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Estado de Minas

Depois de adiar lançamento, estilista apresenta coleção mais enxuta e representativa

O tempo de espera levou Marcos Ferreira a selecionar (poucas) peças que traduzem melhor os desejos das clientes neste momento


02/08/2020 04:00 - atualizado 02/08/2020 11:26

(foto: Marcio Rodrigues/Divulgação)
(foto: Marcio Rodrigues/Divulgação)

O verão começou a ganhar forma em janeiro. Março seria o mês de lançamento. Freado pela pandemia, o estilista Marcos Ferreira se trancou em casa, em São Paulo, e começou a costurar tudo a mão. Testou muitos modelos, entre roupas e acessórios, mas apenas metade foi apresentada ao público, já em junho. O tempo de espera acabou por resultar em uma coleção mais objetiva. “Já sofri muito com a expectativa de botar toda a criatividade numa coleção. Agora procuro me centrar em peças que vão trazer uma imagem importante naquela estação. Trabalhei conforme a música.”
 
Marcos voltou à moda na temporada passada com acessórios e poucos modelos de camisa na cor preta. Agora investiu mais em roupas e ampliou o mix para calças, vestidos e casacos, com cores e tecidos diferentes, sem diminuir a importância de broches e bolsas. Apesar desta diversificação, ele avisa que quer continuar a fazer coleções pequenas, sem pressão por criatividade. “Não quero ser o cara criativo, que tem de tudo na arara. Quero tirar de um modelo o máximo que ele puder dar. Se tenho uma camisa bacana, por que não fazê-la lisa e estampada? Isso serve como reforço da marca”, aponta. As peças de vestuário são pensadas como suporte para os acessórios.

A nova coleção acompanha a viagem de uma mulher por um lugar exótico, não necessariamente fora do Brasil, mas que tem uma realidade bem diferente. “Pensei em uma mulher que usa uma boa camisa e um chapéu de palha para passear pelo mercado. É uma volta ao original, ao natural, ao mesmo tempo em que mostra uma urbanidade”, explica.

(foto: Marcio Rodrigues/Divulgação)
(foto: Marcio Rodrigues/Divulgação)

Do conceito para as peças em si, Marcos trabalha roupas e acessórios com materiais naturais, como seda pura, linho e algodão, em modelagens contemporâneas.

Pelo lado das roupas, o verão se divide basicamente entre céu, areia e água, elementos que a mulher está apreciando neste mundo exótico. Feita em seda pura na cor preta, a linha noturno representa a visão do céu durante a noite. Marcou descoloriu o tecido para criar o que ele chama de manchas galácticas, com pontilhados e nuances de cru e verde. Em destaque, uma camisa que pode ser usada como vestido. “As camisas são muito amplas, quadradas, sem marcação alguma de cintura, bem masculinizadas. Se um homem comprar, não tem problema algum”, avisa.

Já a linha bolas remete ao rio ou ao mar. Usando pigmento azul, moldes feitos com retalhos de papelão e borrifador, o estilista desenhou bolas na parte de frente de dois modelos de camisa de algodão japonês. Uma tem modelagem clássica, mas ampla, e a outra chama a atenção pela gola alta e apenas um bolso (foi a campeã de vendas no inverno). “O pigmento sai preto deste processo, então você vai lavando até chegar ao tom exato de azul. As camisas são brancas com maxibolas delavê (efeito lavado).”

(foto: Marcio Rodrigues/Divulgação)
(foto: Marcio Rodrigues/Divulgação)

A linha deserto se volta exclusivamente para o linho no tom areia. O tecido, com um amassado característico, aparece em uma peça que fica entre maxicamisa e chemise, casaco básico de alfaiataria e dois modelos de calça. “Fiz uma peça com gancho baixo. Acho cada vez mais linda calça solta, que parece não ter sido feita para o seu tamanho. Ela fica um pouco abaixo do joelho”, descreve.

Reaproveitar

 
Os acessórios acompanham a história da mulher que está conhecendo um destino exótico. Marcos sempre utiliza sobras de tecidos, já que a ideia é zerar o desperdício. “Faço de acordo com o que tenho, até porque a questão é mesmo reaproveitar. Tenho sacos de retalho de seda pura, que hoje valem uma fortuna. Não existe mais no Brasil quem produza.”
 
O estilista aposta em uma peça, especificamente, para ser a campeã de vendas da temporada. É um broche formado por ramos de juta com microflores de seda pura nas cores cru, preta e verde, que formam um buquê. “É como se alguém tivesse coletado flores no deserto e dado de presente para a mulher colocar na roupa.” Outro broche, no estilo navy, forma uma flor única com linho, organza de seda pura, tricoline e algodão listrado típico de marinheiro. Marcos destaca também o broche que une pequenos botões de tafetá de seda pura e ramos retorcidos de couro sintético. Há muitas possibilidades na hora de usá-los. Fora ombro e gola, jeitos mais clássicos, podem ser posicionados no bolso, manga ou em um lenço.

(foto: Marcio Rodrigues/Divulgação)
(foto: Marcio Rodrigues/Divulgação)

Ainda entre os acessórios, não podemos deixar de falar da única bolsa da coleção, feita em organza de seda pura, com formas totalmente orgânicas, que lembram flor ou alga. “É uma bolsa mais jovem porque tem alça de couro fininha, então existe a possibilidade de carregá-la na mão ou dependurar no ombro. Ficou moderna.” O verão também traz uma echarpe, bem leve, produzida a partir de três metros de seda. Os chapéus que aparecem nas fotos não estão à venda, fazem parte do acervo do estilista.


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