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Estado de Minas mercado

Pequenas e especiais

As marcas Valéria Mansur e Manas acreditam na comunicação direta com o consumidor e investem nas vendas no varejo


26/07/2020 04:00

A amplitude faz parte do DNA da Manas (foto: MARCELO POLEZA/divulgação)
A amplitude faz parte do DNA da Manas (foto: MARCELO POLEZA/divulgação)
Comprar aquela peça especial que não pode ser encontrada na loja, adquirir uma roupa criada por alguém que faz parte do seu grupo de amigos ou conhecidos, se identificar com o estilo de uma marca que flerta com seu modo de vestir. Essas escolhas são feitas, diariamente, por uma tribo de mulheres e homens que apreciam produções autorais, com design e sem data de vencimento. Muitas dessas marcas prosperam apoiadas em conceitos contemporâneos como o do slow fashion, ligado à sustentabilidade - valor in no século 21 -, e o da venda para suas próprias comunidades. Ganham capilaridade com o advento da tecnologia e, principalmente, das redes sociais, que propiciam uma comunicação direta com o cliente sem intermediação de terceiros.
 
As clientes da Manas curtem o despojamento cool da marca (foto: MARCELO POLEZA/divulgação)
As clientes da Manas curtem o despojamento cool da marca (foto: MARCELO POLEZA/divulgação)
Grande parte desse público é formada por gente jovem, mas uma faixa etária mais madura vem ocupando maior espaço nesse território. Quem comprova isto é Joana Vilela, da marca Manas, que está na sua quinta coleção, e Valéria Mansur, da label homônima. Em 2016, ela ganhou o primeiro lugar no Ready to Go, concurso promovido pelo Sindivest- MG durante o Minas Trend, que lançou vários nomes importantes para o mercado da moda.
 
Joana Vilela(foto: Isabela Fontana/divulgação)
Joana Vilela (foto: Isabela Fontana/divulgação)
Ambas apresentam vários denominadores comuns, entre eles o fato de serem pequenas e voltadas para vendas no varejo. No primeiro caso, Joana comercializa uma produção limitada por meio da participação em feiras e bazares conceituados de Belo Horizonte, utilizando também o instagram para divulgar as novidades. No segundo caso, além do instagram, Valéria criou um site que vem funcionando com eficiência. “Apesar das dificuldades da pandemia, estou tendo um resultado surpreendente e trabalhando bastante para atender as demandas das clientes”, pontua a estilista.
Entre o prêmio no Minas Trend e o status atual, ela dividiu uma loja na Savassi, a Aro, com duas outras designers, Tatiana Queiróz, da área de joalheria, e Luisa Jordá, do ramo de calçados. Juntas reuniam uma clientela afinada com o estilo e mentalidade de consumo praticada pelo trio, mas a demolição da casa onde funcionavam levou cada uma para seu lado.
 
Pintura de Joana Vilela inspira estampa da coleção (foto: MARCELO POLEZA./divulgação)
Pintura de Joana Vilela inspira estampa da coleção (foto: MARCELO POLEZA./divulgação)
Valéria possui também uma rica experiência no atacado: durante os anos 1990 comandou a Formas, marca que durou até 2010. Passou ainda por equipes de estilo de outras empresas de moda. Nesse tempo, foi reunindo conhecimentos e clientes fiéis que, hoje, chegam a comprar uma coleção inteira no varejo. São admiradoras do seu trabalho, que, por sinal, representa bem seu próprio estilo de vestir.
 
Valéria Mansur(foto: divulgaçã)
Valéria Mansur (foto: divulgaçã)
Essa preferência está bem explícita em todo o processo de criação, a começar pelos shapes específicos, ora minimalistas, ora com modelagens que trazem pequenos volumes ou assimetrias. “É uma roupa fácil de vestir, sem complicações, ideal para o dia a dia. Acho que isto está sendo considerado no momento atual e acentuando as vendas. As pessoas estão querendo algo casual para usar, uma boa camisa, uma calça com estilo, um vestido confortável e clean. Os básicos estão tendo maior saída”, explica.
 
Preto e branco casual no desfile da Valéria Mansur(foto: Álvaro Fráguas e Guilherme Cedrim)
Preto e branco casual no desfile da Valéria Mansur (foto: Álvaro Fráguas e Guilherme Cedrim)
No quesito conforto entram os tecidos utilizados na confecção, praticamente fibras naturais, algodões de boa procedência, linhos, sedas e misturas das mesmas, que garantem beleza e durabilidade. A cartela é específica, privilegiando os neutros, como o branco, o preto, o off white, o azul marinho, o cáqui, o cinza, o verde. “Penso também na facilidade das combinações diárias, tudo casa com tudo, preto com azul marinho, branco com cáqui. É prático, bonito, a mulher fica bem arrumada”, sintetiza a estilista, que nunca foi chegada em cores, mas abre exceções, a cada coleção, para oferecer opções para a clientela. “Já explorei o pink, agora é a vez do vermelho melancia.Estou começando a pensar em estampas, mas sempre como uma história pontual”.
 
Jeans com novas proporções propostas(foto: Álvaro Fráguas e Guilherme Cedrim)
Jeans com novas proporções propostas (foto: Álvaro Fráguas e Guilherme Cedrim)
O processo de fabricação também obedece aos critérios do slow fashion e as peças vão sendo lançadas aos poucos, semanalmente, sem atropelos. Em agosto do ano passado, Valéria apresentou um desfile na programação de uma mostra decorativa de Belo Horizonte. Entregou o styling para Zeca Perdigão que conseguiu traduzir nos looks o DNA e o propósito da marca. Para se ter ideia, várias das propostas exibidas na ocasião estão entrando em produção somente agora; outras ainda nem chegaram nesse estágio, caso de uma linha jaqueta oversize que só estará disponível no site de vendas mais para a frente.

Efeitos inacabados na coleção Valéria Mansur(foto: Álvaro Fráguas e Guilherme Cedrim)
Efeitos inacabados na coleção Valéria Mansur (foto: Álvaro Fráguas e Guilherme Cedrim)
Manas Como na marca Valéria Mansur, as clientes da Manas também têm um olhar especial para o fashion, curtem design, se interessam por cultura, arte, arquitetura e sabem bem como querem se vestir. Autodidata como Valéria, Joana Vilela se difere no fato que não teve a moda como berço, mas sua formação passa, de um lado, pela influência do pai, arquiteto e artista plástico, e do outro pelo design gráfico e pela publicidade, mercado em que atuou por sete anos.
 
Arriscando-se na pintura, ela começou pelo estilo abstrato, mas depois seu traço foi se definindo no figurativo, de onde saíram as mulheres de pescoços alongados, que lembram as de Mondrian, e que, hoje, ganharam a superfície dos tecidos. A moda chegou por meio de dois apelos: a necessidade de inventar algo que gostasse de vestir, que fugisse completamente do que era oferecido no comércio.
E que não tivesse ligado às tendências das estações. “Queria algo que fosse atemporal, confortável e urbano. E a inspiração veio da ioga”, conta a estilista. A prática da kundalini yoga, que exige algumas regras e simbologias no vestir, entre elas o uso do turbante e o da bandha – espécie de vestido com abertura lateral para permitir conforto e movimentação do corpo – a encantaram.
 
Frequentando esse ambiente, Joana observou que muitas das mulheres, praticantes como ela, vestiam os trajes também no contexto das ruas, e percebeu que seria feliz se tentasse fazer algo que unisse as duas pontas com um tempero fashion. A intenção era oferecer opções diferentes, mais ousadas, para esse tipo de público, no contato pessoal ou por ocasião das feiras e eventos em torno da kundalini yoga. E, obviamente, se a questão em foco era conforto, não poderiam faltar os tecidos em fibras naturais como base do trabalho.
 
Se a primeira coleção caminhou rumo a esse objetivo, a segunda avançou consideravelmente em um patamar mais próximo da moda. Ficou mais próxima ao seu estilo de vestir: roupas largas, casuais, com alguns volumes bem colocados, para serem acompanhadas por sapatos baixos, tênis, sandálias igualmente confortáveis.
 
Completamente intuitiva e autoral, Joana se guia pelo instinto e as produções da Manas têm encontrado aceitação nos bazares, pop ups e feiras de que tem participado. “São pessoas que se identificam com o despojamento cool das peças”, define.
 
No trabalho da estilista não tem espaço para estampas nem para lançamentos datados, mas neste inverno ela abre possibilidade para outros pontos de cor, além dos neutros que se alternam com malhas mesclas gostosas. Tudo tem seu próprio ritmo e é testado para chegar a uma forma que satisfaça ao seu olhar estético.
 
A stylist Giselle Said, responsável pela imagem da Manas desde o início, é uma boa observadora do desenvolvimento da marca. “É uma roupa com conceito distinto, que atende a um público com lifestyle diferenciado e tem como característica a amplitude das formas”, ressalta. Nesta quinta coleção, segundo ela, é notável a evolução das matérias primas e a maturidade da modelagem. “É sempre bom trabalhar com a Joana, porque ela tem uma cabeça aberta e a gente pode soltar a criatividade”, enfatiza, revelando que as fotos da campanha de inverno, clicadas por Marcelo Polezi, foram produzidas no atelier de pintura de Saul Vilela, pai de Joana. “Juntamos moda com artes plásticas”, diz Giselle.


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