Jornal Estado de Minas

Arte & flores

De tela de Picasso a uniforme de guerra: o que virou notícia nas semanas de moda de Milão e Paris

Moschino - Foto: Alessandro Lucioni/ Divulgação A primavera mal começou no Hemisfério Sul e a moda europeia já antecipa as tendências para a temporada de flores do ano que vem. Nas últimas semanas, Milão e Paris viraram palco de desfiles das principais gripes internacionais A passarela se encheu de estampas, muitas com temas ligados à natureza, entre folhagens, flores e animais. Curioso é que, em algumas apresentações, protestos e celebridades ganharam mais destaque que as próprias roupas.
 
Em Milão, Alessandro Michele voltou a causar polêmica na passarela. Abriu o desfile da Gucci com uma sequência de looks brancos com cara de camisa de força. Uma das modelos protestou silenciosa: escreveu na mão a mensagem “saúde mental não é moda”. Mais tarde, o estilista se defendeu, dizendo que os uniformes eram para mostrar como a moda pode “eliminar a auto-expressão” e “restringir a identidade”. E avisou que as roupas não serão vendidas.
 
Versace - Foto: Alessandro Lucioni/ Divulgação Na sequência, a marca desfilou o oposto dos chamados “uniformes”. Roupas que definitivamente não combinam com quem quer se vestir seguindo padrões.
Como era esperado, Michele trabalhou com uma mistura de padronagens, texturas, estilos e cores. Destaque para lingeries e camisolas à mostra, preto roubando a cena e casacos para frio nenhum botar defeito.
 
Fendi - Foto: Alessandro Lucioni/ Divulgação Outra marca que provocou rebuliço em Milão foi a Versace, mas por outro motivo. Jennifer Lopez apareceu na passarela com a famosa estampa de selva que usou 19 anos atrás em premiação do Grammy. As folhagens em tons de verde ganharam várias releituras, em peças esportivas, bordados e nos acessórios. Donatella Versace abusou das minissaias (curtas de verdade) e acertou em reforçar o preto como ícone de sensualidade.
 
Gucci - Foto: Filippo Fior/Divulgação Pablo Picasso teria orgulho do desfile da Moschino. Jeremy Scott conseguiu, com muita criatividade, transformar as roupas em praticamente telas no estilo cubista do pintor. Para começar, garantiu que todas as estampas fossem pintadas a mão no ateliê antes de serem digitalizadas.
Algumas eram reproduções de personagens conhecidos de quadros do espanhol, como a mulher com o violão. As roupas com volumes, principalmente nos ombros, ganharam estrutura de quadro. O estilista aposta nesta temporada em saia balonê, tomara que caia e babados.
 
Maison Dior - Foto: Alessandro Lucioni/ Divulgação A Prada chamou a atenção exatamente pelo contrário das outras. Mostrou simplicidade na passarela, reunindo peças que podem fazer parte de um guarda-roupa descomplicado e atemporal. Miuccia Prada quis expor no desfile uma preocupação bem pertinente. “Meu sentimento atual é que há muito de tudo e chegou a hora de se comprometer seriamente a produzir menos.” Por isso, privilegiou peças lisas, evidenciando formas e texturas.
 
Maison Margiela - Foto: Filippo Fior/Divulgação  GUERRA A Semana de Moda de Paris só termina nesta terça-feira, mas já deu para confirmar que a cidade-luz nunca decepciona. John Galliano deu um tom de uniforme de guerra para as roupas da Maison Margiela. Entre os modelos, era fácil identificar soldados, aviadores, marinheiros e até freiras.
Em destaque, um camuflado diferente (mais geométrico), calças rasgadas “em combate” e buracos feitos a mão que podem ser interpretados como marcas de tiros. Vestidos com um complemento nas costas, como se fosse capas, pareciam paraquedas prontos para saltar.
 
Dries Van Noten - Foto: Alessandro Lucioni/ Divulgação À frente da Saint Laurent, Anthony Vaccarello conseguiu a façanha de usar praticamente só preto sem cair na monotonia. Os microshorts reinaram em várias composições no desfile aos pés da Torre Eiffel, só com colete, com camisa e blazer, com casaco quase no tornozelo. O estilista depois ganhou elogios ao levar para a passarela versões bem femininas do smoking, como o modelo que tem metade das mangas em tecido transparente e com brilho.
 
Inspirada em Catherine, irmã jardineira de Christian Dior, que viveu cercada por flores, Maria Grazia Chiuri desenvolveu toda a coleção centrada na natureza, mas de uma forma nada previsível. Sem usar verde, a diretora-criativa da Maison Dior investiu em tons claros que remetem à terra, areia, madeira, com bordados em preto formando galhos. Pitadas de azul faziam referência ao céu. Já as estampas pareciam impressão botânica, como se as plantas tivessem sido prensadas no tecido. Chiuri exibiu, ainda, uma saia riquíssima em ráfia e macacão jeans lembrando roupa de jardineiro.
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