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Força criativa

Desfile de abertura coloca no centro das atenções turma de designers mineiros, a maioria jovens, que desenvolvem roupas, sapatos, bolsas e acessórios com identidade e sem amarras


postado em 04/11/2018 05:06

Cenário com containers coloridos criou am,biente mais acolhedor(foto: zé takahashi/divulgação)
Cenário com containers coloridos criou am,biente mais acolhedor (foto: zé takahashi/divulgação)


O recado está dado: nada pode ser mais representativo na moda do que o trabalho autoral. No desfile de abertura da 23ª edição do Minas Trend, entraram em cena 20 marcas que investem em assinatura e mostram em roupas e acessórios uma identidade que não está necessariamente ancorada em tendências. Com o tema “Agora e para sempre”, a semana de moda em Belo Horizonte aponta que o futuro da criação mineira – e brasileira – passa pelas mãos de designers que são donos da sua história.


Em qual lugar você quer estar? Ronaldo Fraga, novo diretor-criativo da semana de moda, lançou essa reflexão ao criar um cenário que representava uma cidade imaginária, com volumes, texturas e cores diferentes. No lugar de uma passarela demarcada por luzes brancas, os modelos circulavam entre containers coloridos de azul, vermelho, amarelo e verde. A ideia era levar o público a um ambiente acolhedor, acima de tudo, para provar que a moda está mais próxima do que se pode imaginar.


“Não queria um espaço que espantasse as pessoas, afinal, moda que distancia não existe mais. A minha cidade imaginária mistura tempos, mas principalmente olha para o presente e busca integração”, comentou o estilista, reforçando o conceito dessa edição de se aproximar de BH.


O desfile de abertura não seguiu um tema nem definiu uma cor única para todas as marcas. Em comum, apenas a beleza dos modelos, que surgiram na passarela com cabelos soltos e pele fresca (a diferença estava em detalhes como delineador branco, batom escuro e sombra azul). Além disso, cada estilista teve a chance de apresentar cinco looks, e não apenas um, como era padrão nas edições anteriores. Dessa vez, a proposta era contar um pouco mais da história dos participantes.
Depois de entender a identidade de cada marca, o stylist paulista Maurício Ianes definiu quais peças entrariam no desfile e como seriam combinadas. “Acho importante esse olhar de fora, porque os estilistas estão tão imersos no processo de produção que, muitas vezes, não veem o que consigo enxergar. Sempre procuro detalhes escondidos”, informou.


Foi ideia do stylist montar looks com sobreposição de estampas no desfile da Anne est Fole, cuja coleção tem como protagonista um patchwork de estampas, algo inédito para a marca. Renata Manso recebeu o incentivo de Graça Ottoni, com quem dividiu ateliê por um tempo. “Aproveitamos todo o nosso estoque de retalhos e conseguimos contar a história da marca em uma única peça”, apontou. Os colares também foram feitos com sobras de tecidos e objetos que a estilista colecionava.


À frente da Jardin, Bharbara Renault escolheu looks que traduzem a essência da marca, conhecida por características como minimalismo e formas inspiradas na arquitetura. Por isso, ela trabalhou com tafetá de viscose para criar peças estruturadas, apenas em off white e preto. Para contrapor, a fluidez e transparência de um tecido que parece tule. “Todo mundo está cansado de cópias e vai buscar algo verdadeiro, produzido artesanalmente. Então, o futuro é a moda autoral e o consumo consciente.”


Lucas Magalhães também se voltou para a essência da marca ao mostrar apenas roupas de tricô. Em destaque, a coleção resort, já apresentada em Paris, com fios extremamente leves e estampas de flores e listras. As modelos usavam maiôs e peças mais fluidas por cima, como quimono, caftans e vestidos longos. O estilista foi o único que mostrou o verão, porque agora alinhou o seu lançamento com as datas das feiras internacionais. Logo, as roupas vão demorar menos tempo para chegar às lojas no Brasil.


Uma pesquisa sobre soldados do Império Otomano levou Fabio Costa, estilista da NotEqual, a criar roupas que são como armaduras. Em um dos looks, feito com tramas de ráfia, o conceito fica bem evidente. Nos outros, golas altas e amarrações nos punhos e tornozelos “protegem” regiões vulneráveis do corpo. Já Virgilio Andrade trouxe a renda para uma roupa de festa que ganha ares esportivos com revestimento de silicone (para parecer plástico) e viés em amarelo neon.


Já que a ideia era privilegiar a moda autoral, o público não poderia deixar de ver o rosto dos estilistas e designers que criaram cada peça. Antes do encerramento, os criadores entraram na passarela abraçados com os modelos, em um clima descontraído, enquanto a plateia entoava, em coro, a canção Another Brick in the Wall, do Pink Floyd, escolhida a dedo por Ronaldo Fraga. “Não temos tamanho, mas muita presença e juntos chegamos lá”, disse Fabio Costa. As bandas mineiras The Pulso in Chamas, Poison Gas e Velotrol fizeram a trilha sonora do todo o desfile ao vivo.

CORES Além da cultura do feito a mão, que é notoriamente um dos pontos altos da moda em Minas, Ianes enxerga outra habilidade dos estilistas daqui: o uso das cores. Na opinião dele, os mineiros demonstram talento para desenvolver novos tingimentos e combinar diferentes tons em looks urbanos, o que faz aumentar o desafio. “Percebo que em Minas existe uma força criativa que vem desde os anos 1980, com o Grupo Mineiro de Moda. Isso ficou esquecido por um período, mas já está de volta.”


Segundo o stylist, já deu para identificar várias tendências de inverno. “Existe um certo desejo por cor, conforto e muita experimentação com silhuetas. São detalhes que acrescentam e inovam”, destacou. Em geral, as marcas trabalharam com modelagens amplas, que comportam corpos diferentes. A Miêtta, inclusive, levou uma modelo plus size para a passarela. O desfile também mostrou muita sobreposição, só que de uma forma despretensiosa, sem parecer uma montagem. Ianes gosta de utilizar esse recurso para misturar diferentes tecidos, texturas, estampas e caimentos.


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