Do tricô ao couro. Da lingerie ao smoking. Do esportivo ao brilho da festa. Em dois dias de desfiles do Minas Trend, deu para comprovar a diversidade da moda mineira, que ocupou a passarela para destacar os lançamentos do inverno 2019. Depois de ver as apostas dos criadores de roupas e acessórios, conclui-se que a próxima temporada de frio terá muitas cores e privilegiará técnicas artesanais. Nesta edição da semana de moda, o line-up se abriu para nomes além das fronteiras e o estado de Alagoas se juntou a marcas locais para apresentar um panorama nacional.
O desfile coletivo alagoano trouxe para Minas toda a força cultural do Nordeste. Duas modelos entraram na passarela com chapéus usados na festa folclórica Guerreiro, que têm formato de igreja e fitas coloridas. “Não estamos em desfile em Paris, então não podemos ter medo de ser regionais”, apontou o stylist Davi Leite.
No total, 12 marcas desenvolveram peças exclusivas para o desfile. Como a ideia era mostrar do amanhecer ao anoitecer em Alagoas, a cartela de cores começou com tons claros até chegar ao preto. O linho apareceu em looks de Manu Mortari e Maneka, que apresentou uma moda plus size bem elegante. Os biquínis da Aquas Beachwear ganharam novas texturas com os acessórios do Atelier Criar e Endy Mesquita, que vestem como roupa. Surpreendeu também o trabalho de tricô e crochê de Sandra Cavalcante. Destaque para o vestido longo com flores de linha e bordados em cristais.
O smoking masculino deu o tom do desfile de Victordzenk. O estilista abusou da alfaiataria, mas do seu jeito, é claro.
O couro de Patricia Motta chamou a atenção pelo novo tingimento. Inspirada na aurora boreal, fenômeno da natureza que colore o céu nos polos, a estilista desenvolveu peças com duas ou três cores em degradê. Fizeram parte da mistura tons de azul, verde e branco. Bordados com correntes e vidrilhos e detalhes em macramê de malha também se destacaram. Já os bordados de Denise Valadares entraram em clima western e mostraram arabescos e franjas característicos dos trajes dos caubóis.
Chris Gontijo avisou: o desfile seria um convite às brasileiras para levar o loungwear para as ruas. Na passarela, robes, slip dresses e conjuntos que nem pareciam ser roupas de dormir ou ficar em casa. A estilista utilizou chifon, malha de algodão, veludo e rendas nos acabamentos. A estampa botânica, os patches de mariposa, sapo e besouro e os bordados florais coloriam as peças em tons neutros. No lado oposto estavam as cores escolhidas pela Manzan, de Uberlândia, que reforçou a tendência dos fluorescentes com amarelo, laranja e verde. Vestidos, macacões, saias e blazers tinham paetês, plumas e franjas.
COLETIVO Pela terceira vez, o Sindijoias-MG reuniu marcas de acessórios em desfile coletivo. Seis designers criaram peças inspirados na mensagem de poema do francês Charles Baudelaire, que propõe uma viagem metafórica por um mundo melhor. A stylist Bianca Perdigão teve a ideia de abrir e fechar com looks cheios de penduricalhos. “Quisemos criar uma confusão, de não saber o que é brinco, pulseira ou colar, e também mostrar a força do coletivo”, explicou. Para facilitar a identificação, cada marca usou uma modelagem diferente de roupa preta, todas desenvolvidas pela Plural.
A maioria dos designers trabalhou com metais.