Jornal Estado de Minas

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Associação promove ações mensais para atrair compradores a MG o ano todo

Alles - D'Laport - Foto: Henrique Falci/Divulgação - Luana Alves/Divulgação
As fábricas tiveram que repensar a produção, o calendário de lançamentos não é mais o mesmo, as estratégias de venda mudaram. O mercado virou de cabeça para baixo desde o início da pandemia, o que obrigou o Instituto Amem (Associação Mineira de Empresas de Moda) a rever seus planos. Na última semana, foi lançado o movimento Amem, que organiza ações mensais para movimentar o showroom das marcas, impulsionar vendas e reforçar a qualidade do produto mineiro.
 
O movimento Amem chega para substituir o projeto Lançamento Unificado, lançado há quatro anos, que concentrava a movimentação nos showrooms em uma única semana por temporada, com o objetivo de atrair mais compradores e potencializar as vendas. Com a pandemia, as marcas tiveram que repensar a lógica de produção e lançamento e as datas passaram a não coincidir mais.
 
A mudança parte da constatação de que seria impossível, ainda mais neste cenário de incertezas, chegar a um calendário comum. Cada marca precisou se adaptar de um jeito diferente ao momento. Tornou-se, então, urgente pensar em uma solução mais plural, que pudesse atender a todos os segmentos do mercado: varejo (loja física/e-commerce) e atacado (pronta-entrega/pedido).
 
As ações visam garantir um fluxo contínuo de vendas ao longo do ano. “Não queremos impor calendário. O movimento oferece uma oportunidade a mais para dar visibilidade às marcas e promover vendas.
Independentemente da data de lançamento, as ações vão ajudar”, pontua a presidente do Instituto Amem, Alice Corrêa, coordenadora de marketing e vendas da marca Marcia Morais.
 
 
A iniciativa prevê ações mensais, que vão se somar às estratégias das marcas. Nada é planejado com antecedência, trabalha-se com agilidade para entender o que está acontecendo naquele momento e captar as necessidades dos associados. Adaptação é mesmo a palavra da vez, tanto que a logomarca do movimento é inspirada nas curvas de Oscar Niemeyer – a fluidez da arquitetura representa a fluidez que permeia as ideias e decisões da Amem.

 

A primeira ação, realizada na semana passada, recebeu o nome de Provador Fashion. A Amem reuniu um time de 10 influenciadoras, com perfis diferentes, para divulgar as coleções de 51 marcas participantes. Essas mulheres tiveram uma hora em cada showroom (escolhidos por sorteio) para vestir de cinco a seis looks e criar conteúdos para as redes sociais. O objetivo final era aumentar as vendas. 
Nesta mesma semana, o instituto promoveu uma sequência de lives com especialistas sobre temas relacionados à moda, como marketing digital, visual merchandising, upcycling e atendimento ao cliente.
 
Tudo indica que a ação do mês que vem será a primeira edição do Restaurante Fashion Week, projeto em parceria com a Frente da Gastronomia Mineira. A ideia é que estilistas e chefs criem juntos um prato para servir ao público durante uma semana.
 

A força de Minas

 
O movimento Amem também quer mostrar para o Brasil e para o mundo a força e a identidade da moda mineira.
“Não somos fast fashion. A nossa lógica de lançamento é constante, mas a nossa roupa não é descartável. Fazemos um produto atemporal e de qualidade”, analisa a especialista em moda e inovação Wanêssa Cabidelli, que já foi presidente do instituto e hoje trabalha na reestruturação estratégica.
 
  Kika Macedo com sandália da Sagra Magnani - Foto: Luana Alves/Divulgação
Wanessa defende que é preciso reposicionar a moda mineira no imaginário do brasileiro. Voltar a provocar desejo no consumidor. Falar mais sobre o valor do produto, e não tentar vencer a disputa de mercado por preço. “Trazemos uma herança do Grupo Mineiro de Moda e temos que nos posicionar no mercado com um produto-conceito, que é diferenciado”, completa.
 
Algumas ações do movimento são pensadas para ajudar neste reposicionamento, como a Casa Amem, projeto itinerante que vai levar o conceito de Minas para outros estados, envolvendo moda, design, gastronomia, arte e beleza. “Queremos gerar experiências em outras cidades com marcas mineiras.
Será mais uma oportunidade para trabalhar branding e fazer negócios”, explica Wanessa. A casa poderá ser ocupada com showroom, exposição, desfile, workshop ou o que mais for necessário.
 
Também está no radar dos organizadores promover um desfile virtual para mostrar o lado mais conceitual da moda feita em Minas.
O plano é usar o Inhotim como cenário da primeira edição, ainda sem data. A inspiração vem da apresentação da Saint Laurent nas dunas de um deserto. Todos os profissionais envolvidos serão mineiros, incluindo o stylist Zeca Perdigão, confirmado na direção. Outra ação prevista é o lançamento da revista AMagazine, que será distribuída pelas marcas aos lojistas.
 
Razzo Jeans - Foto: Luana Alves/Divulgação 
Para unir forças, a Amem tenta romper a fronteira do Prado, convidando marcas de outros bairros e cidades. Não só de moda feminina, mas masculina, infantil, calçados e acessórios. Hoje, são 87 associados e o número tende a aumentar. “O nosso objetivo é fazer de Minas um corredor de passagem da moda. O comprador vem aqui e resolve tudo, nem precisa ir para São Paulo”, diz Wanessa.
 

União do setor

 
A fundadora da marca Alles, Ana Cláudia Eistrup, reforça a importância de união do setor neste momento. “Não dá para caminhar sozinho na crise, não acredito nisso. Unindo forças e compartilhando informações, conseguimos muito mais”, opina.
Na visão dela, o mundo nunca precisou tanto de generosidade e os empresários precisam se enxergar mais como parceiros do que concorrentes.
 
Bastidores do Provador Fashion na D'Laport - Foto: Instituto AMEM/Divulgação 
A Alles participou do Provador Fashion e já viu resultados. Conseguiu abrir mercado em outras cidades depois que Elís Miele, a Miss Brasil Mundo 2019, apareceu com roupas da última coleção, que refletem os desejos do momento. Além de versatilidade e atemporalidade, que fazem parte da essência da marca, é preciso investir no conforto e na praticidade. “Antes, fazia muita peça longa, agora venho com o over mídi, comprimento prático, porque você não precisa ir à costureira para mexer na barra.”
 
Desde o início da pandemia, Ana passou a viver um dia de cada vez. Já mudou de estratégia várias vezes e está aberta a mudar de novo. Deixou de vender só por atacado na loja física para também atender varejo no e-commerce. “Nunca precisamos de nos adaptar e mudar tão rápido. A moda entrou em uma nova era. Então, temos que virar a chave, entender que aquela estratégia que usamos há anos não vai funcionar mais”, comenta a empresária, que está sempre atenta ao comportamento dos clientes.
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