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Estado de Minas

Sob acusação


postado em 10/03/2019 05:06


Cada dia comprovo que temos muito daquilo que condenamos nos outros. O que nos diferencia é que uns conseguem perceber e lutam para modificar seu comportamento e aceitar o do outro que insiste em permanecer como está, outros até que percebem, mas preferem negar e a maioria de nós nem isso.

Conheço dois grandes amigos que se encontram quase diariamente desde a infância e quando não estão juntos não perdem a oportunidade de destacar o quanto o outro é egoísta. “Só pensa em si, no melhor para ele”, gostam de repetir contando exemplos capazes de confirmar as suspeitas. Pouco difere o discurso de um e de outro, a não ser o fato que um está se referindo exatamente ao outro.

Confesso que concordo com os dois, ou seja, ambos exibem tendências bem egoísticas, mas só enxergam a questão quando se manifesta no amigo. Fato é que todos agimos assim, funciona quase como um instinto de sobrevivência mais exacerbado em alguns casos. Digo isto porque ainda não aprendemos a diferenciar aquele que realmente só pensa em si, daquele que não enxerga seus defeitos mais básicos.

É tão fácil julgar, mais fácil ainda condenar. Porque têm amigos negros, brancos negam ter preconceito de cor; porque gostam de um professor que é homossexual, heteros dizem que aceitam muito bem a homossexualidade; porque tratam com distinção a empregada que trabalha em suas casas há anos, patrões afirmam tratar pobres e ricos com igualdade; porque viram a mãe lutar a vida toda para ser reconhecida profissionalmente, filhos afirmam valorizar as mulheres como o fazem em relação aos homens. É um mundo ideal, possível, mas ainda irreal.

Percebemos isso muito bem quando um rapaz branco apresenta para a família a namorada negra, quando o filho confessa aos pais que é gay, quando o patrão acha estranho a empregada usar o mesmo lavabo que ele prefere reservar à família e às visitas, quando eles não acham injusto ganhar mais que as colegas que exercem o mesmo cargo e função buscando se justificar apenas na competência de uns e de outras, quando de fato não é simples assim.

Precisamos muitas vezes, para não dizer em quase a sua totalidade, passar por experiências que nos coloquem em xeque para sabermos quem somos de fato. Às vezes nos surpreendemos muito, chegamos a nos decepcionar pois esperávamos reações mais maduras de nossa parte. Bom demais quando isso acontece, pois ao nos colocarmos a prova damos um grande e decisivo passo para vermos o quanto já crescemos e evoluímos como humanos. Por humanos quero dizer seres que não apenas raciocinam, mas são capazes de ter todo tipo de sentimento e reação porque são seres que erram. O que nos difere é que alguns de nós, por dificuldade em se assumir imperfeitos, se emaranham nos próprios erros a ponto de não enxergá-los.


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