Jornal Estado de Minas
AMR

Importância do voluntariado


 
A solidariedade é um dos valores mais nobres do ser humano, que pode trazer realizações pessoais para quem a pratica e que contribui para transformar a vida de quem recebe. E o trabalho voluntário pode ser considerado um dos melhores exemplos desse verdadeiro ato de amor. Por isso, 5 de dezembro é uma data que deve ser sempre lembrada, pois é quando se comemora o Dia Internacional do Voluntário, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1985 e que tem o objetivo de destacar as ações de solidariedade espontâneas praticadas em todo o mundo.
 
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em uma pesquisa publicada em junho do ano passado, o Brasil contava com 6,9 milhões de voluntários em 2019. O exercício do voluntariado é fundamental para que algumas instituições sem fins lucrativos possam continuar realizando seus serviços, principalmente para pessoas em situação de carência social.
 
O Corpo de Voluntários da Associação Mineira de Reabilitação (CVAMR), por exemplo, é um dos pilares que contribuem para que a AMR consiga levar adiante seu importante papel social. Ele conta com a dedicação, solidariedade e o comprometimento de 350 voluntários. “São pessoas que optaram pela atitude de fazer o bem ao próximo, doando seu tempo, conhecimento, recursos financeiros, materiais e pessoais à causa da AMR”, destaca Sérgio Belisário, presidente da AMR.
 
A história do Corpo de Voluntários da AMR começou há 41 anos, 16 anos após a fundação da AMR, que completou 57 anos em julho deste ano. Naquela época, a AMR atendia apenas as crianças que estudavam na Escola Estadual de Educação Especial Dr. João Moreira Salles, que careciam de tratamento de reabilitação neuromotora.
No entanto, foi identificada a necessidade de realizar outras atividades além da reabilitação, como celebrações em datas comemorativas.
 
“Foi a dona Edwirges Mendes, esposa de José Mendes Júnior, que na época era presidente da Construtora Mendes Júnior e apoiador da fundação da AMR, quem percebeu essa necessidade e resolveu então criar um grupo de mulheres para ajudar as crianças da escola. A princípio, as atividades consistiam em colaborar na alimentação, ajudar na troca de fraldas e participar como auxiliar assistente junto às professoras. Além disso, havia o intuito de levar um pouco mais de alegria às crianças em datas como o Natal, a Páscoa e o Dia das Crianças”, conta Adriana Belisário, presidente do CVAMR.
 
O grupo criado por dona Edwirges Mendes percebeu que também havia uma necessidade de captar recursos para colaborar com a instituição, que tinha muitos gastos financeiros para cuidar das crianças. Para arrecadar recursos, os voluntários decidiram criar a Noite dos Alpes, uma festa alemã que contava com muitas atrações, como a banda Cavalinho Branco, de Blumenau (SC), muito chope e comida germânica, além de barraquinhas onde eram vendidos diversos tipos de quitutes. Outra atração bastante conhecida era o Correio Elegante, que fazia muito sucesso entre os participantes.
 
Com o tempo, a Escola Estadual de Educação Especial Dr. João Moreira Salles se mudou para outro bairro, o Minaslândia, onde funciona atualmente, e o público da AMR foi se modificando. O êxito da instituição no tratamento das crianças fez com que chegassem à escola mais meninos com paralisia cerebral para reabilitação, que eram indicadas por hospitais, postos de saúde e médicos.
Com isso, o corpo de voluntários começou a trabalhar de outra forma, com a criação de diversas atividades diárias, como tapeçaria, oficinas de tear, de cerâmica e de bordado, entre outras, muito importantes para estimular a criatividade das crianças. Os eventos para angariar fundos para a associação, bem como a celebração das datas comemorativas, também continuaram a todo vapor.
 
A AMR cresceu bastante durante todo esse tempo e hoje atende, gratuitamente, 500 crianças e adolescentes com deficiência neuromotora em situação de vulnerabilidade social, moradoras de Belo Horizonte e de outras 29 cidades da região metropolitana, oferecendo um tratamento interdisciplinar que conta com médicos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e pedagogos, entre outros.
Atualmente, o CVAMR promove eventos para arrecadar doações, como o Chá Solidário, que teve sua 16ª edição realizada este ano, e a Feijoada Solidária, que realizou recentemente sua 4ª edição.
 
“Estamos cada vez mais presentes no dia a dia da AMR, sempre buscando aprimorar o trabalho voluntário e conseguir mais doações financeiras e parcerias. A gestão do CVAMR vem sendo aperfeiçoada ao longo dos anos objetivando o engajamento do grupo e o cumprimento das metas anuais definidas pelas coordenações junto à diretoria”, destaca a presidente do Corpo de Voluntários da AMR.
 
DEPOIMENTOS
 
“Ser voluntária é um trabalho muito especial, muita dedicação, muita responsabilidade, comprometimento e assiduidade. Trabalhamos para o outro, que nos espera todos os dias quando vamos para o trabalho. E eu tenho muito orgulho de ser da AMR, essa instituição tão bacana, tão respeitosa e tão especial. O trabalho voluntário é um trabalho que acrescenta a qualquer um, tanto na parte de aprendizado cognitivo quanto no aprendizado emocional e no aprendizado espiritual. O voluntariado deveria ser um item para estar no currículo de todos nós” 

Cláudia Azevedo, 
voluntária há mais de 10 anos na AMR

“O mais importante quando se escolhe ser voluntário é saber também qual a instituição acolher e saber que seu trabalho vai chegar em quem realmente precisa. Ser voluntária é muito importante na minha vida.
Me deu momentos de alegria e satisfação em saber que estou ajudando o próximo. Atualmente, sou coordenadora da Fábrica de Fraldas da AMR, onde produzimos 10 mil por mês e doamos para as famílias, o que fez muita diferença na vida delas. E é o que eu acho mais importante, a gente tem que fazer diferença para poder ajudar” 

Silvéria Castanheira, 
voluntária há mais de 10 anos e atual coordenadora da Fábrica de Fraldas da AMR

“Sou voluntária há 23 anos e passei pela evolução do Corpo de Voluntários da AMR. Hoje a gente continua com um projeto de engajamento, sempre melhorando e modernizando o nosso trabalho. Para mim, é muito importante trabalhar como voluntária na AMR, porque além de me realizar como pessoa, também realizo o sonho de outras pessoas. Por isso me sinto tão bem e tão feliz nesses 23 anos de voluntariado” 

Adriana Belisário, 
voluntária há 23 anos 
 
Estrutura de gestão
 
O CVAMR está estruturado com uma presidência, uma vice-presidência e 14 coordenações, essenciais para o bom funcionamento da instituição: Apadrinhamento e Mobilização de Recursos; Apoio; Bazar; Brechó; Captação de Voluntários e Treinamentos; Comunicação; Eventos Internos e Externos; Fábrica de Fraldas; Loja do CVAMR; Oficinas de Produção de Artesanato; Sala de Espera; Serviço de Acolhimento à Fila de Espera; Suporte ao Tratamento; e Tesouraria.
 
“Para ter uma dimensão do trabalho realizado por essas pessoas, através de diversas ações, o CVAMR arrecada, aproximadamente, o equivalente a um terço de todo o recurso financeiro utilizado pela instituição durante o ano. Uma contribuição fundamental para a manutenção e eficácia do tratamento das crianças atendidas pela AMR”, ressalta o presidente da AMR.
 
Mesmo sob o contexto da pandemia da COVID-19, o CVAMR não parou em nenhum momento nos últimos dois anos, contribuindo decisivamente com os esforços da própria AMR para não interromper o pleno atendimento às crianças e suas famílias. Pelo contrário, as equipes se reinventaram, formularam e executaram os tradicionais eventos de sua história, como o Chá Solidário e a Feijoada Solidária, de formas segura e seguindo todos os protocolos determinados pelas autoridades de saúde, e, assim, garantiram a manutenção do repasse de recursos financeiros indispensáveis à AMR.
 
Para Adriana Belisário, o terceiro setor é muito impactado pelo contexto externo. “Apesar disso, o Corpo de Voluntários da AMR aceita todos os desafios e prova, ano após ano, que o sucesso do resultado do trabalho de suas equipes é devido ao amor que os voluntários colocam em tudo o que fazem, o comprometimento que eles têm com a instituição e a certeza de que estão transformando vidas,” finaliza. 
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