
Diferentemente de 92, este ano não há previsão da assinatura de convenções sobre os temas da agenda ambiental, como as que foram firmadas há 20 anos sobre clima, biodiversidade e desertificação. O que se espera é que a Rio+20 produza uma agenda de ações para a implementação da economia verde, que seria a junção do desenvolvimento sustentável com as políticas de inclusão social, na linha do que vem defendendo o governo brasileiro.
A Rio+20 oficial ocorrerá em três momentos. O primeiro será entre os dias 13 e 16, quando os representantes dos governos se reunirão para fazer os acertos finais nos documentos que serão levados à discussão de cúpula, que reunirá chefes de Estado e de governo, entre os dias 20 e 22 de junho, encerrando o evento. Ambos serão no Riocentro. São organizados pela ONU e pelo governo brasileiro.
Entre os dias 16 e 19, a conferência oficial abre espaço para o evento Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável, uma promoção do governo brasileiro. Na pauta está a discussão de temas como o desenvolvimento sustentável para o combate à pobreza; o desenvolvimento sustentável com resposta para crises econômicas e financeiras; desemprego, trabalho digno e migrações; o desenvolvimento econômico sustentável, incluindo padrões de sustentabilidade para a produção e o consumo; florestas; produção de alimentos e segurança alimentar; energia sustentável para todos; cidades sustentáveis e oceanos.
Paralelamente à conferência oficial ocorrerá uma série de ações, das quais uma das mais importantes é a Cúpula dos Povos, evento da sociedade civil que ocorrerá no Parque do Flamengo. Considerada um contraponto à convenção dos chefes de Estado, ela tem três objetivos principais. O primeiro é o de “denunciar as causas estruturais das crises, as falsas soluções e as novas formas de reprodução do capital”; o segundo eixo visa buscar novas soluções para os problemas existentes; o terceiro é o de estimular ONGs e organizações sociais e buscar novos caminhos para a “luta anticapitalista pós-Rio+20”.
Além da Cúpula dos Povos, a agenda não oficial da Rio+20 tem vários outros eventos entre os dias 13 e 22. Entre eles estão o da Confederação Nacional da Indústria (CNI), no dia 14, e o do Centro Internacional de Direito Ambiental Comparado, do dia 15 ao dia 17.
Os sete temas críticos da Rio+20
Emprego
A recessão econômica afetou a quantidade e a qualidade dos empregos. Para os 190 milhões de desempregados e para mais de 500 milhões que estão à procura de emprego nos próximos 10 anos, os mercados de trabalho são vitais não só para a produção e geração de riqueza, mas também para a sua distribuição. Ação econômica e políticas sociais para criar trabalho remunerado são fundamentais para a coesão e estabilidade sociais. É também crucial que o trabalho seja orientado para as necessidades do ambiente natural. “Empregos verdes” são ocupações na agricultura, indústria, serviços e administração que contribuem para a preservação ou restauração da qualidade do meio ambiente.
Energia
Um ponto central para quase todos os grandes desafios e oportunidades que o mundo enfrenta hoje é a energia. Seja para trabalho, segurança, mudança climática, produção alimentar ou aumento da renda, o acesso à energia é essencial a todos. Energia sustentável é necessária para fortalecer economias, proteger ecossistemas e alcançar a equidade. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, está liderando o movimento Energia Sustentável para Todos para garantir o acesso universal a serviços energéticos modernos, melhorar a eficiência e aumentar o uso de fontes renováveis.
Cidades
Elas são centros para ideias, comércio, cultura, ciência, produtividade, desenvolvimento social e muito mais. Permitir que as pessoas avancem social e economicamente está entre as melhores coisas das cidades. No entanto, muitos desafios existem para mantê-las de forma que continuem a criar empregos e prosperidade, sem exaurir terras e recursos. Desafios comuns das cidades incluem congestionamentos; falta de recursos para fornecer serviços básicos; falta de moradia adequada; e infraestrutura em declínio. Os desafios enfrentados por elas podem ser superados de uma forma que lhes permitam continuar a prosperar e a crescer, melhorando a utilização dos recursos e reduzindo a poluição e a pobreza.
Alimentação
É hora de repensar a forma como cultivamos, compartilhamos e consumimos os nossos alimentos. Se feitos corretamente, a agricultura, a silvicultura e a pesca podem proporcionar alimentos nutritivos para todos e gerar rendas decentes, apoiando, ao mesmo tempo, o desenvolvimento rural
centrado nas pessoas e a proteção ao meio ambiente. Mas, agora, nossos solos, água doce, oceanos, florestas e biodiversidade estão sendo rapidamente degradados. A mudança climática está colocando ainda mais pressão sobre os recursos dos quais dependemos. Uma mudança profunda no sistema alimentar e na agricultura mundial é necessária, se quisermos alimentar os atuais 925 milhões de famintos e os 2 bilhões de pessoas esperados até 2050.
Oceanos
Sua temperatura, química, correntes e vida impulsionam sistemas globais que tornam a Terra habitável para a humanidade. Nossa água da chuva, água potável, tempo, clima, litorais, grande parte da nossa alimentação e até mesmo o oxigênio do ar que respiramos são, em última análise, todos fornecidos e regulados pelo mar. Ao longo da história, oceanos e mares têm sido canais vitais para o comércio e transporte. A gestão cuidadosa desse recurso
global essencial é uma característica-chave de um futuro sustentável.
Catástrofes naturais
Causadas por terremotos, inundações, secas, furacões, tsunamis e outros, as catástrofes podem ter impactos devastadores sobre as pessoas, ambientes e economias. Mas a resiliência – a capacidade de pessoas e lugares de resistir a esses impactos e se recuperar rapidamente – continua a ser possível. Escolhas inteligentes ajudam-nos a nos recuperarmos de desastres, enquanto más escolhas nos tornam mais vulneráveis. Elas estão relacionadas a como cultivamos a nossa comida, onde e como construímos nossas casas, como funciona o nosso sistema financeiro, o que ensinamos nas escolas e muito mais. Com um ritmo acelerado de desastres naturais, acarretando uma perda maior de vidas e propriedades, e um maior grau de concentração de assentamentos humanos, um futuro promissor significa planejar com boa antecedência e ficar alerta.
Água limpa e acessível
Parte essencial do mundo em que queremos viver, a água tem de limpa e acessível a todos. Há água doce suficiente no planeta para realizar esse sonho. Mas, devido à crise econômica ou infraestrutura deficiente, todos os anos, milhões de pessoas, a maioria delas crianças, morrem de doenças associadas à falta d’água, esgotamento sanitário e de higiene. Escassez e má qualidade da água e saneamento inadequado impactam negativamente a segurança alimentar, as escolhas de subsistência e as oportunidades educacionais para as famílias pobres em todo o planeta. A seca atinge alguns dos países mais pobres do mundo, agravando a fome e a desnutrição. Até 2050, pelo menos uma em cada quatro pessoas provavelmente viverá em um país afetado por escassez crônica ou recorrente de água potável.