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Jovem Sogra de 85 anos

Loja de tecidos comemora 85 anos de mercado, mais atual do que nunca e com atendimento personalizado


postado em 26/05/2019 04:08

Marcelo Lima foi quem herdou o dom do comércio e assumiu definitivamente o negócio da família e está há 31 anos(foto: Leando Couri/em/d. apress)
Marcelo Lima foi quem herdou o dom do comércio e assumiu definitivamente o negócio da família e está há 31 anos (foto: Leando Couri/em/d. apress)



Com um nome inusitado, que não causa estranheza aos belo-horizontinos, a Casa da Sogra faz parte da história da capital mineira e celebra este ano 85 anos de fundação com a mesma qualidade de produtos e serviços que marcou sua trajetória na cidade. O nome surgiu por acaso, segundo o proprietário Marcelo Lima, em uma reunião dos fundadores, daquelas tipo brainstorm, quando todos falavam ao mesmo tempo em tal volume que ninguém conseguia ouvir ninguém, um deles bateu na mesma e gritou: “Estão achando que aqui é a casa da sogra?”, expressão muito antiga, usada até hoje quando alguém quer se referir a um lugar onde o sujeito faz o que quer, onde reina a confusão, bagunça. A fala não só acabou com a bagunça e com a reunião como deu nome à loja.
Na época em que foi fundada, não existiam confecções e todo mundo comprava tecido para fazer suas roupas, desde os pijamas e camisolas aos vestidos para o dia a dia, ternos e roupas para festas, casamentos etc. O mercado era superaquecido e a Casa da Sogra vendia todo e qualquer tipo de tecido.
Vendia? Não, vende. Se no início de suas atividades vendia chitão, não sabemos dizer, hoje os produtos são mais selecionados, mas a oferta vai desde tecidos para camisaria, roupas casuais até os mais finos para vestidos de festa, noivas, formaturas, 15 anos e ternos.
Até os anos 1980, as lojas de tecidos reinaram absolutas, mas nesta década começaram a surgir as confecções e a partir daí começou a ter uma queda gradual na venda de tecidos. “Essa mudança é muito perceptível em shopping centers, não existe loja de tecido em nenhum deles. Por quê? Pelo simples fato de que as pessoas preferem pagar mais caro pela praticidade e agilidade de entrar na loja e sair com a camisa, calça ou vestido pronto, dentro da sacola”, analisa Marcelo. “O consumidor não pensa que poderia pagar 1/3 do valor se comprasse o tecido e mandasse fazer a roupa. Pensa mais no tempo e trabalho de ir à costureira ou alfaiate para levar o tecido e tirar as medidas, voltar para uma prova e retornar para buscar a roupa. Gasta-se mais tempo? Sim, mas tem uma grande economia e uma peça exclusiva, sob medida. Com a redução do mercado, nos especializamos em tecidos mais finos, importados, exclusivos. Isso nos favoreceu no mercado. Outros concorrentes que não fizeram isso ficaram pelo caminho”, comenta.


Indagado sobre a dificuldade de se encontrar costureiras atualmente, o empresário abre uma agenda repleta de contatos e mostra que pode se dar ao luxo de indicar a profissional, não apenas pela qualidade do serviço, como também pelo bairro, para que a cliente não tenha que se deslocar muito para ser atendida. São mais de 100 nomes dentro de Belo Horizonte.

HISTÓRIA A Casa da Sogra foi fundada em 1934 por um grupo de cinco empresários. Desde que abriu as portas, o jovem José dos Santos Lima trabalhava ali e não imaginava que aquela empresa se tornaria sua vida. Começou sua trajetória como office boy, passou a vendedor e chegou a gerente rapidamente. Foi no emprego que conheceu a colega Edith Cali, com quem se casou. Depois de um tempo como gerente, decidiu melhorar de vida. A solução era sair da loja para montar uma empresa para ele, porém os fundadores não tinham sucessores e viram ali uma oportunidade, ofereceram a loja a José. A proposta era tentadora, mas ele não tinha condições de comprar e os empresários sugeriram que ele usasse o dinheiro que tinha para dar o sinal e que o restante ele pagaria com seu trabalho.


Prontamente, José dos Santos aceitou a oferta, sem se lembrar do velho ditado de que “quando a esmola é muita o santo desconfia”. Dito e feito, inocente, sem entender muito do mundo dos negócios, só depois de fechar a compra da loja tomou conhecimento do grande passivo que a empresa tinha. A ajuda para conseguir levar a loja para frente veio de sua mulher Edith, que vinha de uma família de posses. Foi um momento muito difícil, mas que venceram juntos. Como tinha muito tino comercial, reergueu a loja e juntos fizeram a Casa da Sogra, a potência que foi em Belo Horizonte, com grandes lojas no Centro, no Santo Agostinho e na Savassi.O casal teve apenas um filho, José Roberto Lima, que decidiu fazer medicina, profissão que exerceu por 13 anos, mas, quando seu pai faleceu cedo, aos 66 anos, largou a carreira e assumiu os negócios da família ao lado da mulher Thelma, que introduziu na empresa a unidade de cama e mesa. José Roberto teve quatro filhos, um deles seguiu a medicina, os outros três trabalharam na loja e hoje Marcelo Lima foi quem herdou o dom do comércio e assumiu definitivamente o negócio da família e está há 31 anos à frente da loja, que mantém suas atividades com uma equipe que acompanha a família há anos.

CONSULTORIA “Por mais que fale de fidelidade é impossível manter uma empresa por tanto tempo se não primar pela qualidade e pelo bom atendimento. Pontos principais para uma empresa que trabalha com o público e é claro, ter uma atenção especial com o preço, que hoje em dia é dos itens mais importantes”, ressalta o herdeiro, destacando orgulhoso a equipe que está há mais de quatro décadas trabalhando junta, e que considera da família.


Um deles é João Bosco Martins Lanna, que atua na loja há 46 anos. Começou com o avô de Marcelo, passou pelo pai e agora está na gestão do filho e não mede palavras para elogiar a família “Patrões espetaculares”, diz com boca cheia e orgulho de falar que entende muito de tecidos e tudo que aprendeu ali, na Casa da Sogra. Tem clientes antigos e fieis e hoje já atende filhas e até netas das clientes.


A casa tem, à disposição dos clientes, dois estilistas que fazem muito mais do que desenhar modelos, são verdadeiros consultores de moda. Estão super atualizados no que há de melhor e mais atual na área e sabem como ninguém interpretar os desejos e sonhos das clientes, que chegam com referências, mas sem saber ao certo como querem a roupa. Além de conseguirem captar o desejo, são capazes de transformar o sonho no melhor modelo para tipo de corpo da freguesa. Regina Costa está há 45 anos na empresa e Toninho, há 35. Além de serem designers, ambos entendem de costura e Tonninho é bordador de mão cheia.


“Vale a pena fazer uma roupa sob medida. É possível fazer um vestido de formatura em musselina mista por R$ 200, caso tenha uma costureira na família. Se pagar a costureira, o vestido sairá em torno de R$ 600. Onde você vai conseguir um lindo e farto vestido exclusivo por este preço?”, avaliam os profissionais.


Se já passaram por alguma saia justa? Claro que sim. Os casos são muitos, os mais comuns são a necessidade de ter jogo de cintura para tentar mostrar à cliente que determinado modelo não lhe cairá bem. Com todos esses anos de prática, tiram de letra. Regina de forma mais sutil, Toninho de uma maneira mais direta, o importante é que todos alcançam seus objetivos e a mulher sai da loja com um modelo lindo e adequado.


Um dos casos inusitados ocorreu com Regina, quando uma cliente foi à loja para comprar tecido para deixar tudo pronto para o enterro de sua mãe idosa e doente. Ninguém chega na loja pedindo isso, a estilista só percebeu do que se tratava no decorrer do atendimento, e de forma delicada demonstrou ter entendido o que a pessoa queria. O alívio foi geral e o resultado melhor ainda. Coisas práticas da vida e necessárias, uma vez que um membro da família havia doado todas as roupas da idosa.

TECIDOS Apesar de a loja ter se especializado em tecidos finos, é possível encontrar ali outros para roupas só do dia a dia, afinal, loja de rua tem que ter um pouco de tudo para atender a clientela. Vale ressaltar que a gama de tecidos para camisaria vai desde os lisos até os estampados, tanto para camisas femininas, quanto masculinas. Tecidos para ternos é uma variedade enorme, ficam em uma sala no fundo da loja, mas os mais caros, importados como Ermenegildo Zegna, por exemplo, podem ser escolhidos por amostras e chegam em dois dias.


Musselina pura ou mista, organzas, seda pura e tules têm de todas as cores e preços, alguns deles a partir de R$ 25 o metro. As rendas vão desde as nacionais até as importadas exclusivas e podem ser bordadas ou não. E o preço também varia de algo em torno de R$ 160 até mais de R$ 4 mil o metro. De novo o setor de tecidos sofreu outro golpe, quando o mercado chinês dominou e começou a produzir rendas. Com isso a loja abriu seu leque. Oferece desde as mais baratas que, sabendo usar, fazem um lindo efeito na roupa, até as especiais exclusivas que importam diretamente da França, Itália e Índia. Tanto renda quando seda pura estampada, e a chancela de exclusividade para a Casa da Sogra vem estampada na margem do tecido. É tanto cuidado que são feitas peças com apenas cinco metros.

 

 

Costureiras
em alta

Muita gente pensa que o ofício de costureira está morrendo, mas esta impressão está errada. Belo Horizonte tem um time grande de excelentes profissionais de alta costura de uma geração que era mais comum fazer vestidos de
festa e casamento sob medida, e que ainda estão na ativa com todo gás.

Para ilustrar podemos
citar algumas como Águeda Chaves, Thais Teixeira da Costa, Maria José Camargo, Branca Diniz, Matilde Marques, Cinara Spindola, Graça Trindade, Magda Kraus e Marília Vieira. Maria Helena Braga é outra, porém está atendendo poucas clientes.

O mais interessante é
que tem uma nova geração que vem se destacando há alguns anos como Cida Cardoso, Vera Almeida, Carla Fernandino, Eduarda Uchoa, Maria Sélia, Ieda Melo e Hingrid Sathler, Adir Bastos. Para os homens, três alfaiates são referência na cidade Geraldino, Marcelo Blade e Adilson. Vale ressaltar que não pegarmos a lista da Casa da Sogra para esta pesquisa, senão , com certeza, a lista seria muito maior.


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