Jornal Estado de Minas

Prêt-à-porter

Estilo além do tempo


 
A marca Chloé foi uma das mais importantes grifes de prêt-à porter de luxo da Europa. Criada em 1952, tinha em seu comando Jacquer Lenoir e Gaby Aghion. Eles foram os primeiros a perceber a demanda de coleções que tivessem as exigências da alta-costura com as do prêt-à-porter. Os resultados da combinação foram tão expressivos que a marca conseguiu reunir em seu ateliê os estilistas mais famosos da época, entre eles Karl Lagerfeld, que, em 1966, tornou-se o mais importante criador da marca.
 
- Foto: Chloé/divulgação 
 
A fundadora da Maison Chloé esta completando 100 e para comemorar a data, acaba de ser lançada a coleção de outono-inverno pela atual estilista da marca, Gabriela Hearst,  Gabi como a outra.
De Gaby para Gabi, duas mulheres ambiciosas interpretando o contexto da feminilidade, cada uma em seu tempo. E de Gabi para Gaby, a garantia de que "Sua casa está em boas mãos".
 
Quando a fundadora da Chloé começou a apresentar suas primeiras coleções, chamou alguns convidados para as regiões onde ficam o Café de Flore e Brasserie Lipp, na Rive Gauche de Paris. Hoje, com mudanças e influências culturais profundamente pessoais para Gabi, o significado de Chloé – "Florescendo" em grego – ressoa novamente.
 
- Foto: Chloé/divulgação 
 
A coleção outono-inverno'21 é, portanto, informada e inspirada pela sustentabilidade e comprometida com um bem maior. Surge um conceito sutil no design e ousado na ação. Em cada peça, um senso de propósito.
 
As mudanças, algumas iniciadas antes desta coleção, são apenas um começo.
Um plano de sustentabilidade para 2025 foi acelerado com um novo cronograma de um ano. A mudança para matérias-primas de menor impacto significa que a coleção AW21 pode ser considerada quatro vezes mais sustentável em relação ao ano passado. Para o ready-to-wear, isso inclui: eliminação de fibra sintética virgem (poliéster) ou fibra celulósica artificial (viscose) e aquisição de jeans reciclado, reutilizado e orgânico. Mais de 50% da seda vem da agricultura orgânica e mais de 80% dos fios de cashmere para as malhas são reciclados. Os fornecedores sustentáveis foram recrutados desde os materiais às embalagens.
 
- Foto: Chloé/divulgação 
 
A coleção começou com esta citação e um botão de cerâmica – um pequeno, mas tangível testamento de qualidade. Em cores suaves de mármore com um formato ligeiramente irregular, feitos a mão em uma oficina parisiense, podem ser encontrados em peças de tecido e malha. Eles aparecem como pingentes de joias ao mesmo tempo em que decoram bolsas.
 
A roupa para o dia foi desenvolvida com uma construção precisa.
O grupo de malhas, um dos pontos fortes da coleção, é definido por cashmeres reciclados ultramacios e listras multicoloridas que combinam naturalmente com a origem uruguaia de Gabi Hearst.
 
- Foto: Chloé/divulgação 
 
Os emblemáticos códigos de Chloé são reinventados. Primeiramente, o detalhe recortado que Gaby Aghion introduziu a um antigo vestido de algodão piquê em seu desfile de 1960, no Brasserie Lipp. Aqui, ele aparece com uma costura superior em blusas georgete, em pétalas de couro ou patchwork em jeans. O print da estação, um efeito marmorizado colorido, foi concebido em Nova York – cidade natal de Gabi – a partir de uma técnica artesanal usando ingredientes naturais.

Acessórios "Minha primeira bolsa de luxo foi a bolsa Chloé Edith, e é uma peça que ainda amo e queria homenagear", diz Gabi. Nesta temporada, a bolsa Edith foi reeditada, mantendo-se fiel ao seu design original. A nova família Edith inclui bolsas em cashmere reciclado ou em jacquard reciclado, em versão míni, sacola e maleta de médico.
 
- Foto: Chloé/divulgação 
 
Junto a essa reedição, 50 bolsas Edith vintage foram reaproveitadas com sobras de materiais dessa coleção. Cada peça é única, "o novo não é sempre melhor", diz Gabi.
 
O calçado corresponde ao conforto interpretando as formas clássicas. Botas Chelsea de couro com sola de crepe e um acabamento que remete ao cashmere reciclado, uma nova família de mocassins de diferentes alturas, botas e botinhas tricotadas acima do joelho que são integradas com meia.
Uma colaboração com a Moonboots incorpora o material da Chloé e cashmere reciclado, transformando o inverno exagerado em algo lúdico.
 
Os botões de cerâmica transformam-se em pingentes que são combinados com minerais e pedras semipreciosas, como ametista, quartzo rosa e fumê e lápis-lazúli. Grandes pedaços de pedras aparecem incrustados em couro com tiras ajustáveis, que podem ser colocados em diferentes chakras.
 
Nesta temporada, 20% do ready-to-wear é fabricado por membros da World Fair Trade Organization. A coleção conta com duas parcerias – Manos del Uruguay e Sheltersuit – como caminho para um impacto social positivo para as mulheres e homens que desenvolvem peças em toda a coleção.
 
"Este é um projeto que eu estava ansiosa para desenvolver na Chloé, pois me dá a energia que vem do significado e do propósito. Me fundamenta na realidade em que outros estão vivendo hoje", diz Gabi. "Eu tenho profunda admiração por Bas Timmer, da Sheltersuit, um designer amigo e que usa todas suas habilidades a favor dos outros – a forma mais altruísta de usar o design. Bas e sua equipe trabalharam na maison por 10 dias, onde criaram uma mochila Sheltersuit Chloé em quatro variações de cores reutilizando materiais da casa. O design é lindo, alegre e funcional; é feito de forma consciente e para um bem maior, proporcionando abrigo aos sem teto."
 
Gabi acrescenta: "Isso faz parte da missão da Chloé: tecer propósito para os negócios em um mundo pós-pandemia para ajudar a reconhecer e aliviar as dificuldades dos outros. Uma marca de luxo tem o dever de fazer isso".
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