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Estado de Minas FASHION

Com cancelamento do Minas Trend, marcas de sapato revelam estratégias para manter vendas na quarentena

Empresas aproveitam para repensar custos e processos


postado em 26/04/2020 10:25 / atualizado em 26/04/2020 12:02

Nuu Shoes(foto: Samuel Mendes/Divulgação)
Nuu Shoes (foto: Samuel Mendes/Divulgação)

Os últimos dias teriam sido intensos para a moda mineira. Se não fosse o coronavírus, esta teria sido a semana do Minas Trend. A expectativa das marcas de sapatos que participariam do salão de negócios era apresentar a coleção de verão ao mercado, fechar números expressivos de pedidos e abrir novos pontos de venda. Neste vácuo, três delas, que não trabalham exclusivamente com atacado, se voltam para o varejo e abastecem os sites e as redes sociais com novidades. Mais que dar descontos em peças da coleção nova, elas querem se diferenciar com uma produção artesanal e limitada.
 
O lançamento de inverno da Nuu Shoes ocorreu em meio ao isolamento. Um mês antes, a marca havia reformulado todo o site, onde agora as vendas se concentram. Mesmo com bons resultados no atacado, as sócias Marina Lerbach e Marcela Torres sempre priorizaram o varejo, por isso a nova coleção já está disponível na loja virtual. “Desta vez, lançamos com 15% de desconto e frete grátis para o Brasil todo. Além disso, aumentamos a aba sale, que é fixa, com descontos de até 60%”, destaca Marina.
 
Nuu Shoes(foto: Samuel Mendes/Divulgação)
Nuu Shoes (foto: Samuel Mendes/Divulgação)
A coleção comemora os cinco anos da marca. As designers revisitaram o passado e trouxeram para o presente alguns clássicos repaginados, como a bota com recortes assimétricos que mistura três tipos de couro (liso, pelo e texturizado). Nesta estação, ela tem solado esteticamente mais pesado. Outro exemplo é o sapato oxford, que ressurge com um salto quadrado, ultrapassando o limite do solado. “Trouxemos também uma bota que fez muito sucesso na terceira coleção, que é de cano baixo e com detalhe em elástico. Agora ela tem salto geométrico médio e bico mais quadrado”, descreve.

Olhando para o futuro, Marina e Marcela se voltam para as experimentações e ousam nos contrastes. Casual e esportivo se unem em um tênis que tem cabedal de couro e modelagem com cadarço e solado cheio de recortes. Já a mistura de cabedais orgânicos e saltos geométricos fica nítida em uma mule. Sobre as cores, o inverno chega mais sóbrio, com o predomínio do preto e off white, mas a cartela também inclui marrom com o nome conhaque, vermelho chamado jambo, vede musgo e mostarda.
 
Estúdio NHNH(foto: Estúdio NHNH/Divulgação)
Estúdio NHNH (foto: Estúdio NHNH/Divulgação)
 
Por causa do aniversário, a dupla já estava em um processo de repensar a marca, o que acabou fazendo muito sentido neste momento. “Passamos a repensar várias questões, como o atacado, que para uma marca pequena pode ser muito cruel. A Nuu fala de liberdade, de se libertar das amarras, e fazer duas edições do Minas Trend por ano com um determinado número de modelos nos poda de alguma forma”, observa. Para Marina, uma saída pode ser focar nas vendas do site (até a loja física tem sido questionada), trabalhar com sapatos clássicos, que funcionam no inverno e no verão, e lançar novidades o ano inteiro.
 
Estúdio NHNH(foto: Estúdio NHNH/Divulgação)
Estúdio NHNH (foto: Estúdio NHNH/Divulgação)
 
Anna Barroso também já passava por um momento de reflexão quando o coronavírus impôs mudanças. Apesar de ter sido fotografada no fim de fevereiro, a campanha de inverno, lançada este mês, tem muito a ver com os tempos de isolamento. “Desde o início do ano, estava em um movimento de olhar para dentro, de ficar em casa, e fiz as fotos em torno de um cenário de obra, de quando você tampa os móveis com lençol branco para não sujar com a pintura. Queria mostrar que tinha uma obra interna acontecendo”, explica a designer.
 
A marca participa há um ano do Minas Trend, mas nunca deixou de abastecer o showroom no Bairro Lourdes e o site com novidades o ano inteiro. O sapato loufer, por exemplo, chega ao inverno com novas cores e combinações de pelo, um todo vermelho e outro de zebra com o xadrez príncipe de gales.
 
Anna Barroso(foto: Anna Barroso/Divulgação)
Anna Barroso (foto: Anna Barroso/Divulgação)
 
Aproveitando o tempo ocioso da fábrica parceira, Anna lançou um projeto para desenvolver sapatos personalizados e exclusivos, o que seria impossível em outra época. “É um processo de co-criação. Eu e a cliente vamos criar um modelo do zero e ela vai ter um sapato só dela”, destaca. Outra ação da marca neste período de quarentena é o lançamento de uma nova coleção de broches feitos a mão para os sapatos, em parceria com a joalheria Gold Design. De acordo com a designer, são peças únicas, como joia, banhadas a ouro e com aplicações de pedras naturais.
 
Com loja física fechada e sem pedidos de lojistas, a Estúdio NHNH investe nas vendas on-line, que nunca foram o seu forte (as clientes da marca gostam de experimentar os sapatos). Descontos e isenção de taxa de entrega tentam estimular as compras no site, mas a designer Luisa Jordá entende que as vendas agora estão em segundo plano. O momento é de parar, refletir, se posicionar e se aproximar do público. “Não é hora de forçar as vendas, mas as pessoas precisam ter a noção de que o que compram pode ajudar os negócios a sobreviverem a esta pandemia. É uma compra consciente”, defende.
 
Anna Barroso(foto: Anna Barroso/Divulgação)
Anna Barroso (foto: Anna Barroso/Divulgação)
TELA

Há dois modelos que acompanham a marca desde o início, sendo que a sapatilha Aisha é o lançamento número um. Luisa se diverte com a história: um dia ela chegou à fábrica e perguntou o que tinha de sobra para usar na coleção de estreia. Soube que a tela de poliéster estava encalhada, que iria para o lixo, e resolveu aproveitar. O sapato Mariana, que agora está na versão tela branca e salto de madeira, também faz sucesso. “São os dois mais vendidos. As clientes usam até acabar e compram outro igual.”
 
Entre os modelos mais recentes, a mule Calli, sem salto e com trama de macramê, e o sapato Fabi, com salto em formato de diamante feito à mão.
 
A marca, que não utiliza materiais de origem animal, sempre se identificou com o conceito de slow fashion. Além de respeitar o tempo de cada etapa da produção, sem pressa, cria produtos mais duráveis, que não são descartados a cada coleção. Luisa acredita que este é o caminho para a marca se manter no mercado. “O meu processo é completamente diferente. Não consigo apresentar 60 pares para o lojista escolher quais cores quer. Marco o tempo de duas coleções, mas os sapatos são entregues ao longo do ano”, aponta a designer, que torce por uma maior valorização dos produtos brasileiros.
 
Enquanto espera a retomada do comércio, a designer compartilha conteúdos inspiradores e reflexivos nas redes sociais da marca. Um dos projetos consiste em fazer lives (bate-papos ao vivo) com designers de várias partes do mundo que desenvolvem sapatos na Itália. “As pessoas sempre me perguntam como foi a minha experiência lá e quero aproveitar para falar sobre isso.” Durante temporada na Itália, a fundadora da Estúdio NHNH trabalhou para marcas como Emilio Pucci e Narciso Rodriguez.


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