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Estado de Minas Artista da moda

Arquiteto & estilista

Ele começou customizando, até se transformar em sucesso imediato com suas criações, Em que a pintura entra com força e define estilo


23/05/2021 04:00

(foto: Marcos Vieira/em/d.a press)
(foto: Marcos Vieira/em/d.a press)


Pandemia foi sinônimo de crise para muita gente, mas vários otimistas viralizaram uma frase: “Na crise, tire o S e crie”. O jovem Rafael Motta não precisou pensar em crise, ele simplesmente fez o que já faz desde pequeno: criou. E colheu sucesso em quatro horas. Criou mais, e colheu mais sucesso em 24 horas. E não parou mais.
 
(foto: ARQUIVO PESSOAL/divulgação)
(foto: ARQUIVO PESSOAL/divulgação)
 
 
Não entendeu? Vou explicar. Rafael Motta é filho de artista. Dizem que filho de peixe, peixinho é. Em alguns casos, é pura verdade. O rapaz, hoje com 22 anos, estudante de arquitetura, sempre foi um apaixonado por desenho e pintura, tanto é que, ainda pequeno, fazia isso durante as aulas. Artista é assim, viaja muito, não consegue ficar preso na caixinha. Não segue padrões preestabelecidos, não há regras, apenas criatividade, necessidade de se expressar.
 
Coleção de moletom
Coleção de moletom
 
 
Filho mais velho da estilista mineira Patrícia Motta – referência nacional em roupas de couro –, ainda adolescente não conseguia jogar suas roupas antigas fora e comprar uma nova. Preferia renovar o que tinha. E fazia o que sabia fazer de melhor: pintava, criava uma coisa nova, dava vida a uma coisa que estava esquecida.
 
 
 
E foi usando suas peças “customizadas” que chamou a atenção dos amigos. Não teve como escapar dos pedidos dos colegas de sala, e com 15 anos já pintava muitas roupas. Sua primeira encomenda, ou seja, a primeira venda, também veio de uma colega, que pediu a ele para pintar um lobo em um tênis All Star. Seria um presente para o professor de dança dela, que chamava Pedro Lobo. “Foi a primeira peça que eu vendi comercialmente, porque antes eu fazia na amizade, só mesmo para os amigos, só para dar um ar novo para peças antigas.” Quando se tem talento, o sucesso vem. As pessoas viram o tênis e passaram a encomendar pinturas em seus tênis.
 
 
 
Por causa da demanda, Rafael criou uma página no Instagram chamada Personalized shoes, porque na época só fazia tênis. O negócio foi crescendo e ele passou a pintar jaquetas e bolsas. Foi um pulo para ser convidado a participar de eventos, pintando peças ao vivo para os convidados. Chegou a fazer um na Sax do Bal Harbour, junto com a Karol Sinesia, pintando bolsas. Aqui no Brasil, já fez eventos com Arezzo e Shultz em vários estados, e em BH em diversas lojas.
 
 
 
“Acho que as pessoas hoje sentem falta de identidade, compram praticamente as mesmas coisas, saem e estão iguais aos outros. Pelo que percebo, estão querendo peças únicas, que as identifiquem. E é por isso que me procuram, para criar um desenho exclusivo e transformar a sua peça”, analisa Motta, que também pinta telas. “Agora estou fazendo quadros, mas minhas telas contam a história de vida da pessoa, claro que com a minha criatividade. Sempre tenho uma conversa antes para conhecer a história de vida do cliente, para então representar essa história na tela, e aquela arte ter um significado especial para a pessoa. Quando alguém chegar na casa, vai ser possível contar a sua história a partir daquela tela. A sua história refletida na obra de arte, pendurada na sua casa. Isso é bem diferente do usual.”
 
 

NOVA MARCA A demanda de pintura em peças cresceu muito e o artista não estava conseguindo atender a todos e, ao mesmo tempo, não queria falar não para ninguém. Foi então que, no início da pandemia, teve a ideia de criar a marca NoName Concept. Começou fazendo moletons, com seus desenhos estampados neles. Não era uma peça pintada a mão, mas era sua arte que as pessoas poderiam ter, com um preço mais acessível. “Todo mundo estava nessa vibe de ficar em casa e curtir o momento. Criei um site e lancei 250 peças, divididas em três desenhos diferentes. O sucesso foi tão grande que esgotou em quatro horas”, conta. A solução foi produzir nova remessa com o triplo de peças, que se esgotaram em menos de 24 horas. Para essa segunda remessa, Motta colocou dois pontos de venda físicos: loja Patrícia Motta, em BH e loja Namix, em Curitiba.
 
Croqui da próxima coleção cápsula, que será lançada em junho
Croqui da próxima coleção cápsula, que será lançada em junho
 
 
 
Com história e sem gênero 
 
Rafael decidiu não lançar coleção por estação. Cria e lança cápsulas quando ficam prontas, independentemente da época. A próxima chama Vida e será lançada em junho, inspirada na borboleta. A beleza do inseto é a representação máxima da transformação, já que é fruto da metamorfose. O artista quer mostrar que na vida passamos por dificuldades, desafios. Segundo a ciência, a lagarta sente incômodo e dor no processo de mutação até se transformar em borboleta, e esta simbologia foi usada por Rafael para mostrar que para evoluir também passamos por dores e incômodos, mas temos que aceitar que isso ocorra para florescer depois.
 
 
 
No final de 2020, Motta fez uma Pop Up em Trancoso, lançando uma nova coleção em peças de linho e, claro, com seus desenhos, que nesse caso têm toda uma história. Começa com o desenho Pensar, que é um rosto; depois vem o Sentir, que é um coração humano. A ideia por trás da arte é que quando você encontra o equilíbrio entre o pensar e o sentir você cresce em todos os sentidos. O Crescer é representado pela girafa, e quando você cresce você planta algo novo na sua vida, e quando você planta, a semente germina e dá frutos, e você colhe os frutos desse crescimento, que na coleção são representados pelos cogumelos.
 
A NoName não tem gênero, é uma grife genderless, na qual todas as peças podem ser usadas por todas as pessoas, é um conceito só. Tem camisa, poncho, calça, short com desenhos feitos a mão estampados nelas. Essa é a identidade da coleção e da marca. Não precisa dizer que também foi um sucesso. “Senti falta lá em Trancoso de produtos para homens, tudo é muito focado nas mulheres. O homem também é um mercado. Tinha muito gringo lá e eles adoraram essa ideia da roupa sem gênero, de poder usar a mesma roupa da namorada. A aceitação foi muito boa também por causa da história que tem por trás da coleção. Isso cativou as pessoas”, conta.
 
Como todo criativo, Motta não consegue se ater a um só projeto. Além das roupas e telas, o rapaz também pinta escultura de jaguar, de 93cm de altura, que vem em base preta ou branca, e faz a pintura baseado no que a pessoa quer. 


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