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Estado de Minas

Entre dois polos

Guarda a bondade em compartimento separado da maldade


postado em 02/12/2018 05:03

Cada vez tenho mais comprovações de que ninguém é no todo aquilo que dele pensamos ou sentimos. Quanto mais conhecemos os outros a fundo, mais descobrimos características capazes de nos arrancar admirações tanto negativas quanto positivas, julgamento cuja variação depende principalmente de nossa forma de ver a vida necessariamente da maneira como o outro se posiciona.


Tenho observado como compartimentamos o bem e o mal, me dando ao direito de pensar de forma dualista e simplista visando facilitar o raciocínio. Conhecemos pessoas que nos parecem santas na administração de seu cotidiano quando não há maiores sustos ou surpresas e que, ao mesmo tempo, são capazes de atrocidades veladas e camufladas.


Vou citar um exemplo. Conheço um homem capaz de se sensibilizar com qualquer mendigo de rua. Na chuva e no frio, então, não deixa de atirar-lhes um bom trocado como forma de tentar amenizar-lhes as dores. Tem por eles uma piedade sincera, demonstrando-a na forma como os aborda e na atenção que lhes dá. Não consegue rejeitar a compra de rifas de formandos ou de colaborar com campanhas beneficentes. O faz de bom grado e sorriso nos lábios como quem sabe que está ajudando outros a se sentirem melhor.


Mas ao mesmo tempo é capaz de espumar de raiva de pessoas que lhe tem amizade e estima simplesmente porque falaram mal de seu time do coração ou defendem ideias e ideais políticos contrários aos seus. Evita-os e, quando não é possível fugir de suas companhias, as enfrenta com educação sem perder a chance de cravar-lhes sutilmente o ferrão. Guarda a bondade num compartimento separado do da maldade e os abre e os fecha com maestria invejável.


Conhece esse cara? Tenho certeza que sim. Você, eu, cada um de nós. Somos seres humanos imperfeitos e errantes, em todos os seus sentidos. E é nessa justificativa que nos baseamos para nos mantermos cada vez mais desumanos. E como destino certo e fatal pouco nos preocupamos em mudar este conceito. Afinal pau que nasce torto morre torto.


Por outro lado, temos noção de que nem sempre as coisas são assim, pois das vezes em que desejamos modificar hábitos e comportamentos identificados como nocivos a nós mesmos, soubemos o que fazer com nossos sentimentos. Soubemos aceitar as divergências surgidas quando alguém especifico falou mal de nosso time do coração ou tentou sobrepor às nossas opiniões as suas sobre política, religião e princípios morais. Nessas horas aceitamos o fato de que divergências são uma parte da elaboração das verdades que juntos construímos.


Conhecemos as bases filosóficas daquilo que podemos e devemos fazer para não agirmos de forma tão contraditória e compartimentada. Precisamos atribuir ao comportamento dos outros e aos nossos sua real importância. Para isso falta-nos filosofar, aprender a pensar e a transformar ao menos parte de nossa história juntos.


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