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Moda autoral e artística

A argentina Gabriela Demarco conquistou uma clientela fiel com a grife Elvira Matilde, que tem um estilo único, marcante, controverso e não segue tendências


postado em 03/03/2019 05:09

(foto: Alexandre Lima/Divulgação)
(foto: Alexandre Lima/Divulgação)



Seguir tendência da moda não é e nunca foi o caminho de Gabriela Demarco, que, pouco tempo depois de chegar ao Brasil, abriu a marca Elvira Matilde, que despertou dois sentimentos na população: amor e ódio. Isso mesmo, quem gosta, ama, e não se contenta com uma ou duas peças, vira cliente fiel. Quem não gosta, detesta e não passa nem perto da loja. O fato é que a despretensiosa jovem conseguiu criar uma marca própria, autoral, com estilo bastante alternativo e conquistou uma clientela tão fiel que uma delas já tatuou a imagem da grife em seu braço.


A argentina, nascida em Buenos Aires, que queria prestar vestibular para jornalismo, viu sua vida mudar quando decidiu vir para o Brasil aos 19 anos, com o namorado brasileiro, com quem se casou e teve três filhas. Seu país vivia tempos difíceis de ditadura em 1981, e a jovem artista preferiu sair de lá.


Sem condições de fazer uma faculdade, usou o que sabia para se virar. Desde criança, gostava de desenhar – o que fazia bem –, e tinha aprendido a costurar, fazer crochê e tricô com a avó Elvira Matilde, habilidades ensinadas desde cedo para as moças. Foi morar em uma república e acabou sendo acolhida pela proprietária, que mexia com teatro e, sabendo das aptidões de Gabriela, a levou para fazer figurinos.


Depois, passaram a fazer camisetas e para estampar foi um pulo, afinal, a criatividade estava em ebulição e precisando ter vazão. Depois de um tempo, Demarco fez um curso na Escola Guignard. “Não terminei o curso, mas aprendi muito. Fiz aula de desenho, aprendi serigrafia, que me levou para o silk screen, e comecei a investir nisso. Passei a desenvolver este traço que virou uma marca registrada, esta forte identidade que tem um lado positivo, para quem gosta, e o lado negativo, para quem não gosta. É um estilo muito autoral, de muita personalidade ”, conta a estilista.


A partir daí, foram anos de aprendizado sobre estamparia, confecção e modelismo, porém sem mudar o estilo. As coleções sempre foram temáticas, sem seguir a tendência da moda, com modelos soltos, despojados, over size. Macacões, calças, vestidos e saias de vários comprimentos, camisetas, enfim, tudo muito confortável quando ninguém se preocupava com isso. As cores seguiam um pouco a tendência da moda porque as fábricas só oferecem a cartela da tendência. “Já enfrentamos muito preconceito nesses 30 anos por causa do nosso estilo. Nunca fiz roupa para agradar a ninguém, fazia o que eu vestia e gostava e como comecei a fazer para os amigos, o que viam em mim pediam igual”, relembra
Exatamente por conta deste estilo tão solto, colorido e moderno, Gabriela acabou conquistando uma clientela inesperada, as gordinhas. Em uma época na qual pessoa plus size era marginalizada e as peças com tamanhos grandes eram feias, sem formas e matronas, as roupas folgadas da Elvira Matilde caíram como luva e com estilo para esse público. Hoje, a grade da marca vai do 36 ao 44 e depois do 46 ao 56, mas nem todos os modelos estão disponíveis em toda numeração.


Hoje, a empresa conta com duas marcas – a Elvira Matilde e a Nin, criada por Teresa Pádua, filha de Gabriela, que trabalha ao lado da mãe no estilo e decidiu criar uma grife própria, com a proposta de uma roupa mais clean, com estampas minimalistas, cores mais suaves, modelagem alfaiataria, e pegada mais acintada, voltada para um público na faixa dos 25 aos 40 anos. Uma mulher contemporânea.


“Hoje, nossa loja foi adquirida por uma cliente, e eu fico na fábrica, crio todos os produtos para a loja e faço a visualização e vitrine para cada estação. Com a minha filha ajudando estou tendo a oportunidade de voltar a pintar, que é o que eu mais gosto, misturar tintas, criar cores, desenhos, estampas. Algumas das estampas são pintadas a mão, outras eu crio a matriz a mão e aí desenvolvemos no digital. Mas a maior parte é única, feita por mim, por isso que de vez em quando você encontra um respingo, uma gota fora do lugar na roupa”, conta Gabriela.


O amor das clientes é tão grande que uma delas chegou a tatuar a marca em seu braço. “Elas são doidonas demais (risos), mas é uma demostração de amor e identidade muito grande, é a comprovação de que ela se apropriou da marca, faz parte da vida dela de forma que não conseguimos entender. Várias pessoas se encontram aqui nesse ambiente. É como se as clientes fossem sócias da grife. Algumas têm orgulho em dizer que no closet só têm roupas da Elvira. É uma roupa marcada e marcante.”


O infantil começou lentamente, com modestas camisetas, muito mais por uma questão sustentável. Por mais que doem os retalhos, a sobra de tecidos é muito grande em uma confecção e para minimizar esse descarte, decidiram fazer peças infantis, com a sobra dos tecidos das coleções. Os tecidos de poliéster demoram muitos anos para se decompor, e mesmo você pagando para recolhere eles acabam em lixões. Acabou dando certo, porque as mães gostam de vestir seus filhos iguais a elas. Mesmo assim, ainda sobra muito retalho para doar. Estamos sempre buscando alternativas para diminuir esses descartes. Doamos para escolas, ongs, artesãos, etc. Antes doávamos para produtores de estopa, mas também está caindo em desuso.


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