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Estado de Minas Varejo

Liberdade para criar

A marca Virgínia Barros chega a São Paulo com uma loja na região dos Jardins e lançamento de sapatos com tecnologia antiviral


30/08/2020 04:00

Inspiração na caatinga brasileira(foto: Dom Aguiar/divulgação)
Inspiração na caatinga brasileira (foto: Dom Aguiar/divulgação)
Ela sempre gostou de inventar moda e teve vocação para o empreendedorismo. Antes de se tornar sapateira, Virginia Barros passou por muitas experiências e se jogou em todas elas com afinco, consciente de que serviriam para argamassar o futuro. Como estilista, já criou sapato com papelão, casca de bananeira, tecidos, e conquistou um nicho de mercado muito especial de consumidores, gente ligada à cultura e moda, que aprecia sua proposta autoral.
 
Coleção Papel passado futuro(foto: Dom Aguiar/divulgação)
Coleção Papel passado futuro (foto: Dom Aguiar/divulgação)
Enquanto a maioria das concorrentes no Brasil se norteia pelos lançamentos estrangeiros, ela tem o prazer de lançar coleções fora da caixinha, completamente atemporais. É esse entusiasmo com a criação que fez com que a marca fosse eleita como parceira de fashion  designers igualmente criativos, como Ronaldo Fraga e Luiz Cláudio, da Apartamento 03. É a Virginia Barros quem, costumeiramente, assina os calçados exibidos em seus desfiles, na São Paulo Fashion Week.
 
Coleção O que nós mulheres queremos(foto: Dom Aguiar/divulgação)
Coleção O que nós mulheres queremos (foto: Dom Aguiar/divulgação)
Como empresária, ela tem uma história bem consistente. Começou aos 19 anos com uma distribuidora de lingeries, no Centro de Belo Horizonte; quatro anos mais tarde, com o boom do tricô, montou uma tecelagem e vendeu peças para as melhores lojas da cidade. Em seguida, jornalista formada pela PUC, resolveu estudar moda no antigo curso de estilismo e modelagem na UFMG – onde, mais tarde, atuou como professora –, e descobriu o mundo dos sapatos.
 
O tricô sempre esteve no DNA da Virgínia Barros, era o seu diferencial no início, carro-chefe das três primeiras coleções. “Queria usar a matéria-prima no cabedal dos calçados, mas foi muito difícil, no começo, encontrar informações sobre como fazer isso. À custa de muitas tentativas, consegui criar uma tessitura resistente e apropriada”, relembra a estilista, que, agora, anuncia mais novidades.
 
Virginia Barros(foto: Dom Aguiar/divulgação)
Virginia Barros (foto: Dom Aguiar/divulgação)
Há 10 dias, abriu a quarta loja da marca, na Rua da Consolação com Oscar Freire, na região dos Jardins, em São Paulo, lançando quatro modelos de sapatos antivirais, perfeitos para enfrentar a pandemia, além de uma coleção de roupas produzidas com fios de tecnologia antiviral e antibacteriana permanente. Sim, há seis anos, ela também assina uma linha de vestuário. Confeccionada, tradicionalmente, em fibras naturais ou biodegradáveis, e concebida a partir dos conceitos de conforto e atemporalidade, ela faz sucesso entre as clientes.
 
Nessa nova versão, mesmo após lavagens, os fios mantêm suas propriedade de inativar diversos tipos de vírus, inclusive os do tipo envelopado, como o coronavírus. Outro benefício, segundo a estilista, é o bloqueio da contaminação cruzada, uma vez que esses fios inativam vírus e bactérias, impedindo-os de ser transferidos para a pele e, consequentemente,  para outras superfícies.

Os calçados e roupas em tecido tecnológico têm função protetora(foto: Dom Aguiar/divulgação)
Os calçados e roupas em tecido tecnológico têm função protetora (foto: Dom Aguiar/divulgação)
História Com duas lojas em Belo Horizonte – uma na Savassi e outra recém inaugurada no Mercado Novo –, além de uma terceira no Rio de Janeiro, em Ipanema, Virgínia procurava um local na capital paulista para abrir mais uma filial. E ele apareceu neste momento complicado, justamente quando ela estava dando uma redirecionada no seu trabalho. “Havia aberto o ponto do Mercado Novo, que está fechado até hoje, devido ao número de bares e restaurantes existentes lá. E tinha mudado a fábrica para o Bairro Tupi em busca de mais conforto para o trabalho. Uma fase de investimento em um período incerto. E ai apareceu a oportunidade que tanto queria, em São Paulo”, conta Virgínia.
 
O espírito empreendedor falou mais alto e, acreditando em tempos melhores e que a experiência será essencial para o crescimento da marca, resolveu bancar o projeto. “O interessante é que abri com um produto novo, um utilitário que se casa bem com o momento e tem despertado a atenção das pessoas e da mídia”, pontua.
 
Coleção Alice no país das maravilhas (foto: Dom Aguiar/divulgação)
Coleção Alice no país das maravilhas (foto: Dom Aguiar/divulgação)
Os sapatos com tecnologia antiviral, os primeiros do Brasil, foram resultado de uma pesquisa que começou com a produção de material de proteção hospitalar, no início da pandemia. Como todo mundo da área da moda, ela começou a fabricar máscaras, mas foi ampliando o leque de ação. “Uma amiga médica pediu que eu criasse um jaleco, que passei a produzir também, depois criei um capuz protetor, que abria na frente por meio de um velcro. O pessoal da Unimed adorou e recebi vários pedidos. Mas, como sapateira, fiquei buscando uma solução para os pés, já que os sapatos se tornaram um problema, ninguém mais entra em casa com eles”, relata.
 
Acompanhando o trabalho da indústria têxtil, ela se deparou com o lançamento da Rhodia, que patenteou o Amni Virus – Bac Off, o fio de poliamida desenvolvido para combater com eficiência a proliferação de bactérias e a transmissão de vírus em artigos têxteis, oferecendo proteção. Virgínia conta que a Santaconstancia lançou o tecido com a tecnologia e ela adotou o material para a confecção de uma minicápsula com quatro modelos, femininos e masculinos, lançados, agora, na nova loja. Para dar o toque fashion, eles foram pintados a mão, com efeito que remete ao tie dye.

Criatividade Além de peças de outras coleções, os consumidores poderão conferir ainda os lançamentos da última delas, “O que nós mulheres queremos”, em que a estilista traduz a sexualidade feminina nas formas, texturas, cores e até nos aromas dos sapatos.  “Tudo é táctil, exploro mix de tecidos, veludos, camadas”, sintetiza.
 
É sempre assim: a sapateira vai a extremos diante de um desafio, explora saltos com volumes incomuns, materiais inusitados, recortes inacreditáveis. Durante os 15 anos de mercado, já passeou por várias temáticas, das espécies endêmicas da Serra do Cipó à obra de Niemeyer, da caatinga brasileira a Alice no país das maravilhas. Entrou no universo da pintura homenageando Bosch, Pollock, Arcimboldo, Frida Kahlo... e explorou o universo do papel.
 
Ta l liberdade de criação faz da marca a darling do pessoal cool, artistas, atrizes de cinema e teatro, arquitetos ousados, jornalistas, enfim, um público bem especial, que frequenta suas lojas e percebe os códigos de produtos fora da curva. Desde que abriu a loja na capital carioca, Virgínia já foi convidada para assinar algumas peças de destaque. “Fiz também uma instalação com a coleção “O que nós mulheres queremos” no foyer do teatro Firjan Sesi Centro, durante a temporada de Auto de João da Cruz, de Ariano Suassuna”, acrescenta.                                                                                                                                                                                                                                                                                                 
As lojas são pequenas e intimistas, a produção também é pequena, mas é nesse universo que a estilista se encontra. “Fiz a opção de ser menor justamente porque estou na contramão da moda tradicional e conservadora.” Após a participação em várias feiras de pedidos, ela virou a página do atacado para se concentrar no varejo e nesse público específico e fiel.
 
Contente com a expansão da marca, Ronaldo Fraga confessa sua admiração pelo trabalho da parceira. “Ela é aquela que luta contra todos os prognósticos. Desde o seu começo, mostrou uma linha de calçados autorais, com produção pequena, feita amão. Acompanhei todo esse crescimento, tanto na questão da linguagem de estilo quanto na da produção propriamente dita. Nós batemos bola muito bem na ocasião dos desfiles. Além de criativa, ela é superprofissional nas entregas. Sob aquele seu jeito de menina, boazinha, tem o inconformismo dos criadores. É isso que não a deixa parar”, arremata.
 
O outro partner, Luiz Cláudio, acredita que “só mesmo trabalhando de perto com Virgínia Barros para entender o quanto ela é compromissada com a arte de fazer sapatos. Sempre ligo com as ideias mais loucas e ela topa. Certa vez, queria uma sandália com várias camadas de sola... e foi perfeito. No último SPFW, tivemos a ideia da meia de tule calçar todo o sapato... Ela até me xingou, mas fez a entrega cinco dias após”, ressalta.


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