisa branca ou com roupa colorida e salto alto.
 
“Queremos liberdade na criação e que a nossa cliente tenha essa liberdade de ser mais de uma, de fazer suas escolhas e transitar por vários contextos.”

Materiais brasileiros

A liberdade também está na escolha dos materiais. A marca utiliza neste primeiro momento o ouro (dourado e branco) sozinho ou acompanhado de diamante, turmalinas rosa e verde e topázio imperial. As pedras funcionam como pontos de brilho e cores.
 
Na segunda etapa da coleção, entram madeira e pérola. A pesquisa de materiais brasileiros tem sido constante e as pedras de rio já estão no radar.
 
- Foto: Arthur Oliveira/Divulgação
Em comum, além dos nomes em latim, as peças têm formas orgânicas com movimentos circulares. Isso se conecta com o nome da coleção, Finitude, que fala sobre ciclos, fins e recomeços.
 
O anel Vix se encaixa em dois dedos e tem o formato de um infinito interrompido, já que uma ponta não emenda com a outra. É como um ciclo que ainda não se completou.

O mesmo conceito conduziu a criação do anel Electio e do colar Tempus.
Ambos são circulares, mas não existe uma ligação entre as pontas. A presença de diamantes reforça esse desencontro.
 
Já o brinco Vita tem o formato do que parece ser um broto que está começando a germinar. Nesse caso, a inspiração vem do ciclo da natureza. O brinco carrega um certo mistério, já que seu fecho funciona como uma extensão que “atravessa” a orelha.
 
“A forma retrata o conceito, mas não de forma tão literal. Deixo que o pensamento e a intuição conduzam juntos o processo de criação”, pontua Susana.
 
A artista explora bastante os contrastes, os opostos, as dualidades. De um lado, a força de uma peça robusta. Do outro, a leveza de uma corrente tão fina que quase passa despercebida.
 
- Foto: Arthur Oliveira/Divulgação 
Vemos a “agressividade” de extremidades pontiagudas, chamadas por Susana de garras. Ao mesmo tempo, sentimos o conforto das peças grossas e arredondadas, que parecem ser acolchoadas.
 
A delicadeza de uma pedra lapidada fica lado a lado com outra pedra em seu estado bruto. O exagero contrasta com o minimalismo. Também dá para dizer que o clássico e o moderno se abraçam.
 
Susana é quem desenha as peças.
Livia acompanha a criação e leva as ideias para o ourives produzir. Seu trabalho coincide um pouco com o que fazia na engenharia: transformar desenhos em algo concreto.
 
Já Luana exercita seu conhecimento de moda com a produção dos ensaios, dos materiais de divulgação e cuida das vendas, que, por enquanto, são feitas exclusivamente pela internet.

Serviço

Odessa
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