As coleções masculinas para o outono-inverno 2021 que as grifes internacionais mostraram nas semanas de moda de Milão e Paris deixaram claro que os diretores criativos permitiram a criatividade voar alto, leve e solta. Sem abandonar o clássico e o elegante, ousaram tanto no estilo quanto nas cores e nas inovações de tecidos e materiais. O que não falta é roupa para qualquer gosto.
Homens lights
A moda internacional abriu seu calendário com a Semana de Moda Masculina de Milão – de 10 a 14 de janeiro –, e na sequência teve a de Paris, que ocorreu semana passada, mostrando as coleções outono-inverno 2020/2021 das principais grifes internacionais. O que se viu foram coleções ecléticas. A criatividade e ousadia dos estilistas mostraram que é possível transformar o clássico em moderno e arrojado, mas é preciso muita personalidade e estilo para carregar as inovações.
As calças surgem com um comprimento mais curto, e quase todas as marcas apresentam os modelos tradicionais e outros mais arrojados com detalhes no cós, como palas – algumas bem grandes –, tiras, bolsos diferenciados, etc. O uso de tecidos tecnológicos cresceu bastante e a cartela de cores está cada vez maior. Os tons escuros predominam, mas também cores fortes e vivas como o vermelho, pink, roxo, amarelo e verde. Os casacos mantêm comprimentos variados e chamam a atenção pelos diferentes cortes e detalhes.
Coletes de tricô sobre camisas sem manga, regatas no mesmo trabalho, porém com a trama bem aberta, calças bailarina, blazers com babados, camisas com jabôs, sobreposições de peças, casacos de pele, tecidos adamascados, enfim, uma infinidade de propostas para atender à variada demanda existente na sociedade atual, onde tudo é permitido, sem julgamentos nem censura.
Virgil Abloh assinou a coleção masculina da Louis Vuitton para a estação fria da temporada. Streetwear é um rótulo adotado e rejeitado livremente pelo diretor criativo, que redefiniu o termo caracterizando-o pelas roupas que realmente usamos e a maneira como as vestimos. Abloh reprogramou os códigos do vestuário tradicional masculino, a alfaiataria e a silhueta cônica saíram de sua zona de conforto corporativo, foram distorcidas e reviradas, o antigo foi neutralizado, reapropriado e adotado para uma joie de vivre progressivo.
Sob uma ótica mais pueril, Virgil criou a estampa de nuvens no céu, oníricas e infinitas: o céu na Terra. Um trabalho de degradê e de respingos bem controlados também compõe a estamparia da coleção. O uniforme corporativo masculino foi transformado em um símbolo de habilidade e criatividade.
A marca esportiva chinesa Li-Ning celebra os 30 anos de atletismo do seu fundador, o grande ícone do esporte da China que deu nome à grife, e criou seu outono-inverno 2020 propondo uma nova mistura de roupas esportivas e alfaiataria mesclando passado e futuro – uma aparência híbrida com vários pontos de referência que permanecem em diálogo contínuo. A coleção tem origem na imagem de Li e na visão de um atleta: aplicar técnicas de alfaiataria clássica a estilos icônicos derivados do esporte.
A Prada Uomo apresenta pontos antagônicos sobre a tradição, o conhecido e a natureza – humana e outras. Uma fantasia do clássico na qual os paradoxos se fundem.
Já a Balmain mistura imaginário étnico com clássicos franceses, totalmente inspirada no deserto do Saara e com um toque burguês. Dessa mistura de referências, uma combinação que remete ao passado de seu diretor criativo, Olivier Rousteing, deu o norte ao inverno 2020 masculino da marca. “Aqueles que me conhecem e que assistiram ao filme Wonder boy sabem que hoje eu conheço minhas origens”, escreveu o estilista no texto em que explica as vontades por trás da coleção. No documentário em questão, ele descobre detalhes sobre a suas raízes e a nacionalidade de seus pais biológicos. Uma África imaginária dá um tempero especial à coleção, trabalhada sob uma cartela de tons terrosos (passeando por tons de areia, bege, ocre e marrom) e silhuetas fluidas.
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