As coleções da UH Premium traduzem o que as irmãs Célia e Izabela Bicalho pensam sobre fazer moda. Desde que assumiram a marca criada pela mãe, nos anos 1980, especializada em camisaria feminina, foram encaminhando-a para o status que goza hoje no mercado.
O cliente que chega até ela, seja em uma feira de pedidos ou no showroom, para comprar pronta entrega, sabe bem o que vai encontrar por lá: o melhor do estilo boho, misturas arrojadas de cores, estampas e tecidos, bordados, brilhos, passamanarias e muito handmade. Um étnico colorido e não datado, perfeito para quem aprecia o gênero, está no sangue e na musculatura da label. Foi assim, sem medo de ousar e de pesar a mão, que Célia e Izabela construíram sua identidade.
O nome original foi abreviado para UH em uma leitura mais contemporânea e conta uma história divertida: “Minha mãe abriu a confecção informalmente e começou a prosperar exigindo que fosse registrada. Na urgência, resolveu colocar Última Hora aludindo ao fato de que, diante de tantos afazeres de um negócio pequeno, as decisões eram quase sempre tomadas nesse timing”, relembra Célia.
O primeiro deles aconteceu “no tapa”, sem muita infraestrutura e divulgação, mas a imprensa especializada e os formadores de opinião conseguiram identificar potencial no trabalho. Já o segundo, preparado com esmero, repercutiu positivamente em todas as esferas da feira e colocou a UH na mira dos jornalistas e compradores, impressionados com a verve artesanal e o mix de materiais exibidos. Passadas duas décadas, hoje ela está presente nas melhoras lojas do país.
“Gostamos de roupas fluídas, enfeitadas, ornadas. Não pode faltar o bordado, o brilho, o floral, o animal print, que amamos, e está presente em todas as coleções. O brim, o jeans, a renda, também são importantes como matérias-primas. É a partir disto que começamos o trabalho a cada temporada. Não nos prendemos às tendências, temos uma certa independência para criar de acordo com o que acreditamos”, completa.
“Estamos com um terço da fábrica em operação e com facções de costureiras, que trabalham em suas próprias casas. Fotografamos cada cápsula, catalogamos em pdf e enviamos para os clientes fazerem suas escolhas. O preço tem que ser mais acessível agora, o esforço é redobrado, mas entendemos as dificuldades dos lojistas, todos estão se reestruturando como negócio. Sabemos que muitos serão obrigados a deixar o mercado”, explica.
Exemplo: na última cápsula, cujas fotos são publicadas nesta reportagem, os conjuntos em malha podem ganhar a companhia de um casaqueto floral na linha alfaiataria ou de uma jaqueta em brim com bordados indianos em espelho. O animal print, em versões diferentes, é acompanhado pelas jaquetinhas em jeans, lisas ou bordadas, que, por sinal, fazem parte de todas as coleções.
O nome dessa coleção cápsula é “Movimento” e é bastante simbólico, segundo a estilista. “Movimento em todos os sentidos: o de seguir em frente, o de mudar a forma de pensar e agir, o de sair da zona de conforto, o de correr atrás do que podemos ter agora”, sintetiza. Prova dessa resistência e da garra para encontrar opções no mercado é a linha de tênis customizados que a UH lançou, que tem encontrado muita aceitação. Os modelos ganham estamparia tie dye, bordados em espelhos ou pedrarias, e todos são customizados manualmente.