Jornal Estado de Minas

Bom gosto e elegância

- Foto: Sidney Lopes/em/d. a press
 
Marcada pela sobriedade e distinção, a decoração da Casa Mineira de dezembro define o estilo de vida dos proprietários e a preferência por móveis e objetos que contam histórias seculares entremeados por mobiliário contemporâneo em mix bem dosado e elegante.
 
A arquitetura em desnível dos espaços sociais, com recortes que formam vãos nas paredes, permite que o conjunto converse entre si proporcionando unidade e aconchego. Em um primeiro momento, o trabalho de interiores tem assinatura de Sandra Penna e teve início com a aquisição da mesa de jantar e 14 cadeiras do designer francês Jacques-Émile Ruhlmann, uma das mais importantes figuras do movimento art déco, e de uma sanca antiga com motivos inspirados em aquarela de Gustav Klimt. Nichos iluminados guardam a escultura em madeira folheada a ouro em forma de flor de lótus e o vaso Phedra de Hilton McConnico. Um biombo francês fecha o ambiente.
 
A marcenaria assinada por Isaura Kallas tem como destaque o bar com superfície trabalhada em estanho complementado por bancos contemporâneos. Ao fundo, obras do artista venezuelano Carlos Cruz-Diez - Foto: Sidney Lopes/em/d. a press 
Em um segundo momento, a concepção da área social ficou sob a responsabilidade de Márcio Ferreira de Carvalho. Cada peça foi escolhida com cuidado, tendo como critérios a qualidade e procedência, a começar pela entrada do living composta por recamier baiano com encosto em palhinha, uma rara mesa redonda trabalhada em marcheterie, do século 19, no centro, adornada com jarro e bacia Baccarat gomado e torcido, e o arcaz miniatura da coleção Rui Dantés do século 18, encimado por coleção de papéis dos artistas Portinari, Bandeira e Neri.
 
Coleção de porcelanas inglesas borrão em estantes do conjunto em madeira criado por Isaura Kallas - Foto: Sidney Lopes/em/d. a press 
Na segunda conversação, vale ressaltar a mesa elizabetana, século 16, o par de vasos em cristal Baccarat proveniente da oligarguia judaica de Odessa, o abajur Tifanny art nouveau, os castiçais assinados por Diego Giacometti e a coleção de caixas chinesas e em tartaruga. O par de sofás simétricos, um defronte ao outro, vem revestido por tecido chocolate arroxeado em seda Rubelli trazendo uma pitada de cor elegante para o espaço.
 
Estar da adega contígua à choperia com coleção de vinhos em nicho especial para abrigar as garrafas. À direita encontra-se a sala de cinema da casa - Foto: Sidney Lopes/em/d. a press
Ao fundo, no terceiro ambiente, sobressai o robusto arcaz da coleção Nagib Jabour, originário do século 18. Sobre ele distingue-se o conjunto de tocheiros em prata, do final século 17, procedentes da família Catarino, e duas bilhas portuguesas do século 18 brasonadas. Acima, Márcio usou um par de talhas douradas invertidas, oriundas da demolição da Catedral da Sé, na Bahia, para criar um losango que valoriza a parede central.
 
Quatro cadeiras francesas do século 18, do acervo da dona da casa, foram revestidas em tecido vermelho cardinalício da Rubelli, iluminando o living.
A tapeçaria Aubusson ocupa lugar de destaque na decoração, que conta ainda com banco policromado do século 18. E a imagem de Nossa Senhora da Conceição adornada com joias e esculpida por Francisco Vieira Cervas, atravessou quatro gerações de colecionadores até chegar ao local que ocupa hoje na casa.
 
O arcaz da coleção Nagib Jabour, século 18, conjunto de tocheiros em prata do final do século 17, e par de bilhas portuguesas brasonadas também do século 18. Acima, talhas douradas e, ao lado, tapeçaria Aubusson. A conversação recebeu cadeiras francesas e banco policromado do século 18. - Foto: Sidney Lopes/em/d. a press
Em nível mais alto, outra conversação é composta por quatro cadeiras, par de mesas da coleção Octales Marcondes e mesa de centro valorizada por talha de Aleijadinho e par de tocheiros em prata do final do século 17. O florão do mestre Valentim, acima da lareira, veio da demolição da igreja São Pedro dos Clérigos. A cômoda Dom José, século 18, em jacarandá albino Gonçalo Alves, carrega Galés e é encimada por tela de Di Cavalcanti. Vale ressaltar ainda a coleção de óleos de Pedro Correia de Araújo. À esquerda, o fumoir com paredes revestidas em laca vermelha.
 
No nível seguinte, mais uma sala - a mesa tem como base um fragmento de coluna antiga e as cadeiras são Dom José autênticas. Uma tela importante de Ianelli é destaque.
Contíguo a sala de jantar, surge o último ambiente da área social exibindo algumas preciosidades, como a coleção de cristais do século 19, a escultura/árvore do artista Megumi Yuasa e um vaso de bronze do período Meiji.   
 
- Foto: Sidney Lopes/em/d. a press
Exterior Um paisagismo cultivado ao longo dos anos emoldura a casa tornando a área externa um oásis de frescor pontuado pelo verde. Da varanda, onde o ponto principal é a mesa de madeira acompanhada por cadeiras Breno e por sofás e cadeiras contemporâneos, é possível usufruir da paisagem externa da qual a ampla piscina faz parte. Um cepo de cortar carne antigo funciona como aparador e é encimado por obra de Juan Subutzki.  
 
Cenário natalino concebido por Denise Magalhães - Foto: Sidney Lopes/em/d. a press
No interior, o ambiente contíguo é a choperia na qual se destaca o belo trabalho de marcenaria assinado por Isaura Kallas e o bar com superfície trabalhada em estanho, tendo ao fundo obras do artista venezuelano Carlos Cruz-Diez, um dos expoentes da arte contemporânea e do movimento cinético dos anos 1950- 1960.
 
 
Uma tela de Ianelli, a coleção de porcelanas inglesa borrão em uma das estantes do conjunto em madeira criado por Kallas e a coleção de obras arcaicas chinesas valorizam o espaço, composto ainda por duas conversações, pela adega situada em nível mais alto e pela sala de cinema.
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