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Estado de Minas CARNAVAL

Abram alas para a ousadia

Crescimento do carnaval em Belo Horizonte inspira marcas a desenvolver roupas e acessórios cada vez mais complexos e chamativos, com mistura de materiais e muito brilho dos paetês


postado em 16/02/2020 04:00 / atualizado em 15/02/2020 20:52

Maitê Atelier(foto: Alex Lugh/Divulgação)
Maitê Atelier (foto: Alex Lugh/Divulgação)


É bonito de ver. As marcas carnavalescas evoluem no mesmo ritmo dos blocos de Belo Ho- rizonte. O público aumenta e aumenta também a criatividade dos designers, que não se contentam mais com o básico. Cresce também o interesse dos foliões, cada vez mais dispostos a usar acessórios maiores em tamanho e ousadia. No quesito roupas, são os paetês que levam brilho e cor para a festa.
 
Benedita Acessórios(foto: Ramon Rodrigues/Divulgação)
Benedita Acessórios (foto: Ramon Rodrigues/Divulgação)
Não é exagero dizer que o carnaval de BH está se aproximando da Sapucaí. Pelo menos quando estamos diante dos acessórios da Libertina. Formada em moda, Clara Andrade fez pós-graduação em figurino de carnaval e trabalhou por sete meses na escola de samba Vila Isabel, no Rio de Janeiro, antes de criar a marca que reverbera sua paixão pela folia. “Sempre gostei da parte de figurino, da criação mais solta, e lá tive a oportunidade de aprender muitas técnicas e a história do carnaval”, conta.
 
 
Benedita Acessórios(foto: Ramon Rodrigues/Divulgação)
Benedita Acessórios (foto: Ramon Rodrigues/Divulgação)
As peças são intencionalmente grandes e impactantes, feitas para brilhar na avenida. “Procuro ser fiel ao que se usa na Sapucaí”, diz Clara, que investe na técnica de perucaria, muito usada pelas escolas de samba. Uma armação de ferro, revestida com tecido, se apoia na cabeça e serve como base para os adereços, que podem ser de strass, pérola, spike ou canutilho, todos mais puxados para prateado ou dourado. Em seu ateliê no Rio, a designer demora, no mínimo, seis horas para construir uma peça.
 
Panoletos Karola(foto: Bruna Correa/Divulgação)
Panoletos Karola (foto: Bruna Correa/Divulgação)
As perucas de pedraria estão entre os acessórios mais pedidos da Libertina. Neste ano, os foliões também gostaram da ideia do chapéu bucket carnavalesco, todo aplicado com pedrinhas coloridas. “Comecei com viseiras e desta vez fiz o chapéu pensando em quem quer se proteger do sol. Dá para usar também depois do carnaval”, comenta. Destaque, ainda, para as presilhas de confetes e para o costeiro (peça que se apoia nos ombros) de coração ou arco-irís.
 
Panoletos Karola(foto: Bruna Correa/Divulgação)
Panoletos Karola (foto: Bruna Correa/Divulgação)
Em vez de cabeça, orelha. A busca pelo diferente levou a designer Camila Fortes, da Panoletos, a fugir de arco e coroa para desenvolver, há três anos, um acessório totalmente inusitado para o carnaval, batizado de moicano de orelha. “Lembrei do ear cuff que a minha mãe usava quando era pequena, aquele tipo de brinco que fica pendurado do lado de fora da orelha. Achava o máximo”, conta. Feita de pluma, lantejoula e paetê, a peça tem estrutura de arame para se adaptar a todos os formatos de orelha.
 
Maitê Atelier(foto: uisa Ranieri/Divulgação)
Maitê Atelier (foto: uisa Ranieri/Divulgação)
Camila aprendeu a trabalhar com plumas em um curso de chapelaria na Irlanda e não teve dúvida de que elas seriam a melhor opção para o moicano de orelha, por ser um material “leve, bonito, nobre, durável, com cores vivas e movimento”. No ano passado, o acessório ganhou duas novas versões, uma de pompons coloridos e outra só de paetês. “Fica como se fosse um brinco longo. Uso fio de nylon para ficar invisível, então é para misturar com o cabelo”, descreve. Normalmente, usa-se de um lado só.
 
Libertina(foto: Luisa Ranieri/Divulgação)
Libertina (foto: Luisa Ranieri/Divulgação)
A marca investiu nesta coleção em cores mais básicas de plumas, como preto, branco e nude, que se misturam a cores mais vibrantes, entre elas azul, rosa e roxo. A designer também faz o moicano de uma cor só, pensando em muitos foliões que gostam de usar a cor do bloco. Mas as peças totalmente coloridas, em especial a do arco-irís, ainda são as mais pedidas.
 
Veterana no carnaval de BH (este é o sétimo ano), Ana Maria Paiva inovou ao lançar uma linha de adereços só com fibras vegetais. “A minha intenção é começar uma discussão sobre um carnaval mais consciente e de mais respeito ao meio ambiente, por isso precisamos pensar sobre o tipo de material que consumimos”, explica a fundadora da Benedita Acessórios.
 
A designer começou a pesquisar materiais naturais e fez cursos de fibra de bananeira e palha de milho. Depois se desafiou a olhar ao seu redor (hoje ela mora em uma fazenda em Carmópolis de Minas). Resultado: se fartou das folhas secas de eucalipto e de um antigo ficus na frente da casa. “Faço um tratamento para que fiquem meio emborrachadas, então podem pegar chuva.” Do eucalipto, ela também aproveita os cachos com pequenos frutos em formato de copinho, que dão volume às peças.
 
Mantidas nas cores originais, as folhas ganham vários enfeites. Algumas surgem com aplicações de lantejoulas e paetês. Outras são pintadas a mão com grafismos. “Todas as minhas peças passam por um processo manual bem intenso. Quase não uso o material pronto, pinto, aplico um elemento, mudo alguma coisa para que fiquem mais originais e exclusivas.” Seguindo a linha natural, a marca também criou uma head band de tira de palha trançada e uma cobra de corda com ráfia.
 
Dercy(foto: Luiza Ananias/Divulgação)
Dercy (foto: Luiza Ananias/Divulgação)
BRILHO Ana sabe que este é só o começo da busca pelo carnaval consciente, já que ainda não conseguiu eliminar plástico e pena. Na linha futurista retrô, com referências da década de 1980, ela mistura estruturas aramadas com holográficos, neons e transparências. Já a linha “os novos anos 1920” faz uma leitura sobre o tema melindrosa e não economiza no brilho, unindo pena, strass e paetê.
 
Do design de joias para o carnaval. Marina Amália chama a atenção por utilizar técnicas de joalheria na construção dos acessórios. As peças de cabeça são altas, mas extremamente delicadas e trazem uma proposta mais moderna para a folia, seja na rua ou nos bailes. “Consigo sair do arco baixo e ganhar altura com estruturas aramadas, que são leves”, destaca a designer e ourives por trás da Maitê Atelier, ao apresentar a coleção Chiquetê.
 
Desta vez, a marca apostou em tecidos para construir os adereços. Tule e voal, principalmente, são esticados para acompanhar o formato da estrutura aramada, que pode ser de estrela, coração, bolhas etc. Marina utiliza outros materiais para enfeitar, como paetê, pompom, strass, franja, palha e pluma.
 
Todas as peças se encaixam na cabeça como um arco. O que varia é a altura e os complementos, que podem chegar até o rosto. “A solda, que vem do meu trabalho como ouvires, me possibilita brincar mais. É como se fosse uma mistura de arco e máscara”, explica.
 
Uma novidade deste ano é a saia gaiola. Marina criou uma estrutura de plástico tipo bambolê, inspirada nas crinolinas, usadas antigamente por baixo do vestido para dar volume. Só que no carnaval é para aparecer. A peça pode ficar por cima de body, collant ou meia arrastão. Para as mais ousadas, tem o sutiã de metal, formado por uma estrutura de metal soldada e bojo todo revestido com paetês coloridos. A peça não tem alça, deve ser amarrada com elástico ou fita. Outra opção é a gola bufante de tule.
 
Reverência aos paetês
 
Entre as roupas, o paetê se firma como sinônimo de brilho e sofisticação. A marca Dercy está no seu quarto ano e se diferencia pelo trabalho com este material, que é bem carnavalesco. “O paetê é uma matéria-prima desafiadora, difícil de aderir ao corpo, mas aprendemos com a experiência e conseguimos construir uma modelagem justa. Acho que este é o nosso segredo”, aponta a estilista Alice Corrêa.
 
A marca escolheu um paetê em um tom de dourado vintage para fazer duas peças icônicas da coleção Realce. Uma delas é o vestido curto de alcinha com barra de tule preto, que é uma versão moderna da melindrosa. Depois do carnaval, ele vira roupa de festa. Destaque também para o quimono longo de paetês, que pode ser usado como vestido. Acompanha cinto com fivela de borboleta.
 
Inspirada no universo do circo e das bandas com baliza, a Dercy apresenta o body de um ombro só de paetês em três cores (verde escuro, roxo e vermelho). Recortes assimétricos formam tiras laterais, caídas no ombro, que ficam como se fossem continuação das listras. Já o body em paetê iridescente (que reflete as cores do arco-íris) ainda tem aplicação de cristais brilhantes.
 
A marca Karola quis deixar seu carnaval mais glamouroso. “Além da necessidade de aprimorar o meu trabalho, percebo que o público quer cada vez mais coisas elaboradas e está disposto a investir bem mais. O básico já está ficando de lado”, observa a estilista Carolina Azevedo, que apostou bastante na mistura de materiais, como paetê e lurex.
 
Para a criadora da Karola, não há dúvida de que o paetê é a estrela do carnaval, muito pela questão do glamour. Não por acaso, uma das suas peças mais glamourosas é um um body todo do paetês com decote profundo nas costas e pluma nos ombros. Sem abandonar o colorido, que é uma característica conhecida da marca, Carolina também trabalhou nesta coleção com rosa seco e prata.
Fora bodys, tops e hot pants, que dominam as vendas, a marca lançou este ano uma saia que ganhou o nome de “tapa bumbum”. “Algumas mulheres ainda não estão dispostas a sair só de body ou hot pant, então elas podem usar esta saia por cima”, informa Carolina. A saia é comprida na parte de trás e aberta na frente. Com uma amarração simples, ela se ajusta a todos os corpos. 


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